'Estive morto': ex-jogador de 26 anos narra paradas cardíacas em campo
O ex-zagueiro sérvio Dragisa Gudelj relatou o drama que passou ao sofrer duas paradas cardíacas em campo. Ele precisou se aposentar precocemente aos 26 anos.
O que aconteceu
Gudelj sofreu a primeira parada cardíaca em março do ano passado e ficou mais de três minutos sem pulso. O então jogador do Córdoba caiu no gramado ainda no começo do jogo contra o Racing de Ferrol, pela segunda divisão da Espanha, e gerou preocupação.
Ele "nasceu de novo" após a equipe médica usar o desfibrilador duas vezes em campo. Em entrevista ao AS, o sérvio contou que sentiu que estava "se perdendo", mas que teve a impressão de que tudo durou um segundo e levantou querendo voltar para a partida.
Fiquei por três minutos e meio em campo praticamente morto, sem pulso. Para mim, foi tudo como um segundo. Quando caí, levantei-me e pensei: 'O que aconteceu comigo? Acho que alguém me bateu'. Mais tarde, eles me disseram que eu estava cerca de sete minutos sem consciência e três minutos em parada cardiorrespiratória.
Quando me levantei, comecei a empurrar e dizer às pessoas que não havia nada de errado comigo. Foi um momento muito raro na minha vida. Senti que estava me perdendo e entrando em um túnel que ficava cada vez menor e mais escuro. Dragi Gudelj, ao Diário AS
Até o momento em que eu me levantei na ambulância e o médico disse: 'Dragi, você tem que se acalmar porque você teve uma parada cardíaca'. Naquele momento, meu mundo parou e todas as minhas dúvidas começaram. Não vou voltar a esquecer aquilo na minha vida.
O sérvio se recuperou, em menos de seis meses já estava de volta à ação e tudo parecia resolvido, até que teve o segundo episódio e precisou pendurar as chuteiras. Ele havia realizado uma cirurgia para implantar um CDI (cardioversor desfibrilador implantável) no coração — assim como o dinamarquês Christian Eriksen — e vinha jogando normalmente, mas voltou a ter uma parada cardíaca em campo em dezembro daquele ano.
Meu coração não poderia dar mais, essa é a realidade. Da primeira vez, não tive medo nenhum, eu queria ir para o campo, treinar, jogar. D depois da segunda vez eu tive medo até de levar uma vida normal. Tinha medo de morrer diariamente. A mudança foi tão grande.
Na segunda vez, durante aqueles dez segundos, eu senti: 'Estou morrendo, estou deixando este mundo'. Naquela época, eu não achava que o desfibrilador iria salvar minha vida e eu estava morrendo. Eu disse: 'É isso'. E em dez segundos toda a minha vida passou na minha frente. Dragi Gudelj, ao Diário AS
O que mais ele disse
Aposentadoria precoce: "Para um jogador de futebol, deixar o futebol é um golpe muito, muito, muito forte e dói muito. Ainda mais quando você está no meio da carreira e tudo está indo bem".
'Anjo' na arquibancada: "A chave foi velocidade e coordenação. O médico, a ambulância, o desfibrilador... Tudo aconteceu muito rapidamente. Além disso, tive a sorte de ter um anjo de Deus que me fez estar com seu filho nas arquibancadas naquele dia: Pepe Segura, o cardiologista do hospital de Córdoba e um dos melhores da Espanha, que é um grande torcedor. Ele é meu segundo pai e tenho um relacionamento muito especial com ele. Ele também estava presente quando decidi deixar o futebol, dois ou três dias depois que aconteceu comigo pela segunda vez."