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OPINIÃO

Black Pumas ousa ao misturar ritmos e cai nas graças do público do C6 Fest

C6 Fest: Black Pumas agita público no Ibirapuera - Mariana Pekin/UOL
C6 Fest: Black Pumas agita público no Ibirapuera Imagem: Mariana Pekin/UOL
do UOL

Thales de Menezes

Colaboração para Splash, em São Paulo

18/05/2024 22h30

Não é nada comum escutar um som como o produzido pela dupla texana Black Pumas. O vocalista Eric Burton e o guitarrista Adrian Quesada fazem uma espécie de soul psicodélico, como bem definiu um crítico americano, mas vai muito além de uma releitura sonora. Qualquer um que presenciou o show do grupo fechando o sábado (18) na Arena Heineken do C6 Festival percebeu que esses dois ouviram muita coisa e processaram tudo num som único.

Burton parece estar cantando junto a um rio do Mississipi, com um vozeirão raro e, pelo menos aparentemente, executado sem nenhum esforço. É um cantor como poucos. Já Quesada é o responsável pela inserção de "cacos" musicais que dão ao repertório do Black Pumas um ineditismo incontestável. Um ótimo exemplo é a arrebatadora "Angel", uma balada de romantismo esparramado que, na mão de outros artistas, poderia cair na vala comum das canções triviais. Com o Black Pumas, fica sublime em sua ousadia.

A surpresa é a tônica do show. Quando uma canção começa, às vezes parece se encaminhar para uma peça de blues, mas é atravessada por um fraseado funk que muda completamente a música. Ou então uma outra que ameaça cair no canto gospel pode acabar dando lugar a uma levada hip hop. Tem de tudo no som da dupla, e tudo muito bem alinhavado.

C6 Fest: Black Pumas se apresenta no Ibirapuera - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
C6 Fest: Black Pumas se apresenta no Ibirapuera
Imagem: Mariana Pekin/UOL

O repertório do show é praticamente dividido entre os dois álbuns do grupo, "Black Pumas", de 2019, e "Chronicles of a Diamond", lançado no ano passado. Se o primeiro já surpreendeu com o ecletismo musical da dupla, o segundo leva isso a uma nova escala. Os dois definitivamente desistiram de soar dentro da caixa. Parece que o lema do Black Pumas é "quanto mais diferente, melhor".

Se fosse necessário reduzir o show a duas canções, a escolha seria fácil. "Fire", logo no começo, e "Colors", perto do encerramento, bastam para provar que Burton e Quesada escolheram um caminho singular. São canções emocionantes e harmonicamente surpreendentes, as mais bem-acabadas nesse desejo de deixar o público inquieto, alternando atmosferas mais serenas com rompantes de fúria sonora.

É evidente que o Black Pumas se encaixa perfeitamente na proposta do C6 Festival. São músicos que, ainda longe dos degraus mais altos de popularidade, têm uma personalidade bem definida e uma proposta clara de não seguir as rotas mais fáceis. Quando "Mr. Postman", "Stay Gold" ou "Black Moon Rising" passarem a tocar em rádios ou em playlists de mainstream, certamente o mundo terá mudado bastante.

C6 Fest: vocalista do Black Pumas, Eric Burton  - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
C6 Fest: vocalista do Black Pumas, Eric Burton
Imagem: Mariana Pekin/UOL

Lances incríveis e inusitados no show: os solos de "guitar hero" de Quesada em "OCT 33" e "Colors", o emocionante cover de "Fast Car", de Tracy Chapman, já no bis, e o momento em que o vocalista resolveu descer no meio do público e simplesmente não conseguia voltar. A moçada não queria largar Burton, todo mundo ficou louco em busca de beijo, abraço ou selfie. Quase que o show foi interrompido. O sujeito é muito carismático.

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