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China dribla veto dos EUA e vira potência em IA usando chip norte-americano

do UOL

Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt

25/01/2025 05h30

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Meta de volta às origens; TikTok, o inimigo nº1; Zuckerberg e a briga contra o sono; O drible da China na IA)

Os Estados Unidos impuseram um pesado embargo econômico nos últimos dois anos para impedir a China de comprar os chips mais potentes para a indústria militar e a inteligência artificial. Seria um banho de água fria para os planos do país asiático de ser líder global até 2030.

Os desenvolvedores chineses, porém, têm adotado uma forma criativa para driblar as barreiras norte-americanas. Entre os jeitinhos adotados estão o contrabando de semicondutores e o uso otimizado de chips piores que podem ser importados.

A estratégia tem dado certo, tanto é que surgiram modelos de IA que já batem de frente com símbolos norte-americanos, como os desenvolvidos pela OpenAI.

Os EUA perceberam que, para desenvolver certas tecnologias ultracapazes, é necessário ter insumos básicos. E, na maior parte das vezes, as empresas que fornecem esses insumos são norte-americanas
Helton Simões Gomes

Antes da pandemia de Covid-19, a Casa Branca já proibia empresas norte-americanas de tecnologia de fornecer chips ultrapotentes para companhias ou pessoas chinesas. Mas isso acontecia de forma pontual. A partir de 2022, o Departamento de Estado barrou toda e qualquer exportação dos chips mais poderosos para o rival ecônomico.

O alvo é o chip H100, fabricado pela Nvidia, considerado um dos mais potentes no treinamento de IA.

Para ter ideia de como são requisitados, Elon Musk criou o supercomputador Colossus para o xAI usando 100 mil chips H100. Mark Zuckerberg comprou 350 mil para a Meta.

A China até tentou conseguir alguns exemplares. Mas não pelos canais oficiais.

Surgiu um contrabando desses chips para a China. Antes se fazia contrabando de coisas da China para os EUA. Agora, os chineses estão indo para os EUA e comprando esses chips como se fossem residentes e levando na mala
Diogo Cortiz

Outra manobra adotada é um drible coordenado com empresas norte-americanas. Na impossibilidade de importar o H100, os chineses conseguiram que a Nvidia criasse um uma versão do semicondutor feita para o país. É a V100, que é não tão potente, mas permite treinar IAs.

Isso mostra que essa escassez de chips está levando os chineses a encontrar soluções mais otimizadas e mais eficientes dentro do processo de treinar inteligência artificial
Diogo Cortiz

Tem dado resultado. A startup DeepSeek chamou a atenção por ter desenvolvido um modelo de linguagem de código aberto capaz de rivalizar até mesmo com o GPT-4, cérebro por trás do ChatGPT.

A empresa conseguiu isso em apenas dois meses e a um custo de R$ 5 milhões. Em comparação, o Google gastou R$ 190 milhões para desenvolver o Gemini.

No médio e longo prazo, as sanções impostas pelos EUA podem surtir um efeito inverso. Em vez de minar a estratégia da China, podem acabar incentivando a indústria local e fazer com que o país crie soluções mais potentes que as encontradas em solo norte-americano.

Quem são os 'guerreiros da liberdade' de Trump que decidirão a vida da Meta?

As mudanças anunciadas recentemente por Mark Zuckerberg não vão apenas mudar o feed no Instagram e Facebook. Buscam também amaciar conservadores críticos à Meta, que ocuparão altos cargos da nova administração pública federal dos Estados Unidos.

Há dois nomes no primeiro escalão do governo Donald Trump, empossado nesta segunda (20), que terão papel decisivo na vida da Meta. O novo presidente chama os dois de "guerreiros da liberdade de expressão".

Zuckerberg sacrifica paz de usuário em briga que vê até sono como rival

Posts e vídeos sobre política deixam as pessoas irritadas com a mesma intensidade em que geram curtidas, comentários e compartilhamentos. Zuckerberg sabe disso. Por isso, o CEO da Meta vai inundar Facebook, Instagram e Threads com conteúdos assim.

Em anúncio feito recentemente no Instagram, o magnata da tecnologia disse que esse é um movimento para retornar às origens da rede social.

Para além de agradar progressistas ou conservadores, o executivo quer mesmo é ganhar uma batalha que vê até o sono dos usuários como rival. É a briga pelo engajamento.

Como visão anti-Meta sobre rede social fez TikTok virar inimigo nº1 dos EUA

O TikTok chegou a ficar fora do ar nos Estados Unidos por algumas horas no último domingo (19). Voltou ao ar após o presidente Donald Trump prometer adiar a proibição do aplicativo no país, promessa que ele cumpriu assim que assumiu a Casa Branca.

A novela sobre o incômodo dos EUA com o TikTok, porém, está longe de acabar. O banimento foi suspenso por 75 dias, caso a rede social não seja vendida para uma empresa norte-americana. É isso que prevê a lei elaborada pelo Congresso, assinada pelo presidente Joe Biden e avalizada pela Suprema Corte dos EUA.

Mas como um aplicativo famoso pelas dancinhas irritou todas as estruturas de poder do país mais poderoso do mundo?

Essa é uma plataforma que ganhou peso na vida não só dos norte-americanos, mas de todo mundo, por inovações que ela trouxe e que estavam passando ao largo de outras redes sociais mais tradicionais como Instagram, Facebook e Twitter
Helton Simões Gomes

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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