Secretário de SP contradiz Bolsonaro: Clima não influencia pandemia
Resumo da notícia
- Bolsonaro afirmou que mortes por covid-19 em outros países seria por conta do clima
- O secretário estadual de Saúde de São Paulo disse que o clima não influencia a contaminação
- Acrescentou que no país o coronavírus se comporta da mesma maneira que na Europa e China
- Mas ele disse que ainda há poucos dados para fazer projeção do número de mortes
O clima não parece ser um fator de influência para a pandemia de covid-19, e o coronavírus tem a mesma capacidade de contaminação no Brasil do que na China e em países europeus, declarou o secretário estadual de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann. A afirmação ocorreu durante entrevista coletiva na tarde de ontem.
"Outra constatação que a gente observou é que, vindo do frio para o calor, vindo do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul, não houve modificação no comportamento do vírus no que diz respeito à questão de inverno ou verão. Ele se comportou da mesma maneira", disse o secretário de Saúde.
A declaração vai de encontro ao argumento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a Itália registrou tantas mortes por causa do clima. Hoje, também foi revelado pela Folha de S.Paulo que o governo federal defende a diminuição do isolamento social sem base científica.
O secretário de Saúde de São Paulo contou também que o estado está na borda inferior da curva de crescimento projetada. Mas Germann ressaltou que ainda há carência de dados para fazer projeções a respeito do comportamento do coronavírus e o número de contaminados nas próximas semanas.
"Nós ainda temos poucos dados porque isso começou [há pouco tempo]. A gente passa a estabelecer os pontos nesta curva a partir do caso cem, não é a partir do caso zero. Nós temos um número de pontos ainda muito pequeno."
São Paulo registrou o caso de número cem em 16 de março, o que significa haver dados de 12 dias. Mas o secretário ressaltou que, desde esta data, o número de casos em São Paulo cresceu 467% e no Brasil o aumento foi de 939%. Ele aproveitou as estatísticas para defender a quarentena.
"Eu quero dizer com isso é que as medidas que foram tomadas pelo governo do estado estão em linha com a literatura que a gente consulta e as demais histórias de epidemia que se conhece. É a questão de evitar aglomerações".
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