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Mecânico de Senna relembra piloto: 'Sempre queria mais velocidade do carro'

 Lewis Hamilton exibe a bandeira do Brasil pilotando o carro da McLaren de Ayrton Senna no GP de SP - NELSON ALMEIDA / AFP
Lewis Hamilton exibe a bandeira do Brasil pilotando o carro da McLaren de Ayrton Senna no GP de SP Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/11/2024 05h30

Não foi apenas o povo brasileiro que se emocionou com a volta de Lewis Hamilton na McLaren histórica de Ayrton Senna durante o fim de semana do GP de Interlagos deste ano. Gary Wheeler, mecânico que trabalhou com Senna e até hoje cuida do icônico carro do lendário piloto, falou ao UOL sobre a experiência de ver o carro de novo andando no Brasil.

Experiência incrível. "Estar de volta ao Brasil este ano com o carro dele, vendo como o povo brasileiro ainda o reverencia e sente sua falta, foi uma experiência incrível. Do início ao fim, todo o meu tempo com Ayrton foi uma memória feliz. Eu não podia acreditar na minha sorte de poder trabalhar com ele. Cada vitória dele era uma memória especial, pois era o que ele vivia para alcançar."

Vencer no Brasil era diferente. "Pessoalmente, as vitórias que mais marcaram foram as no seu GP de casa, no Brasil, porque dava para ver o quanto significava para ele e para todos os seus fãs. O som da torcida quase abafava o barulho do motor. Era algo incomparável. Suas vitórias em Mônaco também foram extremamente especiais, assim como a vitória em Donington Park, em 1993. Todas foram icônicas."

Wheeler conheceu Ayrton quando ainda trabalhava na equipe de Emerson Fittipaldi, mas os dois não chegaram a trabalhar juntos antes da McLaren. Um certo dia, em uma conversa quando o mecânico já estava na futura equipe de Ayrton, ele brincou com o brasileiro: "Se um dia você for para a McLaren, certifique-se de que eu esteja no seu carro".

Anos depois, quando a McLaren de fato procurou Ayrton, o piloto brasileiro estava com a caneta na mão para assinar o contrato, quando de repente parou a mão no ar e fez um último pedido: "Gary Wheeler pode trabalhar no meu carro?". No dia seguinte, o mecânico foi chamado pela chefia da equipe, que questionaram o que ele tinha de tão especial e, ao ver sua cara de quem não estava entendendo a conversa, contaram o pedido de Ayrton Senna.

Ele era fantástico de se trabalhar. Ayrton era extremamente focado. Se algo não estivesse exatamente certo ou se ele achasse que poderíamos extrair mais velocidade do carro, ele fazia questão de interagir e conversar com toda a equipe, engenheiros e mecânicos, discutindo ideias e explicando o que queria para que pudéssemos deixá-lo mais rápido. Ele analisava todos os dados com os engenheiros e adotava uma abordagem muito detalhada e focada, sem deixar nada de lado. Ele frequentemente era o último a sair à noite, fazendo o que fosse necessário para vencer.

O episódio aconteceu em 1988 e Wheeler se tornou o mecânico número 2 do carro de Ayrton. Desde então, ele nunca deixou de cuidar da histórica McLaren. Hoje, Wheeler faz parte do 'Heritage Team', uma equipe de 12 membros que cuida de todos os carros históricos do time inglês.

Existem muitas diferenças entre cuidar de um carro de Senna e um carro moderno de Fórmula 1. A principal está na tecnologia envolvida. O carro de Senna era muito sofisticado e avançado para a época, mas hoje é uma diferença gigantesca comparado aos carros atuais. Hoje em dia, são necessárias muito mais pessoas e computadores para dar partida em um carro de F1 devido à sofisticação da tecnologia. Na época de Senna, era possível dar partida no carro com apenas duas pessoas, o que demonstra o quanto o esporte evoluiu em termos de inovação e desenvolvimento.

Icônico carro esteve na Faria Lima

Antes de ser guiado por Lewis Hamilton no circuito de Interlagos, o carro recebeu o calor dos brasileiros no meio da avenida Faria Lima, uma das mais movimentadas de São Paulo. Ele esteve em evento da OKX, empresa da área de criptomoedas que patrocina a equipe, em exposição para fotos ao lado da McLaren verde e amarela utilizada no GP de Monaco neste ano em homenagem aos 30 anos da morte de Ayrton.

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