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Por que Top Gun: Maverick demorou 34 anos para chegar aos cinemas

Tom Cruise em cena de Top Gun - Divulgação
Tom Cruise em cena de Top Gun Imagem: Divulgação
do UOL

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

22/01/2020 04h00

Top Gun foi um sucesso instantâneo quando foi lançado, em 1986. O filme estrelado por Tom Cruise e dirigido por Tony Scott arrecadou mais de US$ 353 milhões nas bilheterias internacionais e se tornou o maior sucesso dos cinemas americanos naquele ano. Por isso, é de se estranhar que sua sequência, Top Gun: Maverick, só vá estrear agora, 34 anos depois. Mas há uma história por trás dessa demora toda —e ela está ligada a casos de assédio sexual dentro do exército norte-americano.

Antes de tudo, é necessário voltar aos bastidores do Top Gun original. A produção contou com uma consultoria do Departamento de Justiça ainda na fase de elaboração de roteiro, e o seu bom desempenho agradou ao órgão, que tentava reabilitar a imagem do exército norte-americano após uma leva de filmes críticos à Guerra do Vietnã, como Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, de 1979.

O Departamento de Defesa, inclusive, embarcou na ideia de prestar consultoria à sequência, de acordo com investigação do grupo Insurge Intelligence, publicada no Medium. A situação, no entanto, mudou de figura após um escândalo ocorrido no Simpósio Tailhook, em 1991.

Na ocasião, mais de cem aviadores da marinha assediaram e abusaram de 83 mulheres e sete homens. Eles formaram uma espécie de corredor no terceiro andar do hotel Hilton, em Las Vegas, forçando mulheres a passar por eles para chegarem a seus quartos. No caminho, elas eram agarradas e apalpadas pelos homens.

O escândalo resultou em uma investigação oficial, que levou cerca de 300 oficiais a sofrerem consequências —parte deles deixou a marinha. E, ainda, fez com que a instituição retirasse seu apoio à sequência de Top Gun, alegando que o comportamento visto em Tailhook teria sido incentivado por uma das cenas do filme original, em que Maverick (Cruise) segue Charlie (Kelly McGillis) até o banheiro, pouco após conhecê-la.

O projeto ficou dormente por alguns anos, até que, em 2010, Cruise, Tony Scott e o produtor Jerry Bruckheimer retomaram os planos. Estes, no entanto, foram interrompidos mais uma vez após a morte de Scott, que se suicidou em 2012. Só em 2017 o longa ganharia uma previsão de lançamento e um novo diretor —Joseph Kosinski, que já havia trabalhado com Cruise em Oblivion. A esta altura, vale notar, Bruckheimer já havia conquistado o apoio da Marinha para a sequência.

Top Gun: Maverick agora tem estreia confirmada para junho. O filme também contará com Jennifer Connelly, Val Kilmer e Jon Hamm no elenco. Kelly McGillis não retornará e, em entrevista, disse acreditar que não recebeu o convite por estar "feia e gorda".

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