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Pelé estrelou novela há 50 anos em que interagia com alienígenas

Pelé em cena ao lado de Regina Duarte e Rosamaria Murtinho - Reprodução
Pelé em cena ao lado de Regina Duarte e Rosamaria Murtinho Imagem: Reprodução
do UOL

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

28/03/2019 12h00

O ano de 1969 foi especial para Pelé. Não tanto pelas conquistas em campo, mas por uma experiência inusitada. Há exatos 50 anos, o Rei do Futebol estreou em uma novela. Ele foi um dos protagonistas de "Os Estranhos", que foi ao ar pela extinta TV Excelsior, no horário das 19h30. Ficou no ar por pouco mais de quatro meses.

Mesmo dividido entre as gravações da novela e o futebol, Pelé ajudou o Santos a ser tricampeão paulista - terminou o torneio como o artilheiro, com 26 gols marcados. Meses depois, o craque ainda defendeu a seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa de 1970 e marcou o milésimo gol da carreira.

Na história de Ivani Ribeiro, Pelé fazia o papel de um escritor policial chamado Plínio Pompeu. Na trama, o personagem do Rei encontra seres de um planeta chamado de Gama Y-12 e vira intermediário entre eles e os habitantes da Terra. Um dos companheiros de cena era Stênio Garcia - Fernanda Montenegro, Gianfrancesco Guarnieri, Rosamaria Murtinho, Regina Duarte e Ana Maria Neumann também estavam na novela.

Stênio Garcia, Regina Duarte e Pelé no set de "Os Estranhos" - Reprodução - Reprodução
Stênio Garcia, Regina Duarte e Pelé no set de "Os Estranhos"
Imagem: Reprodução

Em contato com a reportagem do UOL Esporte, Stênio relembrou a parceria com Pelé nas gravações. "Ele não era um mau ator. Tinha alguns defeitos de uma pessoa que está atuando pela primeira vez. Fiquei muito amigo dele na época. Eu era encarregado de ajudá-lo, instrui-lo como ator, de bater o texto com ele. Demos livros para ele ler. Ele tinha facilidade para decorar, ouvia todos os conselhos, foi muito profissional. No fim, ele foi bem. Ficou muito interessado naquilo", contou o ator.

Revista sobre televisão coloca Pelé na capa - Reprodução - Reprodução
Revista sobre televisão coloca Pelé na capa: "Proibido de amar", em alusão à trama com alienígenas e o personagem do Rei
Imagem: Reprodução

À época, depois das primeiras gravações, o próprio Pelé avaliou a atuação em cena em uma entrevista concedida à Folha de S. Paulo. "No primeiro ensaio, consegui me sair bem, segundo o diretor Gonzaga Blota e os companheiros de cena. Graças a Deus não houve repetição, filmei de primeira. Fiquei muito nervoso. Senti uma tremedeira que quase não consegui ficar em pé. Vou fazer força para tudo sair bem", frisou na ocasião.

Diante de um desafio tão grande, Pelé teve de arrumar tempo na sua rotina como jogador de futebol. Segundo Stênio, muitos encontros entre eles aconteceram em plena concentração do Santos. Boa parte das cenas foi gravada na cidade de Itapevi, na Grande São Paulo. Durante as finais do Paulista, Pelé até foi dispensado de um treino, realizado no dia 16 de junho de 1969, para se dedicar às filmagens da novela.

Naquele mesmo mês, o Rei descartou uma sugestão do diretor: a ideia era dar um descanso para a estrela do Santos e arrumar um sósia para as últimas gravações. Pelé deu um gás e conseguiu finalizar a participação nos últimos dias de junho.

A presença do craque, porém, não alavancou a audiência da novela. "Ela não emplacou, mas não foi por causa dele. A TV Excelsior estava no fim, não estava bem", explicou Stênio.

Anúncio da novela "Os Estranhos", da TV Excelsior - Reprodução - Reprodução
Anúncio da novela "Os Estranhos", da TV Excelsior
Imagem: Reprodução

A extinção da emissora ocorreu em setembro de 1970, um ano depois da novela, e frustrou os planos de Pelé, que havia assinado contrato de dois anos para ser ator da Excelsior. O salário era de 20 mil cruzeiros novos mensais.

"Quando deixar o futebol, pretendo continuar como ator de televisão, porque, além de ser uma profissão rendosa, o ambiente é muito bom. Nestes dois anos de compromisso com o Canal 9, vou aprender muita coisa", afirmou Pelé antes da novela estrear.

Nos anos seguintes, Pelé chegou a participar de filmes e programas de televisão. O mais famoso foi "Os Trapalhões e o Rei do Futebol", lançado em 1986, nove anos depois de o Rei se despedir dos gramados.

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