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Brigas no entorno do Beira-Rio se repetem e reabrem debate sobre segurança

Beira-Rio recebeu muita gente durante a final da Copa do Brasil e houve confusão - RODRIGO ZIEBELL/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Beira-Rio recebeu muita gente durante a final da Copa do Brasil e houve confusão Imagem: RODRIGO ZIEBELL/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
do UOL

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

10/12/2019 12h00

Resumo da notícia

  • Após o último jogo do Brasileiro houve mais uma briga de torcidas organizadas no entorno do Beira-Rio.
  • A repetição do cenário reabre a discussão sobre o cercamento do estádio.
  • Consultado pela reportagem do UOL Esporte, o ex-diretor do Inter Luciano Elias explicou os benefícios do cercamento.
  • O clube debate a situação internamente, com Ministério Público e a Brio, empresa parceira na gestão do estádio.

O Internacional viu se repetir o cenário de brigas no entorno do Beira-Rio. No último domingo (8), após a partida contra o Atlético-MG, que encerrou o Brasileirão, membros de torcidas organizadas protagonizaram cenas lamentáveis no pátio da casa do Colorado. E o processo reabre a discussão sobre o cercamento do estádio.

O Inter mantém contato direto com o Ministério Público do Rio Grande do Sul, que sugere que o estádio seja cercado. A discussão tomou proporção maior depois da final da Copa do Brasil, quando havia muita gente no complexo Beira-Rio durante o jogo, deixando o espaço desguarnecido pela segurança.

Sem controle sobre o fluxo de torcedores na parte externa do estádio, o Inter viu crescer o vandalismo ao fim da decisão. Com a derrota para o Athletico Paranaense, o cenário foi de guerra.

Ex-diretor executivo de administração do Internacional e executivo sênior em gestão esportiva e de clubes de futebol, responsável pela reorganização do Inter após investigações do MP, com choque de gestão e boas práticas de compliance, Luciano Elias foi consultado pela reportagem do UOL Esporte e entende que a possibilidade de cercamento é uma alternativa positiva no momento.

"As grandes praças esportivas ao redor do mundo são cercadas, não estão à deriva. A principal razão é a segurança. Tanto patrimonial quanto das pessoas que se habilitam a ir a um jogo. O Inter tem uma situação rara, que é um quadro social que transcende a capacidade máxima do estádio. Minha opinião é que, seguindo a linha dos grandes centros, o cercamento é interessante. Daria um controle ainda maior ao complexo. Hoje são 270 câmeras de alta definição no Beira-Rio e arredores que ajudam nas detenções de quem comete delitos. O cercamento auxiliaria ainda mais para não deixar que eles saiam do estádio, além do controle na entrada de bebidas em garrafas, e outros fatores", disse.

Luciano Elias trabalhou como diretor do Internacional  - Pérsio Ciulla/Divulgação - Pérsio Ciulla/Divulgação
Imagem: Pérsio Ciulla/Divulgação

O processo, porém, não será imediato. Não bastaria simplesmente cercar o complexo, mas instalar processos de controle de entrada, tanto de torcedores quanto de pessoas que estão presentes nos jogos para trabalhar. A construção de bilheterias para o lado externo, um centro de credenciamento, um centro de integração de funcionários, a Central de Atendimento ao Sócio (CAS), tudo ao redor do estádio.

Além do controle de veículos. Os torcedores que irem ao Beira-Rio utilizando carro precisariam passar pelo controle antes de deixarem o estacionamento para verificar se todos possuem ingressos.

O custo não seria tão alto para os padrões do futebol. Entre estruturas, processos de TI, mudanças a serem estudadas, o valor aproximado ficaria em R$ 1,2 milhão. O próprio centro de eventos do Inter poderia ser utilizado como central de credenciamento de profissionais que trabalham nas partidas.

Ainda segundo Elias, a necessidade de duas "entradas", primeiro para acessar o entorno do estádio e depois para entrada nos portões, não atrasaria o ingresso de aficionados para as partidas.

"São momentos de abertura distintos. Poderia se abrir um pela manhã, outro algumas horas antes do jogo. São processos a serem estudados. Hoje, por exemplo, as pessoas já ficam próximas aos portões antes dos jogos. Não ficam espalhadas", explicou.

O Inter debate internamente tal situação. O presidente Marcelo Medeiros busca, junto a seus pares, o entendimento do que pode ser feito. E não bastará a análise do clube. A Brio, empresa parceira do Inter que gere bares e o edifício-garagem do estádio, também precisa participar da discussão.

"O Beira-Rio ficou bastante tempo sem o cercamento. E eu vejo isso como positivo. Foi um tempo em que o Inter e a Brio conseguiram entender e amadurecer a relação. Hoje talvez tenham uma boa capacidade de avaliar a situação", finalizou Elias.

Uma pessoa foi presa e cinco ficaram feridas na briga do último domingo.

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