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Ponto turístico de Porto Alegre vira hospital de campanha para desabrigados

Resgatados desembarcam de botes e barcos em porto improvisado na usina do Gasômetro, em Porto Alegre - Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL
Resgatados desembarcam de botes e barcos em porto improvisado na usina do Gasômetro, em Porto Alegre Imagem: Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL
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Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

03/05/2024 23h11

A Usina do Gasômetro, conhecido ponto turístico no centro de Porto Alegre, virou um hospital de campanha improvisado para desabrigados, a maioria deles, da região das ilhas. Uma parte da cidade está alagada, e a Defesa Civil do Rio Grande do Sul orientou a "evacuação imediata" de parte do centro histórico.

O que aconteceu

Os desabrigados são levados até o Gasômetro em botes ou barcos e desembarcam em um porto improvisado. No ponto turístico, que em dias normais reúne milhares de pessoas, os resgatados são encaminhados para uma triagem com paramédicos.

Nas barracas improvisadas, recebem roupa seca e comida, distribuídas por dezenas de voluntários. Em seguida, os desabrigados são transportados para abrigos em ônibus que saem de tempos em tempos. Os veículos também carregam doações.

3.mai.2024 - Familiares indicam aos socorristas onde há pessoas ilhadas  - Lucas Azevedo/UOL - Lucas Azevedo/UOL
3.mai.2024 - Familiares indicam aos socorristas onde há pessoas ilhadas
Imagem: Lucas Azevedo/UOL

Resgatados, seus familiares e socorristas se abraçam, emocionados. Policiais, bombeiros e militares se misturam a dezenas de civis voluntários, que circulam por ali o tempo todo oferecendo alimento a quem é socorrido e a quem está socorrendo.

As vítimas são homens, mulheres, crianças, idosos e animais de estimação. É dali que o governador Eduardo Leite tem feito seus pronunciamentos, em uma barraca da Defesa Civil.

'Acordei com a água batendo no colchão'

Feirante Emerson Corvello é morador da Ilha da Pintada e foi para o Gasômetro acompanhado da mulher e dois filhos - Lucas Azevedo/UOL - Lucas Azevedo/UOL
O feirante Emerson Corvello foi resgatado junto com sua mulher e dois filhos
Imagem: Lucas Azevedo/UOL

"Água já estava no peito", diz o feirante Emerson Corvello, 32, morador da Ilha da Pintada. Desabrigado, ele foi até o Gasômetro acompanhado da mulher e dos dois filhos. "Acordei às 4h da manhã com a água batendo no colchão. Recolhemos algumas roupas e, em pouco tempo, a água já estava no peito", conta.

Parte da família já estava em outra casa, mas água avançou. A mulher e e os dois filhos do casal, de 2 e 11 anos, estavam abrigados na casa do sogro de Emerson, uma construção de dois andares. "Mas, de manhã, a água já estava no segundo piso. Foi um vizinho que, de barco, os tirou da casa", diz.

A estrutura é gerenciada por voluntários. "Chegamos aqui no início da tarde e não tinha nada disso. Nenhuma estrutura de acolhimento dos desabrigados", afirma a voluntária Aline Lima, 42. Ela conta que as barracas foram montadas por quem chegou se somando aos que já estavam ali para ajudar.

3.mai.2024 - Ônibus transportam doações até os abrigos da prefeitura, em Porto Alegre - Lucas Azevedo/UOL - Lucas Azevedo/UOL
3.mai.2024 - Ônibus transportam doações até os abrigos da prefeitura, em Porto Alegre
Imagem: Lucas Azevedo/UOL

Para a comerciante, faltou planejamento do poder público no atendimento dos desabrigados após o socorro inicial. "Foi só depois que o governador chegou que colocaram gerador de energia, luz, lonas", diz.

Foto antiga da Usina do Gasômetro (ao fundo), às margens do rio Guaíba, em Porto Alegre - Marcos Nagelstein/UOL - Marcos Nagelstein/UOL
Foto antiga da Usina do Gasômetro (ao fundo), às margens do rio Guaíba, em Porto Alegre
Imagem: Marcos Nagelstein/UOL

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