PM matou mototaxista no Rio e responderá a crime em liberdade, diz polícia
Um policial militar foi indiciado hoje por homicídio doloso —quando há intenção de matar— por atirar na cabeça do mototaxista Matheus Oliveira, 23. O rapaz foi morto em uma abordagem policial na noite de 30 de maio próximo ao Morro do Borel, na Tijuca, zona norte do Rio. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público.
Segundo a Polícia Civil, ele responderá ao processo em liberdade por ter colaborado com as investigações. Cerca de 20 pessoas participaram de um ato em frente à Delegacia de Homicídios da Capital, que contou com a presença dos pais de Matheus. Ao ser abordado em uma rua pouco iluminada, o mototaxista se assustou e tentou retornar. Mas acabou sendo atingido por um disparo.
A DH da Capital identificou a autoria do crime com base em depoimento de testemunhas, análise de câmeras de segurança, perícia no local do crime e confronto balístico. A identidade do agente não foi revelada.
A pistola da corporação usada pelo policial militar para atirar foi entregue à Polícia Civil. Segundo a investigação, foram efetuados dois disparos.
"A equipe de peritos criminais realizou o confronto balístico com o projétil retirado do corpo da vítima e de um estojo encontrado no local. E foi possível identificar o agente que foi autor do disparo", disse o delegado Bruno Araújo Ciniello, responsável pela apuração do caso.
Segundo o delegado, o PM disse em depoimento não ter percebido que o disparo tinha atingido a vítima. Sobre uma possível omissão de socorro, informou que o Corpo de Bombeiros foi acionado pelos dois agentes na ocorrência, que atuavam na UPP do Borel.
A PM-RJ (Polícia Militar do Rio) informou que os policiais envolvidos no caso foram transferidos para outras unidades para atuar em serviços administrativos.
Ato em frente à delegacia em protesto pela morte de mototaxista baleado por PM
PMs fotografam ato e manifestante diz ter se sentido ameaçado
Cerca de 20 pessoas participaram de um protesto em frente à delegacia. Com faixas e camisas que exibiam o rosto de Matheus, eles pediam por justiça.
O mototaxista era casado e deixou um filho de apenas 3 meses. Matheus trabalhava como mototaxista, contínuo, motorista de aplicativo e barbeiro para sustentar a família.
"O Matheus era um garoto de ouro. O moleque corria atrás para sustentar o filho", disse o vigilante Marcelo Motta, 41.
A ação era acompanhada por três policiais militares, do outro lado da rua. Eles chegaram a fotografar o ato. Um deles, inclusive, abordou Marcelo após ele conversar com repórteres.
"A sensação é de medo, porque isso é quase uma ameaça, né? Vou fazer o quê? Estou aqui, dando a minha cara a tapa", desabafou.
Procurada, a assessoria de imprensa da PM-RJ informou que os policiais do 31º BPM (Barra) seguiram os protocolos da corporação para o acompanhamento de manifestações. "Os policiais militares são orientados a identificar os responsáveis pelo movimento de protesto (...) e produzir imagens do evento", afirmou a PM-RJ, em um dos trechos da nota.
"Esse procedimento tem como objetivo assegurar a realização da manifestação em clima de paz e em conformidade com as normas impostas durante a pandemia da covid-19. O controle visa também minimizar o impacto na rotina de moradores da área e do sistema viário", diz a corporação.
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