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Americanos trocam TikTok por outro app chinês: 'Nosso governo é racista'

Americanos fizeram posts se considerando "refugiados" no aplicativo Xiaohongshu, chamado de Rednote - Anna KURTH / AFP
Americanos fizeram posts se considerando 'refugiados' no aplicativo Xiaohongshu, chamado de Rednote Imagem: Anna KURTH / AFP
do UOL

Do UOL*, em São Paulo

17/01/2025 05h30

Temendo uma possível proibição do TikTok nos Estados Unidos, americanos recorreram ao aplicativo chinês Xiaohongshu, também chamado de "RedNote", como um substituto. Na plataforma, eles têm afirmado que são "refugiados" da rede social sob a mira do governo americano.

O que aconteceu

TikTok corre risco de ser banido até o fim de semana. O governo Biden acusa o grupo chinês ByteDance, dono da plataforma, de autorizar Pequim a coletar dados de usuários e espioná-los, algo negado tanto pelo gigante asiático e pela empresa. Para não ser banido nos EUA, a ByteDance precisa vender a plataforma até o domingo (19).

Xiaohongshu apareceu no topo da lista de downloads da App Store nesta semana. O app, que significa "Pequeno Livro Vermelho", em mandarim, é uma espécie de fusão entre Instagram e Pinterest que também apresenta vídeos.

A hashtag "TikTokRefugee" (refugiados do TikTok, em português) tinha mais de 100 milhões de visualizações no aplicativo até a noite de terça-feira (14). Alguns dos usuários acusam os EUA de serem "racistas".

"Não estão proibindo nenhuma empresa americana de roubar nossos dados", disse internauta com 264.000 seguidores à agência de notícias AFP. A criadora do conteúdo diz que preferiu o app às plataformas americanas como Instagram e Facebook, que ela acredita serem aplicativos "para pessoas mais velhas" que também "roubam dados pessoais e os vendem para outras empresas".

"É por isso que muitos americanos não se importam agora. Preferimos que a China tenha nossos dados", afirmou, sem se identificar. Outros usuários que se apresentam como "refugiados" compartilham o mesmo sentimento.

"Sei que nosso governo é um pouco racista. Mas eu amo vocês, chineses. Não me importo que vocês peguem meus dados. Peguem.
Usuário do aplicativo identificado como "Adham", em vídeo

Especialistas acreditam que proibição pode não ser útil

Proibição "saiu pela culatra". Milton Mueller, professor da Escola de Políticas Públicas da Georgia Tech, afirmou que o fenômeno mostra que uma proibição seria "estúpida". Ele foi responsável por apresentar um dossiê à Suprema Corte se opondo à medida.

É deliciosamente irônico que a ameaça de uma proibição saia pela culatra tão rapidamente, mesmo antes de ser implementada.
Milton Mueller, à AFP

Usuários podem ser empurrados a aplicativos menos confiáveis, diz docente. Robyn Caplan, especialista da Universidade Duke, nos Estados Unidos, ressalta que a possível proibição empurra "os usuários para aplicativos com uma separação muito menos clara do Partido Comunista Chinês".

"Exílio" mostra que estratégia de Washington é ineficaz. Meng Bingchun, professora da London School of Economics, resumiu a situação com a expressão "pequeno jardim, grande cerca", que consiste em restringir um pequeno número de tecnologias consideradas sensíveis à segurança nacional americana.

O jardim está em constante expansão e a cerca é permeável. Pior ainda, neste caso específico, aqueles que vivem dentro da cerca podem migrar para o espaço digital.
Meng Bingchun, à AFP

Nem o Xiaohongshu nem a ByteDance quiseram fazer declarações à reportagem da AFP.

Fontes apontam para a possibilidade do TikTok vender parte da operação para algum empresário dos EUA. Dessa forma, explica o jornal Washington Post, isso diluiria o comando da empresa, o que poderia ser interpretado que a companhia não é influenciada unicamente por um estado adversário. Uma venda integral do app, avaliado na casa dos US$ 50 bilhões, é considerado praticamente impossível.

O que vai acontecer com o TikTok após 19 de janeiro?

App não deve parar de funcionar do nada após 19 de janeiro. Pela lei dos EUA, os apps devem sair das lojas de aplicativo. As pessoas poderão utilizar o aplicativo normalmente: visualizar, baixar e publicar vídeos. A ideia é que com o fim da distribuição e atualizações das lojas, o TikTok mingue aos poucos.

Plano do TikTok é impedir o uso do app após a data e direcionar usuários para um site com informações sobre a proibição nos EUA. Mesmo sem ser obrigada, a companhia, segundo fontes da agência de notícias Reuters, quer ir além do que pede a legislação do país.

*Com informações da AFP

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