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São Paulo perde do Talleres do jeito mais previsível: pelo meio de campo

07/02/2019 00h02

Todos no São Paulo, inclusive André Jardine, sabiam que a dupla de volantes ideal para o jogo contra o Talleres (ARG) não era Jucilei/Hudson. O problema é que a diretoria fechou os olhos para a necessidade de ter mais opções para essa posição, que acabou sendo o calcanhar de Aquiles da equipe na derrota por 2 a 0 que colocou a perigo o principal objetivo da temporada. Jucilei jogou muito mal e Hudson, que fez bom primeiro tempo, acabou expulso.

O São Paulo começou a perder esse jogo na semana passada, no fim do jogo contra o Guarani, quando Liziero torceu o tornozelo direito e virou desfalque. Jardine estava convicto de que o jovem deveria ser um dos titulares na batalha de Córdoba, sobretudo pelo péssimo rendimento do meio no clássico contra o Santos.

Sem Liziero e também sem Luan, que virou titular com justiça no fim de 2018 e agora está com a Seleção Brasileira Sub-20, o técnico acabou sendo "obrigado" a utilizar Jucilei e Hudson na Argentina - a outra opção era o recém-chegado Willian Farias, de características não muito diferentes.

O primeiro tempo foi bom. A ideia de transformar Hudson em armador quando o time tinha a bola, trabalhada por Jardine desde a pré-temporada, funcionava bem. O camisa 25 conseguiu participar da maior parte das ações ofensivas, inclusive dando trabalho ao goleiro Herrera com um chute da entrada da área. Jucilei e Bruno Peres destoavam e faltava jogo com Nenê pelo lado direito, mas a perspectiva era boa até ali: o São Paulo não foi pressionado pelo Talleres nos 45 minutos iniciais e ainda teve três ou quatro chances de marcar.

Tudo mudou no segundo tempo, também por interferência de Juan Vojvoda, técnico do Talleres. Ele fez algumas mudanças táticas que o São Paulo não soube responder. Godoy, o ala pela direita, deixou de fechar para o centro e passou a buscar associações com o bom Palacios pelo fundo do campo. Na esquerda, o treinador inverteu as posições de Pochettino e Ramírez. Este último saiu da ala e virou armador, confundindo a marcação tricolor.

Os dois gols do Talleres foram construídos a partir do lado do campo, mas com falhas cruciais dos meio-campistas. No primeiro, Bruno Alves cortou o cruzamento vindo da direita e Ramírez teve toda a liberdade que precisava para dominar e acertar um lindo chute. Arboleda não deu a devida importância à segunda bola e os volantes estavam muito distantes do argentino.

O São Paulo tentou reagir com a entrada de Diego Souza, que assumiu a condição de centroavante, no lugar de Nenê. Pablo abriu pela esquerda e Everton foi para o lado direito, mas Hudson já não conseguia se dividir entre a marcação e o apoio e Hernanes, sem o ritmo ideal, fazia pouca diferença.

A dez minutos do fim, Jucilei foi driblado com imensa facilidade, Hudson fez uma falta para conter o contragolpe e recebeu o segundo amarelo com justiça. Willian Farias entrou na vaga de Hernanes para fechar o meio e segurar o placar, mas o Talleres chegou ao segundo gol com Pochettino, em uma troca de passes da esquerda para o meio. Willian Farias correu atrás dos argentinos sem conseguir achá-los e Jucilei, pior ainda, nem fez menção de dar combate.

Vale lembrar que Jucilei, assim como Liziero, levou uma pancada forte na partida contra o Guarani. Ele chegou a ser dúvida para a partida e deu a impressão de não estar nas melhores condições físicas. Mais uma demonstração de que era preciso ter outras alternativas para o setor, que acabou sendo negligenciado pela diretoria. Pode custar muito caro.

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