Hoje volante, Joelinton admite: ‘Fazia coisas que centroavante não fazia’
Joelinton, do Newscatle, está em um grupo seleto de jogadores. Como o alemão Philipp Lahm, o austríaco David Alaba e o argentino Javier Mascherano, ele trocou de posição no meio da carreira, com sucesso. Ao contrário desses, porém, a sua transformação foi radical.
"Eu era número nove de origem. É engraçado, né? Acho que é a pergunta que eu mais respondo hoje em dia: como um nove vira meio-campista? Mas eu sempre gostei de estar envolvido no jogo, sempre gostei de ter a bola. Nunca fui um número nove de ficar lá na frente. Voltava para ajudar, fazia coisas que o centroavante não costuma fazer", conta o "Big Joe".
Com 1,86,m de altura e muita força, Joelinton chegou à Europa após ser revelado no Sport como um típico centroavante. Comprado pelo Hoffenheim, foi emprestado para o Rapid Wien, marcou 21 gols em duas temporadas, voltou à Alemanha, fez mais 11 gols e deu 7 assistências e chegou à Inglaterra.
No Newcastle, porém, nunca foi aprovado no ataque. Em 80 jogos nas duas primeiras temporadas, fez apenas 10 gols. Os dias pareciam contados quando o técnico Eddie Howe chegou, no fim de 2021. Vendo um jogador com boa técnica e entrega sem a bola, ele mudou o brasileiro de posição. A gratidão foi notada em entrevista ao Zona Mista do Hernan.
"É uma posição em que eu sempre gostei de jogar. Não como um volante, mas como um meia que flutuava, jogar com dois atacantes, estar envolvido no jogo. Eu acho que o que me ajudou bastante nessa mudança foi o treinador. Não só o Ed, que me mudou de posição, mas na Alemanha, quando eu trabalhei com o (atual técnico da seleção da Alemanha, Julian) Nagelsmann. Aprendi muito com ele taticamente, e eu acho que isso me ajudou a poder entender".
'Meu maior sonho sempre foi vestir a camisa do Brasil'
"Depois da Copa do Mundo do Catar, fiquei naquela expectativa. Eu vinha de uma boa temporada com o Newcastle. Nós, jogadores, temos essa expectativa, sabemos quando as coisas estão indo bem dentro de campo", conta Joelinton.
A primeira convocação para a seleção brasileira veio só em maio de 2023, quando a temporada já estava acabando. "Eu ainda tinha o sonho, mas sabe como é: não fui convocado na primeira chamada, então eu pensei: não vou criar expectativa para ficar mal de novo'. E aconteceu".
"Um sonho que todo jogador brasileiro tem é defender o seu país. Para mim, sempre foi o meu maior, poder vestir a camisa do Brasil, escutar o hino. Desde pequeno sempre sonhei em ser jogador por esse momento. Para mim e para minha família, foi uma realização incrível, um orgulho muito grande. Eu pensava muito no trote também antes, ter que subir ali e cantar, era o que me deixava mais nervoso. Acho que fui bem: cantei um pouco, os caras foram muito gente boa".
Os brasileiros amados
Se o Newcastle pode pensar em almejar sonhos maiores, isso passa por Joelinton e Bruno Guimarães - os dois pilares do meio campo. A parceria entre os brasileiros encanta os torcedores dos Magpies, que cantam nos jogos em homenagem à dupla, que se encaixou desde o primeiro jogo, em 2022.
"Incrível, acho que no primeiro dia ele já queria estar jogando. O treinador segurou um pouco até pôr ele para jogar. Mas, desde que ele entrou no time titular, nunca mais saiu. Não tem como: a qualidade que ele tem, a liderança, a energia que ele traz, a experiência... É algo incrível, parece que está no clube há 15 anos. A torcida ama o Bruno, ele ama a torcida".
Um jeito diferente de enxergar o futebol
"Eu já vivi a pior fase do Newcastle e não acredito que a cobrança seja igual ao Brasil. Gente em frente ao CT, protestando, é algo que aqui não tem. É um jeito diferente de enxergar o futebol. A cobrança aqui é dentro de campo. Passou das quatro linhas, tem que ter o respeito.
Funciona assim: se o time está em uma fase ruim, dá para ir jantar com a família depois do jogo tranquilo. Ninguém vai ficar falando, tentando bater em você no restaurante. Claro, você tem que respeitar. Se o time está mal, não vai para uma festa ou algo assim, mas tem de ter o respeito da parte do jogador também. Entender que se não está no melhor momento, não é a hora de sair.
Torcedor é quem lota o estádio, quem paga o ingresso caro. O jogador tem de entender o momento que o clube está. Não adianta jogar, perder e dizer: 'vou sair como se nada tivesse acontecido'".
Destinos 'definidos' em futura volta ao Brasil
Já são quase 10 anos longe dos gramados brasileiros, mas o meia tem um destino favorito caso retorne: sua velha casa, o Sport, em que deu seus primeiros passos como atleta profissional. Mas ele surpreende ao falar que gostaria de atuar por dois outros clubes, do estado de São Paulo.
"Se Deus quiser, um dia espero voltar e encerrar a carreira no Sport, o clube em que eu iniciei. Mas também tenho desejo de jogar para outros clubes no Brasil."
"O São Paulo foi um clube que eu acompanhei também, é um clube muito grande no nosso futebol. E gosto muito do Palmeiras também, tenho um amigo que é fã do Palmeiras e ele fala que eu vou jogar lá ainda. São dois clubes que eu tenho uma admiração muito grande. Quem sabe um dia poder jogar em um dos dois."
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