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"Fez de sua morte um protesto", diz filho de Flávio Migliaccio

Jornalista Marcelo Migliaccio ao lado do pai, o ator Flávio Migliaccio - Reprodução/Facebook
Jornalista Marcelo Migliaccio ao lado do pai, o ator Flávio Migliaccio Imagem: Reprodução/Facebook
do UOL

Do UOL, em São Paulo

06/06/2020 09h40

Cerca de um mês após a morte do ator Flávio Migliaccio, seu filho Marcelo, 52, se pronunciou sobre perda do pai, expressando orgulho e admiração pela trajetória do artista e diz ter respeitado a decisão do pai.

Nos últimos tempos, Marcelo destacou em entrevista à "Veja Rio" que tentava motivar o pai, que estava descontente com a situação do mundo e chegou a buscar ajuda médica. O filho contou que levou o pai a psiquiatras e psicólogos, mas ele sempre se recusou a frequentar.

"Numa de nossas últimas conversas, eu tentava, mais uma vez em vão, motivar aquele homem cansado, desiludido com a avalanche fascista que toma conta do planeta. 'O mundo está um lixo', ele me disse", contou o filho.

"Dias depois, ou antes, não me lembro, ele me deu outra razão para justificar seu desejo de sair definitivamente de cena: 'Já não escuto direito, minha vista está falhando, a memória também. Daqui para frente só vai piorar. Já vivi demais. Oitenta e cinco anos. Chega'", complementou.

Marcelo relata ainda que, com a demora de Flávio, ficou preocupado. Saiu em sua procura e, posteriormente, descobrira que o ator tinha ido ao seu sítio. "Última página de um roteiro cujo final nem eu nem minha mãe, de 84 anos, pudemos modificar", afirmou à revista.

O filho do ator, que era ateu, assim como o pai, disse que respeita a decisão de seu pai. "A maioria das pessoas, como eu, respeitou a decisão dele. Houve até quem confessasse invejar sua coragem. Descendente de italianos e fã do cinema neorrealista, Flávio fez de sua morte um protesto, um ato político. Dramático, preferiu a corda no pescoço ao coquetel de pílulas."

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