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BaianaSystem traz pedaço de Salvador para SP em show que vira 'ritual'

Show do BaianaSystem - Máquina de Louco
Show do BaianaSystem Imagem: Máquina de Louco
do UOL

Bruna Gavioli

Colaboração para Splash

04/05/2024 14h12

Com as bênçãos de Armadinho Macêdo, o inventor da guitarra baiana, o BaianaSystem transformou a capital paulista em um pedacinho de Salvador num show de arrepiar desde os fãs mais fervorosos até quem estava fazendo sua estreia em uma apresentação do grupo.

O público era como um mar de gente pelas quase 2 horas que o BaianaSystem se apresentou na noite desta sexta-feira, 3, na Audio, na zona oeste de São Paulo.

O BaianaSystem segue chamando atenção para questões sociais e celebrando a cultura soteropolitana com uma batida da qual é impossível sair ileso. Mais que ouvir e cantar, é necessário sentir suas canções.

Com o show "Nossa Cultura em Primeiro Lugar", a banda ganhou ainda mais potência com a adição de um naipe de sopros, além da colaboração de novos artistas visuais no cenário e projeções.

Sob influência do disco Além das Lendas Brasileiras (1977), do grupo paulista Terreno Baldio, a apresentação exaltou o folclore brasileiro, com referências a personagens da cultura popular, como o saci —figura que vem marcando presença nos shows do grupo soteropolitano.

show - Máquina de Louco - Máquina de Louco
Show do BaianaSystem
Imagem: Máquina de Louco

Os graves não davam trégua, enquanto a guitarra baiana vinha na linha de frente. A energia do vocalista Russo Passapusso estabelecia o show do BaianaSystem como um ritual.

Em entrevista ao Splash, Passapusso destacou a importância de apresentar "Nossa Cultura em Primeiro Lugar" em São Paulo.

Essas duas noites em São Paulo são de reconexão. Depois das efervescências do Carnaval, a gente só tocou no Lolla. É muito importante esse reencontro com o público de São Paulo. A gente sabe que São Paulo é o elo e o fluxo, pois tem pessoas de todo o Brasil.
Russo Passapusso

"Esse show é um prenúncio da turnê na Europa que está por vir. São Paulo é um local onde as experimentações são muito bem-vindas, o público é diverso e por isso, o show na Audio é especial. A gente se sente em casa. Fora de Salvador, foi o local onde a gente conseguiu se comunicar com o público de uma maneira mais frequente", revelou Roberto Barreto, guitarrista e fundador do Baiana.

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Show do BaianaSystem
Imagem: Máquina de Louco

Ninguém ficou parado

A banda tenta fugir da lógica que a indústria fonográfica impõe, o repertório das apresentações muda, de forma orgânica, ganha um conceito próprio de acordo com a "vibe" e o público para que os temas sejam mais fortes do que o próprio espetáculo.

Com "Saci", "Capim-Guiné", "Sul-americano", "Reza Forte", "Lucro" e outros sucessos da banda, o público foi à loucura e ninguém ficou parado diante de tanta potência. No telão, uma projeção da atriz Alice Carvalho, estrela da canção "A Vida É Curta pra Viver Depois", trouxe um manifesto nordestino que foi um dos momentos emocionantes do show.

Os músicos Sidmar Vieira (trompete), Mayara Almeida (sax tenor) e DougBone (trombone) uniram-se a Russo Passapusso (voz), Claudia Manzo (voz), Roberto Barreto (guitarra baiana), SekoBass (baixo), João Meirelles (beats), Junix 11 (guitarra), maestro Ubiratan Marques (piano) e Ícaro Sá (percussão).

Nas artes visuais, os artistas Core e Fluxo Marginal se juntam a Filipe Cartaxo, o responsável pela identidade visual do BaianaSystem.

O BaianaSystem se apresenta em São Paulo neste sábado na Audio. Ainda restam poucos ingressos e a abertura da noite fica a cargo do DJ Nuts. Depois de São Paulo, o grupo se apresenta na primeira edição do Coala Festival fora do Brasil, no dia 01/06, em Cascais, em Portugal.

Em seguida, o grupo segue para Espanha, onde toca em Madri (02/06) e Barcelona (04/06). Então, será a vez de Londres (06/06), Amsterdam (07/06), Berlim (09/06) e Dublin (11/06). A tour se encerra em Zurique (12/06).

O que os fãs acharam?

Bastaram os primeiros acordes da guitarra do BaianaSystem para a galera curtir os hits recheados de crítica social e suingue que só a Bahia tem. A reportagem do Splash conversou com diversos fãs que destacaram a representatividade da banda, exaltação da cultura brasileira e a energia das mensagens de suas canções.

Teve quem conheceu a emoção de estar pela primeira vez em um show. Daniela Souza Dantas, de 42 anos, revelou que conheceu o Baiana por meio da irmã de sua amiga e que estava muito feliz por viver a experiência ao lado de quem a apresentou à banda.

"A gente começou a escutar no trabalho, depois em casa e tornou-se a trilha sonora até para a faxina de casa".

A amiga Raquel Pereira, de 39 anos, compartilhou a emoção do seu primeiro show e presenciar ao vivo letras que trazem contextos políticos e mensagens fortes. "Foi a minha primeira vez no show e 'Sul-Americano' é a minha favorita, porque eu gosto muito de Eduardo Galeano e a música faz uma referência muito forte a ele".

martins - Máquina de Louco - Máquina de Louco
Maraisa Martins
Imagem: Máquina de Louco

"Sulamericano" traz o grito político: "Vou seguir cantarolando para poder contra-atacar, contra-atacar, contra-atacar Vou traçando vários planos para poder contra-atacar".

A responsável pelo encontro foi a Beatriz Fernandes Pereira, 39 anos, que conheceu o Baiana na Bahia, em Feira de Santana, há 12 anos em uma micareta. "Comecei a ir nos shows e falei sobre eles para todo mundo que eu conhecia, e foi assim, e aí cada vez mais pessoas foram se juntando".

Teve fã que foi só para curtir o show, mas logo se enturmou, como a Maraísa Martins que destacou que não há banda como o Baiana.

Eles são únicos, eu conheci o Baiana por meio de um amigo que me indicou uma música e eu ouvi a primeira vez e pensei: 'Meu Deus, que som maravilhoso!' Eu tive curiosidade de ouvir outros discos, outras músicas e me apaixonei. Lá se vão 6 anos. Cada música, cada disco é completamente novo. As apresentações dele são muito mais do que shows, eles falam de pertencimento e afirmação.
Maraísa Martins

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