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O que é abrossexualidade? 'Nova' orientação sexual gera debate nas redes

Bandeira da abrossexualidade - Reprodução/Orientando.org
Bandeira da abrossexualidade Imagem: Reprodução/Orientando.org
do UOL

Colaboração para Universa

10/09/2024 12h00Atualizada em 10/09/2024 16h32

Nas redes, um movimento de jovens que se identificam como "abrossexuais" está provocando a curiosidade e gerando debate até mesmo na imprensa internacional. Mas, afinal, o que significa o termo?

O Manual de Comunicação LGBTI+ da Aliança Nacional LGBTI e Rede GayLatino não reconhece a abrossexualidade no seu capítulo sobre orientações sexuais, mas recomenda o site de referência Orientando como um recurso para a comunidade expandir o seu conhecimento identitário.

A organização, que compila quase mensalmente novos termos, classifica o prefixo "abro" como "pessoas cuja atração ou sentimentos sobre a própria orientação é fluida, ou seja, passa por mudanças." A expressão não teria a ver com identidade de gênero, portanto, mas com fluidez no desejo sexual.

Qual a diferença para a pansexualidade?

A revista especializada Gay Times aponta que abrossexualidade não é o mesmo que pansexualidade porque pessoas pan não limitam suas escolhas sexuais em relação a orientação ou gênero, o que pode acontecer em alguns períodos com quem se identifica como "abro".

"Indivíduos abrossexuais podem ser gays por algum tempo, assexuais em seguida e então bissexuais e pansexuais depois. A sexualidade deles está sempre em um estado de fluxo". Estes intervalos podem ser curtos ou longos, como diversos anos antes de uma nova mudança em orientação, assim descrevem aqueles que se apresentam como "abro".

O que dizem os "abro"?

Ao jornal Metro, a jornalista inglesa Emma Flint, de 32 anos, relatou no último mês sua jornada para se descobrir abrossexual. "[Durante os anos 90], você era hetero, gay ou lésbica", explicando que muitos pensavam que "todo o resto era inventado". Com a chegada dos 30, ela percebeu que sua sexualidade flutuava rapidamente entre ser lésbica ou bissexual.

Mas ela só conheceu o rótulo através da página no Instagram de Zoe Stoller, criadora de conteúdo que se apresenta como assistente social e educadora LGBTQ+. "Antes de descobrir a abrossexualidade, eu me sentia perdida, como se flutuando no mar. Também me sentia uma fraude por causa do quanto eu mudava a minha identidade quando estava conversando com pessoas queridas", explicou Emma.

"Ninguém era ofensivo de propósito, mas eu escutava um [comentário] de vez em quando: 'Mas você disse que era lésbica semana passada'. Eles não entendiam e, na época, eu não tinha as palavras certas para me explicar", relembrou. Segundo ela, hoje se sente "compreendida".

Emma não é a única que encontra resistência mesmo entre outras pessoas que se identificam como LGBTQIAP+. O tema se tornou polêmico nos últimos meses em uma comunidade de abrossexuais na plataforma Reddit, em que um usuário questionou o grupo: "Então [a orientação sexual] é uma escolha agora? Achei que as pessoas nascessem assim".

Outro membro respondeu: "Não é uma escolha, as mudanças acontecem sozinhas. Às vezes, eu só me sinto atraído por homem e, de repente, começo a me sentir atraído por mulher novamente. E, de repente, apenas por homem de novo. Não posso controlar isso, se eu pudesse provavelmente escolheria ser pansexual o tempo inteiro. Mas eu gosto de experimentar esta fluidez, é meio legal".

No perfil @lucaismagic no TikTok, comentários de um vídeo sobre abrossexualidade rejeitavam a classificação, por usuário considerarem que o termo invisibilizaria pessoas bi ou pan, enquanto outros agradeceram por se sentirem acolhidos pela nova bandeira.

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