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Playcenter: para onde foram as atrações? O parque pode voltar a funcionar?

Playcenter deixou de funcionar há 10 anos - Divulgação
Playcenter deixou de funcionar há 10 anos
Imagem: Divulgação
do UOL

Jéssica Alves

Colaboração para NOSSA

19/08/2022 04h00

Há 10 anos o Playcenter deixa saudades para muitos que tiveram oportunidade de visitá-lo. Por quase quatro décadas o parque de diversões localizado em São Paulo ficou no imaginário de crianças, jovens e adultos graças às suas grandiosas atrações.

Inaugurado no ano de 1973, o Playcenter se tornou referência de entretenimento para as famílias e virou um cartão postal da capital paulista, na Marginal Tietê.

Com o valor de ingressos a 1 dólar por brinquedo, rapidamente se transformou em um sucesso e funcionava 24 horas por dia para atender à grande demanda de público. Um dos motivos desse status foi a inauguração da Super Jet, a primeira montanha-russa de metal do Brasil.

Super Jet, montanha russa do Playcenter - Divulgação - Divulgação
Super Jet, montanha russa do Playcenter
Imagem: Divulgação

Além dela, mais de 20 atrações faziam a diversão dos visitantes. Entre as principais, destacaram-se o Labirinto de Espelhos, os brinquedos giratórios, o teleférico, a Splash (montanha-russa aquática), entre outras.

O parque encerrou suas atividades no dia 29 de julho de 2012, mas deixou uma legião de fãs e fanpages nas redes sociais onde compartilham momentos de muita nostalgia no parque.

Acidentes

O Playcenter viveu seus tempos de glória até meados dos anos 1990, época em que chegou a ser palco do show do grupo pop Menudo e a receber a visita do rei do pop Michael Jackson, em 1993.

Michael Jackson no Playcenter - Divulgação - Divulgação
Michael Jackson no Playcenter
Imagem: Divulgação

A decadência começou por influência, em parte, da falta de renovação de brinquedos e também pelo histórico de acidentes, ocorridos a partir dos anos 1980, que aos poucos minavam a fama do parque.

O episódio mais antigo ocorreu em março de 1980, quando quatro garotos, com cerca de 12 anos, caíram no chão com um dos vagões da montanha-russa, que descarrilou no fim do percurso. Um deles fraturou a bacia.

Outro acidente de grande repercussão ocorreu em 10 de janeiro de 1996. O estudante mineiro Renan Eduardo de Carvalho Pereira, de 11 anos, escorregou por debaixo da trava de segurança de seu carrinho no brinquedo Space Loop, que simulava "loopings" de um avião.

Com a queda de uma altura superior a 5 metros, Renan fraturou o crânio, braço e o fêmur, e ficou 14 dias internado, oito deles na UTI.

O brinquedo havia sido inaugurado há cerca de 10 dias antes do acidente, após uma forte divulgação na TV e em outdoors. Após o ocorrido, o proprietário, Marcelo Gutglas vendeu parte das ações do Playcenter ao grupo GP Investimentos, fundador do Hopi Hari.

Nos anos 2000, outros dois acidentes marcaram negativamente a história do Playcenter. Em abril de 2011, oito pessoas ficaram feridas após caírem do brinquedo Double Shock. Três delas ficaram em estado grave e tiveram sequelas.

A atração fazia giros de 360 graus em uma altura de 12 metros do chão. No momento do acidente, uma das travas do brinquedo se abriu. De acordo com a perícia, houve falha humana porque um funcionário não havia realizado a inspeção no brinquedo.

No ano anterior, 16 pessoas ficaram feridas com a batida de dois trenzinhos da montanha-russa Looping Star. A maioria das vítimas tinha na faixa de 10 anos de idade.

Crise

Com a desvalorização do real, em 1999, o Playcenter mergulhou em uma gigantesca crise. No ano de 2001, acumulou uma dívida estimada em R$ 145,3 milhões.

Em 2003, na pior crise, o parque chegou a receber apenas 30 visitantes em um dia. Apesar de uma grande reestruturação em 2002, a fase negativa, aliada aos acidentes, contribuíram para o fechamento do parque, em 2012.

A montanha-russa Colossus também foi pivô para o fim do Playcenter. Em vez de comprar os terrenos na Barra Funda, que eram alugados, o proprietário investiu na aquisição de uma montanha-russa, que ficou em operação até fevereiro de 1986.

Apesar do sucesso da atração, a compra se tornou um prejuízo ao parque, anos depois, devido ao aluguel do terreno, que acumulou dívidas posteriores. Com isso, os proprietários tiveram que devolver o equivalente a 12% de sua área para evitar uma ação de despejo.

Playcenter nos anos 80 - Playcenter/Divulgação - Playcenter/Divulgação
Playcenter nos anos 80
Imagem: Playcenter/Divulgação

Para onde foram as atrações?

Anos depois do fechamento do Playcenter, o conjunto de terrenos que abrigava o parque na Barra Funda ganhou novos ares, com prédios comerciais e residenciais na região.

Mas e as atrações do Playcenter, para onde foram? O Animália Park, um novo parque temático de Cotia, no interior de São Paulo, irá abrigar alguns dos brinquedos, como o Splash e o barco Viking.

Nelson Broering, secretário de turismo da cidade, concedeu entrevistas em junho deste ano afirmando que o local deve ser inaugurado no segundo semestre de 2022.

A montanha-russa Colossus foi vendida para o Dorney Park, nos Estados Unidos, e, em 2008, seguiu para um parque itinerante na Alemanha.

Já a Super Jet deixou o Playcenter em 1996, vendida para o Millenium Parque, e, em 2012, foi repassada ao Parque Mutirama, em Goiás, onde funciona atualmente.

A roda-gigante Giranda Mundi, uma das principais atrações do Hopi Hari, com 44 metros de altura, fez parte do Playcenter até 1997.

Roda gigante do Hopi Hari, parque de diversões de São Paulo, já pertenceu ao Playcenter - Ricardo Lima/UOL - Ricardo Lima/UOL
Roda gigante do Hopi Hari, parque de diversões de São Paulo, já pertenceu ao Playcenter
Imagem: Ricardo Lima/UOL

O Playcenter pode voltar?

Em diversos momentos, especulações sobre a volta do Playcenter são divulgadas na internet, acendendo esperanças nos frequentadores saudosistas.

Mas, até o momento, nenhum retorno oficial foi confirmado pelo grupo responsável. Em fevereiro deste ano, a empresa anunciou apenas a inauguração de uma roda-gigante panorâmica com quase 90 metros na cidade de Olímpia, no interior de São Paulo.

A atração faz parte de um projeto do grupo em parceria com a prefeitura do município e será a estrela de em um espaço que inclui praças de alimentação, comércio de souvenirs, área de eventos, entre outras opções de entretenimento.

Portanto, não há ainda pistas ou informações concretas sobre o retorno do Playcenter, parque que ficou eternizado na memória de São Paulo.

Vista aérea do Playcenter, na Marginal Tietê, em São Paulo - Playcenter/Divulgação - Playcenter/Divulgação
Vista aérea do Playcenter, na Marginal Tietê, em São Paulo
Imagem: Playcenter/Divulgação

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