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Ela tem mais de 36 milhões de seguidores aos 24 anos: quem é Fran Ehlke?

Franciny Ehlke  - Marcio Rodrigues
Franciny Ehlke Imagem: Marcio Rodrigues
do UOL

De Universa, em São Paulo

07/05/2024 04h05

Franciny Ehlke começou a gravar vídeos aos 14 anos, para lidar com a timidez. Hoje, aos 24, soma mais de 36 milhões de seguidores nas redes sociais e está a frente da FRAN, marca de maquiagem em parceria com a empresa MBOOM e que lucrou R$ 130 milhões no primeiro um ano e meio.

"Com o tempo, entendi que são várias formas de falar para não impor um padrão de beleza e, sim, para colocar a maquiagem como uma forma de se sentir mais bonita. Corrigir o que incomoda a pessoa, e não o que os outros se incomodam", afirma.

A Universa, ela conta como conciliar a produção de conteúdo em várias redes sociais e dá spoilers dos próximos passos da sua marca.

Universa: Você começou a gravar vídeos aos 14 anos, para lidar com a timidez. Quando percebeu o sucesso e que poderia fazer disso uma profissão?
Franciny Ehlke:
Comecei bem no início do YouTube. Criei o canal por diversão, porque na escola fazia trabalhos em vídeo. Sempre tive gosto por criar conteúdo sem saber que isso poderia ir pra frente.

Compartilhava a minha rotina no YouTube e consegui um público. As pessoas gostarem de ver a minha rotina era muito surreal e isso me motivava.

Cresci aos poucos e, depois de 3 anos, completei 1 milhão de inscritos. Foi quando caiu a ficha e passei a ver como uma profissão, não só um hobby. Comecei a postar muito e com frequência, levar como um trabalho.

Em 2021, veio uma nova profissão: a de empresária, a frente da FRAN by Franciny Ehlke. Como foi criar uma marca de maquiagem? Era um sonho?
Não tinha esse desejo quando eu era mais nova. Ter uma marca era muito mais possível para cantoras, atrizes. Só tive o desejo quando eu cresci na internet e entendi que podia fazer um business muito bom.

Com a evolução de influenciadoras criando as suas marcas, a gente entende o nosso potencial para vender produtos. E isso me deu vontade e fui tendo confiança.

Quando passei a ser contratada por marcas de produtos de maquiagem e cabelo, tive noção do impacto do meu conteúdo, do quanto vendia.

Junto com o despertar de que poderia vender, veio um pedido do público. Isso me deu vontade de empreender, mas foi uma construção de anos até entender.

Como você disse, vemos cada vez muitas blogueiras criando marcas de maquiagem. Como se destacar com essa concorrência? Qual é o seu diferencial?
Acredito que a constância. Foi uma construção muito forte. Não queria que as pessoas enxergassem os meus produtos como linha, mas como marca.

Teve a força de ela já ter entrado para as lojas físicas grandes e que existem em todo o Brasil antes de estar somente no e-commerce.

Também vejo muita responsabilidade e dedicação da minha parte, por saber que tinham muitas lojas e pessoas dependendo que a minha marca vendesse. Me dediquei muito mais por isso.

Hoje em dia, vejo que preciso focar muito no meu conteúdo para falar dos meus produtos e recuso a maioria das propostas de publicidade que vêm de outras marcas. E é uma preocupação mostrar os produtos de forma orgânica, não algo maçante.

Acredito que várias coisas fazem a diferença, mas principalmente esse foco online. A organização de fazer conteúdo, de pedir para influenciadoras amigas postarem e tornar o produto viral no TikTok.

Produtos que viralizam no TikTok têm uma relevância muito forte, né?
Sim, eu lancei recentemente um gloss verde que reage ao pH da pele. É interessante e gera burburinho. Muita gente falou que era ultrapassado, porque a avó tinha um parecido. E, ao mesmo tempo, a geração mais nova desconhece esse produto. O que sinto é que as pessoas que já conhecem querem comprar para ver se realmente é igual ao da , e as que não conhecem querem comprar para ver se fica rosinha na boca.

As pessoas debatem muito e isso gera um buzz, que é importante pra mim, porque o algoritmo entrega mais o vídeo.

É muito legal, e sempre invisto nesses produtos que vão gerar discussão, para movimentar a linha inteira. Às vezes, não adianta lançar um produto que já tenha no mercado e não gere essa discussão. Tento ir para esse lado de engajar no TikTok.

Franciny Ehlke - Marcio Rodrigues - Marcio Rodrigues
Greenchilli, gloss verde que reage ao pH da pele e muda de cor, é o último lançamento da marca da influenciadora
Imagem: Marcio Rodrigues

Glosses labiais que prometem aumentar os lábios são um destaque da marca. Imaginava esse alcance? O que explica tanto sucesso?
Quando lancei a minha marca, fizemos toda a identidade dos produtos em preto e branco. E pensamos em fazer um produto vermelho, que foi o gloss, para se destacar.

Sabia que ia ser sucesso, porque as meninas iam querer testar, mas não tanto e que as pessoas iam querer continuar consumindo. Meses depois lancei um com brilho, em comemoração aos meus 23 anos. Tem essa movimentação, porque é um produto que as meninas levam na bolsa, retocam o dia inteiro e gasta mais rápido, com um custo-benefício legal.

Percebi que pegava a geração mais nova e a mais adulta, e que eu poderia investir em outros. O boom veio no ano passado, quando lancei um de chocolate para a Páscoa.

Tento focar no gloss, porque conquistei o coração das pessoas com ele. Agora, estão pedindo para lançar um sem ardência, e tô focada nisso, porque sei que gloss é venda na certa.

Pode dar spoilers dos próximos passos da marca? Trabalham em algum produto específico?
Tem vários que estamos trabalhando, porque quero focar em lançamentos neste ano. Tem um produto para sobrancelha, que já tem mais de um ano em desenvolvimento e não chegou na fórmula que quero. Vai ficar mais para o meio do ano. E o gloss, que tem sido recorrente de as pessoas pedirem sem ardência, então vou lançar alguns também.

Franciny Ehlke - Murilo Mahler - Murilo Mahler
Franciny se inspira em influenciadoras nacionais e gringas que também têm marcas, como Bianca Andrade, Bruna Tavares, Kylie Jenner e Selena Gomez
Imagem: Murilo Mahler

Vemos uma preocupação com crianças que têm usado produtos pesados na pele, como base e corretivo. São meninas que se maquiam para ir à escola e postam tutoriais, por exemplo. Essa preocupação está no seu radar ao produzir conteúdo?
Eu tenho essa preocupação e tento abordar a maquiagem como uma forma de se sentir mais poderosa, mas que não é necessária para te fazer bonita. A criança tem a pele perfeita e aplica muita maquiagem. Eu não sou contra ela se maquiar, porque sei o quanto a maquiagem é terapêutica. O importante é tirar certinho.

Mas vejo algumas usando muito produto de skincare, e essa é a principal preocupação. A pré-adolescente não precisa. Tem alguns até que são anti-idade, nem pode passar, mas usa porque viu a embalagem em algum vídeo e achou bonita.

Estudamos fazer produtos de skincare para a marca e fico preocupada na maneira de abordar, principalmente no TikTok, já que as crianças usam precocemente algo que elas nem precisam e, quando tiverem 20, 30 anos, a pele não vai aceitar mais nada.

Como influenciar para que meninas construam uma relação positiva com a maquiagem?
A maquiagem tá aí para potencializar a nossa autoestima. Seja para ir a uma reunião, alcançar qualquer objetivo. Acredito que isso tem muito valor.

Encontro pais com os filhos e escuto bastante feedbacks. Quando o pai ou a mãe fala que vê meus vídeos com a filha e acha legal o jeito que eu falo, percebo que estou no caminho certo.

Vejo que nesse processo já pequei em muita coisa, porque não sabia, não tinha noção que poderia ser interpretado errado. Como ensinar uma maquiagem para aumentar a boca, afinar o rosto. Antes, não tinha a preocupação de que isso poderia impor um padrão de beleza que não existe. É um cuidado que consegui aos poucos.

Com o tempo, entendi que são várias formas de falar para não impor um padrão de beleza e, sim, para colocar a maquiagem como uma forma de se sentir mais bonita. Corrigir o que incomoda a pessoa, e não o que os outros se incomodam.

Franciny Ehlke - Marcio Rodrigues - Marcio Rodrigues
Franciny Ehlke conta por que prioriza a presença em todas as redes sociais
Imagem: Marcio Rodrigues

Você tem presença forte em várias plataformas: YouTube, Instagram, TikTok. É comum ver influenciadores que deixam alguma rede de lado com o sucesso de outras. Por que prioriza a produção de conteúdo em todas?
Porque muito público não tem todas as redes sociais. E vejo que, como temos muito conteúdo postado em Instagram e TikTok, eu sinto falta de criadores que falam por mais tempo, que dá para deixar o vídeo passando na TV e a pessoa absorva mais informação.

A gente absorve muita informação na vertical. Vai deitar no final do dia e não lembra nem de metade do que viu, então vejo muita importância no YouTube, mesmo a audiência tendo despencado comparado ao que era. Ao mesmo tempo, vejo a importância de estar no TikTok por causa dessa geração mais nova, e, no Instagram, porque é o 'maioral'.

Esses dias me falaram que o Snapchat vai voltar, que já é melhor eu ir postando. Eu fico muito antenada, para saber como vou organizar o meu tempo e com quem quero me comunicar. Mas sempre quero abraçar o máximo de público possível, por isso estou em todas.

E como faz para equilibrar a saúde mental com esse volume de trabalho? Já precisou de ajuda para lidar com a pressão e a exposição?
Por mais que muitos anos tenham passado, eu ainda gosto muito de fazer conteúdo. Mas existe o cuidado com a saúde mental. Quando você tá na rede social, você se cobra muito: por que não tô crescendo? Por que não tô engajando? Eram coisas que eu sentia ainda mais no passado e que tratei na terapia, entendendo o que era tóxico e o que não era.

Ainda preciso ter preocupação com engajamento, acredito que um pouco de ansiedade a gente tem que ter para se movimentar, mas tudo que é em excesso é ruim.

Na terapia, consegui separar bastante e entender como cuidar da saúde mental. Tento tirar um dia da semana para ficar off, não quero nem me maquiar. Já é importante para conseguir recarregar a energia e continuar com a saúde mental para criar conteúdo.

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