Brasileira revê 1ª algoz 5 anos após seguir no UFC pela filha recém-nascida

Na última vez que enfrentou sua adversária deste sábado (11), Mackezie Dern subiu ao octógono quatro meses depois de virar mãe e perdeu sua invencibilidade no MMA. Porém, americana-brasileira fez questão de não pausar a carreira para que a filha não viesse a pensar que poderia tê-la atrapalhado.
Passados cinco anos, Mackenzie revê a compatriota Amanda Ribas na luta principal do evento que inaugura a temporada de 2025 do UFC. Mais do que dar o troco, ela contou ao UOL que quer aproveitar a revanche para mostrar a todos que tomou a decisão certa.
O que está em jogo na revanche
Mackenzie deu à luz em junho de 2019 e enfrentou Amanda Ribas em outubro. A lutadora, na época com 26 anos e na organização há um, emendou o início da preparação logo depois do nascimento de Moa. Ainda amamentando, ela foi para o combate antes mesmo de a filha recém-nascida completar quatro meses de vida.
Ela vinha embalada por sete vitórias seguidas, sendo duas já no UFC, mas foi derrotada pela primeira vez no MMA. A adversária controlou a ação, evitou a luta de chão e aproveitou a vantagem na trocação para sair vitoriosa na decisão unânime dos juízes.
O exemplo que queria passar à filha deu forças para Mackenzie seguir com a carreira, conciliando o UFC com a maternidade. Ela refletiu sobre o dilema que as atletas enfrentam sobre ter filhos durante os anos de "auge" e enfatizou: não queria que Moa pudesse achar que fosse o motivo de a mãe parar. Na época, ainda estava vendo se realmente "gostava" do MMA ou se voltaria ao jiu-jítsu.
Cinco anos depois, a especialista em jiu-jítsu quer aproveitar a oportunidade para mandar um recado diante da velha conhecida. Após aquela luta, ela emendou quatro vitórias seguidas, mas vem oscilando nos últimos anos. Mackenzie destacou que vê este combate como uma "questão pessoal" e que pretende provar para si, para os fãs e para o universo da modalidade o quanto evoluiu ao longo desse período. "Estou louca para as pessoas verem isso", contou, frisando que já vê a disputa do cinturão no horizonte..
Sim [sinto que tenho algo a provar]. Eu acho que eu estou tão ansiosa pra essa luta justamente por causa disso. Nem tanto para recuperar essa derrota ou mostrar que eu sou melhor do que Amanda, é mais uma questão pessoal minha. É uma menina com quem eu já lutei e a gente vai poder ver quanto que eu evoluí nesses cinco anos. Estou louca para mostrar isso para os fãs e para mim.
Mackenzie Dern, ao UOL
Sonho de cinturão e filha lutadora
A revanche também pode representar um salto no top 10 do peso-palha (até 52 kg) do UFC. Mackenzie é a atual sexta colocada, e Amanda, a oitava. Elas protagonizarão a luta principal do UFC Vegas 101, em embate de cinco rounds que colocará à prova também a resistência das atletas.
Quando lutei com ela, eu tinha acabado de ter filha e, honestamente, não estava pensando em ser campeã do UFC. Eu não tinha nem imaginado. Ainda estava vendo se eu gostava mesmo de lutar MMA, ainda estava meio recente em tudo. Hoje em dia eu já me vejo chegando e ganhando o cinturão, já me vejo batendo de frente com todas as meninas tops.
Já passei por várias batalhas e, mesmo assim, ainda tem muita crítica. Então, estou louca para as pessoas verem. Acho que será uma grande diferença.
A filha já começa a seguir os passos de Mackenzie e estará torcendo na arquibancada do UFC Apex. A pequena Moa mostra desde cedo que leva jeito como lutadora e tem "sangue no olho", conforme conta, com brilhos nos olhos, a mãe coruja.
Moa leva [jeito para a luta], ela é sangue no olho. Quando ela vai com os amiguinhos, aí ela não quer finalizar. Eu falo 'Vai no braço' e ela responde: 'Não, é minha amiga'. Agora, quando ela treina comigo, ela quer arrancar a minha cabeça, ela quer bater, dar cotovelada, fazer tudo (risos).
O que mais Mackenzie disse
Legado passado para filha: "Sinto que eu estou seguindo os mesmos passos que aconteceu com meu pai, vendo ele lutar, vencer, perder, bater peso, todo o treinamento. Às vezes dá certo, às vezes dá errado, mas tem todos os valores, a disciplina. E eu acredito que estou fazendo isso com minha filha. Eu sempre pensei que o meu jeito de educar ia ser mais por ser exemplo do que ficar mandando, mandando, mandando. Então, eu fico muito feliz que a minha filha também está adorando. Mas é muito legal de ver esse legado."
O que espera: "Eu espero ver uma Mackenzie calma, vendo a trocação, misturando com as quedas, o jogo de chão, o ground and pound. Eu quero ganhar dela em todas as áreas, entendeu? Eu não estou nisso de: 'Quero finalizar, quero nocautear'... Eu não quero a luta ou o bônus da noite, eu quero mostrar quanto evoluí em todas as áreas, emocionalmente e fisicamente também."
Lutar 'em casa' em Las Vegas: "Estou me sentindo muito confortável. Vegas para mim, como é perto da Califórnia, está parecendo um treino, praticamente. Estou ficando cada vez mais calma, muitas pessoas vêm para torcer para mim aqui. Eu acho que só não chega no nível do Brasil, né? Lutar no Brasil é outra vibe. Essa vai ser a minha quarta luta principal, todas aqui. Eu estou com duas derrotas e uma vitória. Então, estou louca para ganhar mais uma e empatar."