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Relembre a 1ª passagem de Cuca pelo São Paulo em 10 episódios

Por Rubens Chiri / saopaulofc.net
Imagem: Por Rubens Chiri / saopaulofc.net

15/02/2019 09h31

Cuca está de volta ao São Paulo após 15 anos. A primeira passagem do técnico pelo clube durou de janeiro a setembro de 2004 e não teve títulos, mas foi muito intensa e é avaliada até hoje como positiva. Relembre como foi em dez episódios.

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Era uma aposta

Hoje, Cuca chega com o status de medalhão para substituir o novato André Jardine. Em 2004, a aposta era ele. O técnico tornou-se uma jovem sensação após fazer o Goiás saltar da zona da degola para o nono lugar do Brasileirão em 2003, mas ainda não tinha experiência em clubes grandes.

Três jogadores do Goiás chegaram ao time tricolor junto com Cuca: Fabão, Grafite e Danilo, todos multi-campeões no São Paulo. É por isso que se fala que Cuca foi importante na montagem do elenco que seria campeão da América e do mundo em 2005.

Cuca x Fossati

Cuca perdeu a cabeça com Jorge Fossati durante o jogo contra a LDU, no Morumbi, pela fase de grupos da Libertadores. Ele acertou uma bolada no rosto do uruguaio, que dirigia a equipe equatoriana naquela ocasião.

"Era um lateral para nós e o jogador deles ficou com a bola embaixo do braço do meu lado. Eu tirei a bola do jogador e, quando fui dar para o nosso bater, acabou o primeiro tempo. Ele veio do meu lado falando não sei o quê, eu bati com a bola no rosto dele e mereci ser expulso", explicou Cuca, na coletiva pós-jogo.

A bronca de Cuca com Fossati não começou naquele dia. No Equador, o São Paulo perdeu por 3 a 0 para a LDU e o treinador ficou com a impressão de que o uruguaio o provocava ao comemorar os gols.

Simbiose com a torcida

Por ordem de Cuca, os jogadores do São Paulo não desceram para o vestiário no intervalo da partida contra o Rosario Central (ARG), pelas oitavas de final da Libertadores. O time, que perdeu na Argentina por 1 a 0 e tomou um gol logo no começo do jogo no Morumbi, conseguiu o empate no último lance do primeiro tempo e empolgou a torcida. O técnico quis manter o estádio fervendo.

Detalhe: o autor do gol de empate foi Grafite, que saiu do banco ainda no primeiro tempo para virar herói do jogo. Na etapa final, ele anotou mais um e garantiu a decisão por pênaltis que classificou o time tricolor.

Conselho de amigo

O São Paulo ainda perdia a partida contra o Rosario Central por 1 a 0 quando o goleiro Gaona defendeu uma cobrança de pênalti de Luis Fabiano. Antes da decisão por pênaltis, Cuca se aproximou do camisa 9 e lhe aconselhou a bater no mesmo canto direito.

Quando as cobranças começaram, o técnico percebeu que Gaona havia adotado a estratégia de só pular para a direita. Ele não teve como alertar o Fabuloso, que cobrou no mesmo lugar e... fez o gol! Para alívio de Cuca, o São Paulo se classificou.

Entrevero com Ceni

Cerca de um mês antes de pegar dois pênaltis e decidir a classificação contra o Rosario Central, Rogério Ceni tornou-se desafeto de Cuca. Tudo começou em um rachão disputado no Morumbi, em que o goleiro se desentendeu com o preparador físico Omar Feitosa.

"Ele (Rogério Ceni) teve uma discussão com meu preparador físico (Omar Feitosa) e eu peguei as dores do meu preparador sem saber o teor, e o teor era que ele estava totalmente errado, o meu preparador", disse Cuca, ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2013.

O técnico costuma dizer que aprendeu com aquele episódio. Em 2017, no Palmeiras, o mesmo Omar Feitosa se desentendeu com Felipe Melo durante um rachão e Cuca orientou a diretoria a multar os dois. Ele admite que errou ao escolher um lado na briga do Morumbi. No mesmo ano, Ceni e Cuca voltaram a trocar farpas quando o então palmeirense sugeriu que o ex-goleiro, à época treinador do Tricolor, havia espionado um de seus treinos.

Maldita fome de bola

O São Paulo empatava por 1 a 1 com o Once Caldas, em Manizales, e estava prestes a disputar nos pênaltis uma vaga na decisão da Libertadores. O time estava encaixado e Cuca já estava elaborando a lista de batedores, mas Gustavo Nery dizia insistentemente que estava cansado e precisava sair. O técnico não queria mudar naquele momento, mas acabou cedendo e colocando o atacante Vélber.

Nery e Fábio Santos estavam fechando os espaços pelo lado esquerdo da defesa são-paulina, e Cuca conta que Vélber entrou com a mesma atribuição: "ajude a marcar e guarde posição, não precisa se arriscar no ataque".

Eis que, no último lance do jogo, Vélber avança para cobrar um arremesso lateral e acaba devolvendo a bola para o Once Caldas. No contra-ataque, Agudello ficou no mano a mano com Fábio Santos e fez o gol que eliminou o Tricolor. Repreendido por Cuca no vestiário, Vélber justificou a desobediência tática dizendo que entrou com "fome de bola".

Gol que dói até hoje

Além de ter saído no último lance, com uma falha boba de marcação, o segundo gol do Once Caldas foi marcado por um atleta que seria pego em exame antidoping dias depois. Cuca lembra disso toda vez que é questionado sobre aquela Libertadores.

Ele ficou muito frustrado com a perda da vaga na decisão. O São Paulo havia se planejado para jogar contra o Boca Juniors em La Bombonera na semana seguinte. A ideia era ir direto da Colômbia para Belém do Pará, onde haveria um jogo contra o Paysandu no fim de semana, e depois já voar para Buenos Aires. Não deu...

Voo de volta

Juvenal Juvêncio, vice de futebol do São Paulo em 2004, chamou Cuca para uma conversa no voo de volta ao Brasil após a eliminação na Libertadores. Queria que o treinador avisasse a Gustavo Nery que, depois de pedir para sair em um momento tão delicado, não seria mais utilizado no clube. A situação foi embaraçosa, o técnico tentou sair pela tangente, mas aquela foi mesmo a última partida do jogador no Tricolor.

Fim da linha

Cuca encerrou sua passagem pelo São Paulo após uma derrota por 3 a 2 para o Coritiba, no Morumbi, pelo Brasileirão. O clube havia enfrentado protestos da torcida após a eliminação na Libertadores, vendera Luis Fabiano ao Porto (POR) e não conseguia reagir no Brasileirão. O técnico entregou o cargo, a diretoria aceitou e foi atrás de Leão para o lugar dele.

Na partida contra o Coritiba, Rogério Ceni desperdiçou uma cobrança de pênalti pela primeira vez na carreira. O goleiro Fernando defendeu a batida do Mito. Anos depois, Fernando passaria a ser chamado também pelo sobrenome e se tornaria Fernando Prass, campeão brasileiro com Cuca em 2016 no Palmeiras.

Sempre quis voltar 

Cuca manteve contato com Juvenal Juvêncio e com diversos funcionários do São Paulo após deixar o clube. Alguns deles estão lá até hoje. Quem falou com o técnico depois da confirmação do retorno atesta o que foi dito por Raí e Leco na coletiva desta quinta-feira: ele está muito motivado, louco para começar a trabalhar. Ao longo dos anos de afastamento, Cuca comentou diversas vezes em papos informais que um dia retornaria ao Morumbi.

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