Caso Gritzbach: Justiça acata pedido da PF e mantém delatados presos

A Justiça aceitou o pedido de prorrogação da prisão de oito pessoas delatadas por Vinícius Gritzbach, morto no Aeroporto Internacional de Guarulhos em novembro de 2024.
O que aconteceu
Pedido da Polícia Federal foi de que prisão de 30 dias fosse prorrogada por mais 30 dias. A informação foi divulgada pelo colunista Josmar Jozino nessa quarta-feira (15).
Estão presos cinco policiais civis, um advogado e dois empresários delatados por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach por corrupção e envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Eles são o delegado Fábio Baena Martins, os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Marques de Souza, o Bombom, Marcelo Roberto Ruggieri, o Xará, o agente de telecomunicações Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, o advogado Ahmed Hassan Saleh, e Robinson Granger Moura, o Molly, e Ademir Pereira de Andrade.
Polícia Federal acredita que grupo formou organização criminosa. Segundo investigações da PF, as análises dos telefones celulares apreendidos com os presos indicam que eles cometeram diversos crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e outros equiparados a hediondos.
Escondeu R$ 621 mil debaixo do colchão
A Polícia Federal apurou que o investigador Marcelo Bombom é um dos mais importantes da organização criminosa e praticou diversos atos de corrupção. Ele escondia uma lista de recebimento de propina e R$ 621 mil debaixo do colchão e não apresentou justificativa sobre a origem do dinheiro.
A PF diz ainda que os depoimentos dos presos foram contraditórios. O delegado Baena, por exemplo, disse que nunca havia falado com Gritzbach após a prisão dele em 2022, pela acusação de duplo homicídio. Porém, no celular dele tinha sete registros de conversas a partir de 7 de agosto de 2024.
Baena também é acusado de ter um padrão de vida incompatível com seus rendimentos. A PF descobriu que apenas com as mensalidades da faculdade de medicina de duas filhas dele, o delegado desembolsava a quantia de R$ 16 mil.
O patrimônio de Marcelo Ruggieri também foi considerado incompatível com os rendimentos. O salário líquido dele é R$ 7.410,00. No seu telefone celular foram encontrados comprovantes de pagamentos que somam R$ 1,2 milhão, além de venda de imóveis que totalizaram R$ 5 milhões.
Eduardo Monteiro Lopes, sobrinho de uma ex-corregedora da Polícia Civil, também é acusado pela prática de lavagem de dinheiro. Ele mentiu ao afirmar que após a prisão de Gritzbach não teve mais contato com ele. Só que o visitou na casa dele em 2022.
Lopes disse que ganhava de R$ 2 mil a R$ 3 mil comercializando veículos, mas ofereceu automóveis e motos aquáticas para o delegado Baena. O investigador usava um aplicativo chamado Signal no telefone celular, provavelmente para apagar vestígios de crimes, segundo a Polícia Federal.
O agente de telecomunicações Rogerinho morava em um apartamento de luxo, avaliado em mais de R$ 5 milhões com vista para o mar na Praia Grande. A PF afirma que há indícios de que ele tinha se apropriado de relógios Rolex de Vinícius Gritzbach.
Movimentou R$ 43 milhões
O advogado Ahmed, também investigado por lavagem de dinheiro, movimentou R$ 43,2 milhões entre dezembro de 2019 a maio de 2022. Ele recebeu R$ 8,7 milhões em 1.129 depósitos em espécie. A empresa de ônibus UPBUs, ligada ao PCC, enviou R$ 681 mil para ele.
Robinson Granger Moura revelou ao fisco o recebimento de R$ 1,6 milhão em espécie em 2019. De acordo com a PF, a movimentação total do investigado entre dezembro de 2017 e outubro de 2024 foi de R$ 8,2 milhões. No celular dela havia imagens de malas repletas de dinheiro, diz a PF.
Ademir morava em um apartamento de alto padrão, de mais de 200 metros quadrados. E também é dono de um sítio "suntuoso" na cidade de Igaratá, na beira de um lago. Ele é suspeito de ter efetuado transações imobiliárias com traficantes e outros criminosos e teria 45 imóveis só no Tatuapé, zona leste.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos presos. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver posicionamentos.