'DDD 017': Novorizontino e Mirassol desafiam a lógica em busca da Série A
Novorizontino e Mirassol desafiam o baixo orçamento e as limitações de cidade e torcida pequenas em busca das sonhadas vagas na Série A do Campeonato Brasileiro.
As equipes do DDD 017 não conseguiram o acesso em 2023 por um ponto e estão de volta ao páreo nessa temporada. O Novorizontino é vice-líder, com 54 pontos, enquanto o Mirassol é o quarto, com 50. Os times vizinhos subiriam se o campeonato terminasse hoje e se enfrentam neste sábado, em duelo direto no Maião.
Contra a lógica
Novorizontino e Mirassol estão nos menores municípios entre os 40 clubes das duas primeiras divisões nacionais: são 38 mil moradores em Novo Horizonte, e 63 mil em Mirassol. As cidades são da região de São José do Rio Preto e separadas por 100 km de distância.
A média de presença nos estádios é de cerca de dois mil torcedores. Até julho, o Mirassol tinha 2700 associados, enquanto o Novorizontino somava 1500.
A dupla têm folhas salariais muito menores em relação a Santos, Sport, América-MG, Ceará, Coritiba, Avaí e Goiás. Do G-10, só Vila Nova e Operário têm patamar semelhante. O Peixe, por exemplo, tem um elenco de cerca de R$ 10 milhões mensais, um investimento que equivale a oito meses do Novorizontino.
A fórmula para bater de frente com orçamentos maiores é a organização. Os clubes apostam em gestão com gastos controlados, salário em dia, tecnologia e boa estrutura. A menor pressão da torcida facilita decisões impopulares no dia a dia, como a manutenção dos treinadores.
Eduardo Baptista está desde novembro de 2022 no Novorizontino, enquanto Mozart chegou em março de 2023 no Mirassol. A dupla só perde para Rafael Guanaes, comandante do Operário há dois anos.
A atuação no mercado da bola é semelhante. Ambos têm rostos conhecidos e compõem os elencos com a base e jogadores que se adequam ao estilo do treinador e conhecem a Série B. O processo de prospecção é rígido e visa diminuir ano após ano a chance de erro.
O Mirassol tem os goleiros Alex Muralha e Vanderlei, o lateral Zeca, o meia Gabriel e o atacante Léo Gamalho. O Novorizontino conta com o goleiro Jordi, o zagueiro César Martins e o atacante Lucca.
Alguns jovens despontam e estão na mira de clubes da Série A para 2025, como os zagueiros Luisão e Patrick Freitas, do Novorizontino, de 21 e 25 anos, respectivamente.
CTs de ponta
Novorizontino e Mirassol investiram recentemente em centros de treinamento e apostam na estrutura para convencer os atletas a aceitarem o projeto do clube.
O novo CT do Novorizontino foi parcialmente inaugurado nos últimos dias e já tem dois campos de medidas oficiais em uma área de 22 mil m². O investimento superou R$ 2 milhões. O projeto prevê outras duas fases de construção nos próximos anos.
Inaugurado em 2018, o CT do Mirassol custou R$ 15 milhões e tem equipamentos que custam até R$ 400 mil. A inspiração foi o CT do Palmeiras. A área tem 1,5 mil m² e conta com quatro campos.
Administrações diferentes, mas nem tanto
Novorizontino e Mirassol têm premissas semelhantes de gestão, mas os modelos são distintos.
O Novorizontino tem uma "SAF diferente". O clube virou empresa, mas não vendeu parte majoritária para alguma firma. O comando é da família Biasi, cujos donos são Jorge Ismael de Biasi Filho e Roberto de Biasi. O atual presidente é Genilson da Rocha Santos.
A família Biasi já dirigia o clube e decidiu adotar o modelo de SAF para obter benefícios trazidos pela nova legislação, como projetos de lei de incentivo e tributação única.
O Mirassol segue o modelo associativo. O presidente é Edson Antonio Ermenegildo, que também é prefeito reeleito da cidade.
SAF de um lado, presidente-prefeito do outro. Fato é que Novorizontino e Mirassol superam limitações financeiras e geográficas e mostram que a elite do futebol brasileiro parece questão de tempo.