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O que os cinco jogos sem vitórias dizem sobre o Corinthians em 2019

Chance de reabilitação do Corinthians será no próximo sábado, às 17h, na Arena, diante do Santos - Bruno Ulivieri/AGIF
Chance de reabilitação do Corinthians será no próximo sábado, às 17h, na Arena, diante do Santos Imagem: Bruno Ulivieri/AGIF
do UOL

Gabriel Carneiro e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo

22/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Time de Fábio Carille vive o maior jejum de vitórias da temporada: 3 empates e 2 derrotas
  • Nestes cinco jogos, Corinthians cedeu 14 chances claras de gol e criou apenas cinco
  • Defesa está fragilizada e o ataque não cresceu de rendimento com as mudanças
  • Além disso, o planejamento incorreto para 2019 ficou evidente durante a má fase
  • Próxima chance de reabilitação será no próximo sábado, contra o Santos

O Corinthians vive seu maior jejum de vitórias na temporada: são três empates (Grêmio, Athletico-PR e Goiás) e duas derrotas (São Paulo e Cruzeiro) em sequência, o que fez o time deixar o G-4 do Campeonato Brasileiro e mergulhar em crise, com ameaça até de interrupção do trabalho do técnico Fábio Carille. Em uma semana livre para treinamentos antes de enfrentar o Santos no próximo sábado, a missão é corrigir os problemas que se acumulam e crescem justamente nesta série ruim.

O ataque estagnou, a defesa perdeu força e os passes e finalizações errados aumentaram. Nas duas apresentações mais recentes, Carille tentou tornar o Corinthians mais ofensivo, mas a única resposta em campo foi a fragilização do setor defensivo: o time sofreu quatro gols e cedeu seis grandes chances para Goiás e Cruzeiro. No recorte dos cinco jogos em jejum são 14 chances claras de gol para os adversários contra apenas cinco criadas pelo Corinthians.

Internamente, a comissão técnica estuda o que fazer para tornar o time mais equilibrado nas próximas rodadas. Não caiu bem, por exemplo, uma mexida de Carille na derrota contra o Cruzeiro: aos 11 minutos do segundo tempo, o Corinthians empatava em 1 a 1 quando o treinador acionou Jadson na vaga de Sornoza. Basicamente, um meia pouco móvel e pouco disposto fisicamente na vaga de um segundo volante que ocupa melhor os espaços. A visão é de que a alteração sobrecarregou Ralf na marcação e comprometeu o time defensivamente. O gol da vitória dos visitantes na Arena saiu 14 minutos depois da alteração.

Uma possibilidade de deixar o time mais defensivo surge com o retorno do volante Júnior Urso. Recuperado de lesão muscular na coxa direita, o jogador voltou aos treinos ontem (21) e pode ser relacionado contra o Santos. Ele pode entrar na vaga de Sornoza para atuar como meia-direita no esquema tático 4-1-4-1 ou no lugar de Janderson, o que adiantaria Sornoza. Fato é que ele foi desfalque nos últimos cinco jogos - curiosamente, a sequência do Corinthians sem vitórias.

Defesa não pode ficar em segundo plano

Ralf - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Ralf ficou sobrecarregado com mudanças recentes que tentaram tornar o Corinthians mais ofensivo
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

As mudanças do Corinthians nos dois últimos jogos tornaram o time mais leve e ofensivo, com Ralf como sustentação de uma linha de quatro jogadores formada por Pedrinho, Sornoza, Mateus Vital e Janderson. Esse time empatou com o Goiás fora de casa e perdeu para o Cruzeiro na Arena. O time que havia sofrido só 16 gols em 25 jogos no Brasileirão tomou quatro em duas rodadas e não ostenta mais a marca de melhor defesa. Por isso é que ideias para fazer o time jogar mais fechado e com postura mais cautelosa ganharam volume internamente.

Ataque é mais que uma questão de peças

Gustavo foi escalado como centroavante nos dois últimos jogos. Ele fez um dos gols do empate contra o Goiás em cobrança de pênalti, mas mudou pouco o panorama que já vinha sendo apresentado, com Vagner Love ou Mauro Boselli: o time não conta com jogadores de chegada ao ataque para criar jogadas e fazer associações com o centroavante, que fica isolado e tem poucas chances de fazer a diferença. Janderson também marcou contra o Goiás, mas não fugiu do padrão de desempenho de Clayson, que ocupava a vaga anteriormente. O funcionamento do sistema de jogo é mais importante do que a simples troca de nomes no ataque.

É preciso planejar 2020 melhor que 2019

Boselli e Carille - Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
Boselli reclamou que o funcionamento do time faz com que ele tenha poucas chances de fazer gol
Imagem: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

A exposição de Carille de que não tem um jogador "qualificado que resolve" em outubro de 2019 escancarou um erro de planejamento do Corinthians, que contratou Boselli sem ter companheiros que combinassem com suas características. Além disso, o elenco dispõe de três centroavantes de alto nível (Boselli, Love e Gustavo) dentro de um elenco que, segundo Carille, não tem características para servi-los. O time não tem um atacante de velocidade pela direita - os pontas, Clayson, Everaldo e Janderson, são afeitos ao lado esquerdo do ataque. Lacunas do elenco observadas durante o ano não foram preenchidas, e precisa ser diferente para dar certo em 2020.

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