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Marcela Rafael enfrentou perrengue em vestiários e pensou em deixar esporte

Marcela Rafael, apresentadora da ESPN, em participação no Flow Sport Club - Reprodução
Marcela Rafael, apresentadora da ESPN, em participação no Flow Sport Club Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/11/2022 15h21

Atualmente apresentadora da "ESPN", Marcela Rafael já foi repórter. A vida na beirada dos gramados, no entanto, nem sempre foi fácil para as mulheres. Em participação no podcast "Flow Sport Club" nesta quinta-feira (10), a jornalista relatou o preconceito que sofreu no começo de sua jornada no esporte e a dificuldade que teve no início da carreira por não conseguir entrar nos vestiários após as partidas, já que havia jogadores pelados ou tomando banho.

"Tem aquilo de 'você é mulher', 'você entra nos vestiários dos jogadores?'. Quando eu comecei a estagiar na Band, a primeira pergunta era 'você sabe o que é impedimento?' e depois era essa [sobre vestiário]. Naquela época, a gente entrava nos vestiários, no campo e ia fazer matéria. Entrevistávamos 20 jogadores. Ir para vestiário era isso... O cinegrafista ia na frente, eu abaixava a cabeça, ele ia vendo se dava ou não para eu levantar a cabeça, aí eu levantava e entrevistava o jogador", disse e continuou:

"No dia seguinte, víamos um monte de repórteres com entrevistas que não tínhamos conseguido porque não tinha entrado no vestiário já que metade dos jogadores estavam tomando banho naquela hora".

A vontade de desistir se fez presente na carreira de Marcela Rafael em alguns momentos. Entretanto, o amor pela profissão foi fundamental para que ela não desistisse.

"Eu pensei em dizer tchau, adeus, não volto mais algumas vezes. Depois, as coisas foram facilitando e eu vi que eu gostava daquilo, de estar em um campo de futebol e contar histórias [...] Depois, as coisas mudaram, começamos com a zona mista e a entrevista coletiva. Isso foi ótimo para as mulheres, conseguimos estar mais integradas. Não precisamos mais entrar em vestiários. Temos menos contato com os jogadores, talvez menos pautas de oportunidade, mas, ao mesmo tempo, conseguimos organizar de uma maneira melhor e facilitar a vida das mulheres que estavam ali", afirmou a jornalista da ESPN.

O amor pelo esporte sempre esteve presente na vida de Marcela, mas ela própria nem sempre quis trabalhar com isso. O projeto inicial era ser médica, mas depois do segundo vestibular prestado para tentar uma vaga em uma faculdade pública, a ideia mudou. Acostumada a conversar sobre política com o pai, a apresentadora pensou em atuar como jornalista política, porém o esporte 'aconteceu'.

"Entrei no jornalismo achando que ia para política, mas as coisas aconteceram para mim no jornalismo esportivo. Logo quando eu entrei nessa área, eu me apaixonei por aquilo. Comecei na Band de Recife, fui para a Globo, na TV Asa Branca em Caruaru, e eu não conseguia ficar no jornalismo esporito, mas sempre que tinha alguma coisa eu queria voltar. Vim para São Paulo em 2009 e comecei no SBT, mas não com o jornalismo esportivo. Sempre tinha algo na área, eu fazia. Sempre fiquei entre apresentadora e repórter. Queria muito voltar para o jornalismo esportivo e aí entreguei um DVD para o José Trajano e ele olhou e falou 'vou acreditar nessa menina'. Desde então, tem 12 anos que estou na ESPN", contou.

Marcela Rafael hoje é âncora do "Sportscenter", um dos principais programas da grade da ESPN. Antes, comandou produções como "Bate-Bola" e "ESPN Agora" na emissora. Na próxima segunda-feira (14), a jornalista apresentará o prêmio "Bola de Prata" ao lado de Sérgio Loroza.

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