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No corpo a corpo, poeta da periferia supera autores consagrados na Bienal

Sérgio Vaz foi o autor mais vendido da Editora Global na Bienal - Divulgação
Sérgio Vaz foi o autor mais vendido da Editora Global na Bienal Imagem: Divulgação
do UOL

De Splash, em São Paulo

11/07/2022 04h00

Fundador da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) e com mais de 30 anos no mundo da literatura, Sérgio Vaz, também conhecido como o poeta da periferia, conseguiu superar autores consagrados como Darcy Ribeiro, Cecília Meireles, Ruth Rocha, Gilberto Freyre e João Guimarães Rosa na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que encerrou ontem sua 26ª edição.

Seus livros "Flores de Alvenaria", "Literatura, Pão e Poesia" e "Colecionador de Pedras" ficaram no topo da lista dos mais vendidos do Grupo Editorial Global, que viu esses números virarem graças ao corpo a corpo do autor com os frequentadores da Bienal.

No início do evento, que durou nove dias, os livros mais vendidos da Global eram "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro, e "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre. No entanto, Sérgio Vaz fez quatro mesas de autógrafo no estande ao longo do evento, além de ter palestrado no sábado, o que impulsionou as vendas de seus títulos.

"Acho importante estar no meio desses grandes autores e ser um cara da periferia que também arranha a literatura. Com vendas, com muito trabalho. Minha meta é tentar colocar meu polegar na história da literatura também. Fico muito feliz e acho que é justo", disse o poeta em entrevista a Splash.

Segundo Sergio Vaz, foi emocionante e essencial encontrar os estudantes que ele faz trabalho nas escolas públicas em um ambiente tão grandioso como uma Bienal do Livro. "É diferente a forma que eles me viram aqui, do que como eles me veem lá. Talvez eles deram mais importância de me ver aqui do que propriamente eu ter ido lá. Me viram como escritor, como alguém a ser admirado, seguido."

Apesar dos dois anos de pandemia, tempo que o público perdeu uma edição da Bienal (a de 2020) e ficou mais distante do contato físico com os autores, o poeta de 58 anos nascido em Minas Gerais, mas criado em Taboão da Serra (SP) acredita que houve um aumento de interesse pela literatura.

"O público, por estar em casa nesses dois anos, se apegou mais à literatura. Acredito que depois da pandemia nunca foi e será tão importante a literatura. Para a gente poder entender o que aconteceu, as mudanças. Sinto que o público está mais a fim de ler", confessa.

Prova disso é que a Bienal do Livro foi obrigada a encerrar a venda de ingressos na sexta-feira, três dias antes do encerramento da feira. Quem não tinha comprado ingresso ainda foi pego de surpresa, já que tradicionalmente as bilheterias ficam abertas até o último dia. A medida foi tomada devido a lotação da feira, que cresceu bastante em relação à última edição, de 2018.

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Público faz fila por autógrafos de Sérgio Vaz na Bienal do Livro de São Paulo
Imagem: Divulgação

"As pessoas estão com medo de isso aqui virar um clube de tiro. Antes que vire clube de tiro, tem que ter contato com a literatura. O Brasil é um país que gosta de ler, só que não sabe que gosta de ler. A função do poder público, da Bienal, é lembrar essas pessoas que elas gostam de ler", teoriza Sérgio Vaz, que celebra a retomada do evento.

"Foi muito importante ter esse contato. A internet é um pouco fria. E como eu trabalho com a juventude nas escolas públicas com sarau, foi bonito a troca de afeto. Não só a troca de palavras. É uma coisa que o escritor depende muito."

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