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Na história das Copas: Gordon Banks, campeão em 66 e 'milagreiro' em 70

12/02/2019 10h02

Um dos maiores goleiros de todos os tempos, Gordon Banks escreveu seu nome na história das Copas como campeão e também como "milagreiro". Em 1966, foi o goleiro titular da seleção inglesa no único título mundial de sua história, conquistado em casa. Quatro anos depois, na Copa do México, também foi titular da Inglaterra e fez aquela que é considerada por muitos a maior defesa de todos os tempos, parando cabeceio impressionante de Pelé, em jogo válido pela primeira fase. Um "milagre" marcado para sempre.

Nesta terça-feira, Gordon Banks morreu aos 81 anos, depois de uma longa batalha contra um tumor no ruim. A primeira luta começou em 2005, quando perdeu um dos órgãos para a doença. Já a segunda foi iniciada em 2015. Segundo a família, o ídolo inglês "morreu tranquilamente durante a noite".

Gordon Banks tinha 28 anos quando disputou sua primeira Copa do Mundo. Destaque do Leicester City, o goleiro estreou pela seleção em 1963 e era titular do English Team há três anos no período do Mundial da Inglaterra. Banks era um goleiro seguro e, na seleção, fazia parte de uma grande defesa, que tinha Bobby Moore. Na primeira fase de 66, a Inglaterra não sofreu um gol sequer: empatou com o Uruguai por 0 a 0, ganhou o México por 2 a 0 e bateu a França por 2 a 0. Nas quartas de final, mais um jogo sem ser vazado, triunfo sobre a Argentina por 1 a 0, com gol marcado pelo atacante Geoff Hurst.

Na semifinal, chegou a vez de cruzar com Portugal e o demolidor atacante Eusébio, que vinha fazendo estragos nas defesas daquela Copa. Porém, o craque português encontrou dificuldades contra o sempre acrobático goleiro. Eusébio só conseguiu marcar aos 38 minutos do segundo tempo, e de pênalti - quebrando sequência de Banks de 442 minutos sem sofrer gols. Porém, a Inglaterra já tinha feito dois gols antes e avançou à final ao vencer por 2 a 1.

A grande decisão foi contra a Alemanha Ocidental, que tinha Beckenbauer, Uwe Seeler, Schnellinger e Overath. O estádio de Wembley estava lotado, com 96.924 espectadores, mas os alemães saíram na frente. A Inglaterra virou, mas a Alemanha empatou no último minuto do tempo regulamentar. Na prorrogação, um lance entrou para a história por sua polêmica. Aos 11 minutos do primeiro tempo, o Geoff Hurst chutou, a bola bateu no travessão, quicou na linha e não entrou, mas o auxiliar soviético Tofik Bakhramov deu o gol para a Inglaterra, que ainda fez mais um depois. Além do título, Banks foi coroado como melhor goleiro da Copa em eleição e integrou o time ideal do Mundial.

Em 1970, no México, a solidez defensiva da Inglaterra seguia em alta. Na estreia, vitória por 1 a 0 sobre a Romênia. No segundo jogo, contra o Brasil, Gordon Banks vivia um dia iluminado e ali ele virou lenda de vez. Ainda no começo do duelo, Jairzinho cruzou para Pelé, que cabeceou para baixo. A bola quicou no gramado e chegou à meta em seis décimos de segundo, mas Banks conseguiu colocar sua mão direita por baixo da bola e mandá-la por cima do travessão. O feito do goleiro recebeu o apelido de "A Defesa do Século". No fim, o Brasil ganhou por 1 a 0, mas Banks saiu como herói.

Por ironia do destino, a Copa de 1970 teria apenas mais um jogo para Banks: o triunfo por 1 a 0 contra a Tchecoslováquia, fechando a fase de grupos. Nas quartas de final, diante da Alemanha Ocidental, o goleiro acabou sofrendo severas dores de estômago e o reserva Peter Bonetti assumiu a posição, com Banks ficando no banco ao longo de toda a partida. A Alemanha venceu por 3 a 2, na prorrogação, e encerrou o sonho do bicampeonato inglês. Em 1972, Banks sofreu um acidente de carro, perdeu parte da visão do olho direito e acabou deixando a seleção inglesa. Porém, ele já estava na história do futebol.

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