Parceiro de Neymar no funk e 'melhor que Vini Jr': Madson relembra carreira
Madshow, o f... apelidos não faltam para Madson, ex-Santos. Conhecido pela sua irreverência dentro e fora de campo, o agora ex-jogador relembrou no 'Histórias da Bola' sua passagem pelo time que marcou época com golaços, dribles e dancinhas na era pré-TikTok, mas tirou o sossego de Dorival Júnior, hoje técnico da seleção brasileira.
Líder das dancinhas "pré-TikTok", parceiro de Neymar na balada e vizinho de Dorival
Madson fez parte do time do Santos que conquistou, em 2010, o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil, mas ficou marcado por ter encantado o país com dribles, gols e muitas dancinhas nas comemorações. Tudo isso seis anos antes do surgimento do aplicativo TikTok, que se popularizou no mundo todo, também pelas dancinhas e coreografias feitas pelos usuários do app.
Como seria a popularidade daquele Santos se o TikTok existisse em 2010? Ou se aquele time entrasse em campo hoje, na era do TikTok? Madson tenta responder: "A gente ia estar com no mínimo um milhão de visualizações, porque a gente chamava atenção, né? E não era uma coisa para zombar do adversário. Era uma comemoração que a gente já tinha internamente, de poder brincar. A gente gostava de dançar mesmo, ficava no vestiário dançando e tal. Se fosse hoje, rapaz, eu acho que a gente ia estar estourado, ia parar o Brasil todo. Se tivesse um TikTok 14 anos atrás, meu pai do céu! Era um milhão de visualizações e plaquinha do TikTok para nós (risos)".
Madson foi contratado pelo Santos em 2009, ano em que o atacante Neymar começou a jogar profissionalmente pelo clube. Os dois ficaram amigos dentro e fora de campo, e o meia-atacante carioca chegou até a apresentar o jovem craque santista a um dos principais bailes de funk do Rio de Janeiro, o Furacão 2000, em São João de Meriti (RJ).
"Quando o Neymar subiu, eu já tinha cinco anos de profissional, já tava voando. Então tive que ensinar os meninos, falar: 'ó, jogar futebol é assim e fazer festa é assim' (risos)... O Neymar era novo e tímido, né? Ele sempre nas entrevistas dele era mais tímido, mas depois que a câmera apagava, o menino se soltava. Foi legal pra caramba esse dia, cara, porque era um lugar que ele queria conhecer. Eu já tinha ido na Via Show umas 300 vezes. Então ele chegou lá, Furacão 2000 tocando, e na época o funk era totalmente diferente de hoje, né? E ele ficou amarradão, felizão".
No Santos, Madson foi treinado em 2010 por Dorival Júnior, hoje técnico da seleção brasileira. O meia-atacante ficou conhecido por organizar as festas do grupo em sua casa. Em uma delas, contou até com a ajuda da mãe para tentar convencer Dorival a colocá-lo como titular.
"Dorival era meu vizinho, cara. Quando ele chegou em Santos, morou no apartamento que era do Lúcio Flávio. Só que eu estava reformando a cobertura, e quando ele vem e eu entro de fato para a cobertura, o couro já estava comendo. Mal sabia ele que a gente já fazia a festa há muito tempo. Aí nós fomos campeões paulistas. Ficamos felizes pra caramba, de dois jeitos: com o título e com a vodka. Uma hora peguei o microfone e comecei a gritar: 'Dorivaaaaaal, me põe para jogar. Vem aqui em cima pra tomar um gelo'. Putz, foi uma bagunça generalizada, né? Mas ele levou na esportiva", lembrou Madson. "Até minha mãe pegou o microfone e gritou: 'põe meu filho pra jogar'. Pô, minha mãe é risada 24 horas".
Madson admite que já chegou algumas vezes atrasado ao treino do Santos, mas uma delas foi mais marcante, pois fez Dorival Júnior dizer ao grupo que queria dispensá-lo. "Fizemos uma rodinha para aquecer, aí eu chego e vou até o Dorival. Falo: 'pô, professor, desculpa e tal', mas ele já estava cansado de ouvir desculpas... No último exercício, caí de bunda no chão? e aí a batata assou nesse dia. Acabou o treino, e o Dorival reuniu o pessoal e falou assim: 'ó, a partir de hoje eu não me responsabilizo mais pelo Madson. Por mim, ele tá fora. Agora, se vocês quiserem que ele fique, vocês decidem, mas acabou para mim, morreu aqui, acabou'", disse o ex-jogador, que contou o segredo para ter convencido o grupo a mantê-lo no time.
"Aí eu falei: 'rapaziada, deixa eu falar uma parada para vocês: eu acho que preciso de um psicólogo!' Os malucos rolavam no chão de rir: 'não psicólogo, nada. Tu vai ficar, acabou, já vamos lá no professor e já vamos falar que você vai ficar. Se você não ficar, nós vamos perder o título, você é doido do mesmo jeito. Vamos arrumar psicólogo nada, você vai deixar o psicólogo doido, rapaz'".
Admiração por Ronaldo por golaço em 2009 e "cheque-churrasco" de Renato Gaúcho
Madson disse que Ronaldo Fenômeno foi o melhor jogador que já enfrentou em campo. E tem uma partida que o meia-atacante nunca esquece: a primeira final do Paulistão 2009 - vitória do Corinthians contra o Santos por 3 a 1, com dois gols de Ronaldo, um deles por cobertura.
"[No primeiro gol] Deus me livre, ele dá uma chapada de canhota aqui, ó (mostra). Eu nunca vi a bola zunindo na minha vida de futebol. Aí o Chicão dá aquele estourão, ele domina e chapa no chão aqui. 1 a 0 Corinthians. Daqui a pouco ele faz aquela pintura, né, com o Triguinho. Pô, o homem driblou, passou como quis. Acho que o Triguinho queria ver o gol também e já sabia que ele ia fazer aquilo, e aí ele dá aquela cavada. Em campo, mesmo, o Ronaldo foi um dos caras mais tops que eu já vi jogar".
Outro personagem da bola que conta com a admiração de Madson é o técnico Renato Gaúcho, que o treinou no Vasco. "E eu lembro que ele falava assim para mim: 'ó, se fizer gol e a gente ganhar o jogo, tem um checão do Porcão [famosa churrascaria do Rio de Janeiro] lá para vocês, tá? Só vai pagar bebida'. Eu acho que ganhei uns dez. Ele dava um checão, e a gente comia pra caramba na segunda, que era o dia de folga", relembrou o agora ex-jogador.
"Um dia ele me disse: 'é, tô sabendo que você foi lá e tomou um negocinho'. Eu falei: 'ah, professor, não teve jeito, né? A carne tava pedindo para tomar um gelo, não tinha jeito' (risos). Mas era um cara que gostava da resenha".
Foi melhor que Vini Jr e "moralzinha" para Rodrygo
Madson considera que jogou no mesmo nível que dois dos atacantes titulares da seleção brasileira e do Real Madrid: Vini Jr e Rodrygo. Questionado sobre o assunto, "Madshow" foi além: disse que foi melhor que Vini Jr e "deu moralzinha" para Rodrygo.
"Porque se eu estivesse jogando com a idade que ele [Vini Jr] joga hoje, eu estaria três vezes mais à frente dele. Quando ele começou, eu já era realidade no Vascão, no Santos, Madshow. Então eu joguei mais. Atualmente, falando, ele tá jogando mais, mas eu quero que ele seja o melhor do mundo, né? Mas eu boto Madson aí, joguei mais. Na idade dele? Eu joguei mais".
Madson rasgou elogios a Rodrygo: "Eu acho o Rodrygo um fenômeno, cara, um jogador muito bom, muito craque. Então vou dar essa moralzinha para ele: Rodrygo [foi melhor]".
Sofreu golpe do day trade: "teve gente que se matou"
Madson admite que sofreu um golpe de day trade (negócio diário, em tradução livre), que, na prática, se trata de uma atividade de comprar e vender ativos financeiros.
"Foi uma corretora falsa que oferecia investimentos, tipo na bolsa dos Estados Unidos. Então eu tinha ficticiamente ações da Apple, da Netflix.