'Pretagonismo'? Ailton Graça comemora 'negrada sendo rica' em novela
Ailton Graça, no ar em "Volta por Cima" (Globo), celebra seu primeiro personagem rico em novelas. Na nova trama das sete, o ator vive Edson, o dono de uma empresa de ônibus.
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Quem é Edson em 'Volta por Cima'?
Edson Bacelar (Aílton Graça) mantém os mesmos hábitos simples que tinha quando novo e via o pai acumular riqueza com a empresa de ônibus Viação Formosa. Hoje, à frente do negócio que herdou, quer preparar Nando (João Gabriel D'Aleluia), seu filho, para dar continuidade ao posto, assim como foi com ele.
O garoto, no entanto, não liga muito para os negócios da família. "Eu tenho um problema com meu filho, que não percebe o perrengue que eu passei lá atrás, o Nando —estou dando spoiler", contou Ailton durante papo com a imprensa no qual Splash esteve presente.
Os Bacelar são muito ricos. "Eu sou rico nessa novela. Coisa que a gente não vê também, a negrada sendo rica. Eu sou muito rico, Cláudia [Souto], eu te agradeço muito. Toda vez que eu entro no estúdio e vejo que a minha casa toma quase que o estúdio inteiro... Amo andar pela nossa casa. Quando eu vejo os nossos talheres, eu olho e falo: 'gente, eu sou muito rico'".
Edson é levado à ostentação quando acompanha Rosana (Viviane Araújo), sua esposa, em alguma festa ou evento chique da cidade. "Temos muito dinheiro. E ele é muito ciumento e a gente tem a oportunidade de brincar com uma pitada de humor, que é muito difícil, que é um pouquinho do melodrama desses dois. Eles são hiper apaixonados, mas existe o melodrama".
A importância do 'pretagonismo'
Ailton celebra viver um momento de representatividade negra tão grande em uma novela com atores pretos no protagonismo, ou 'pretagonismo', como ele chama. "A partir do momento que a gente estabelece esse 'pretagonismo' em cena, junto com o Fabrício [Boliveira] e com a Jéssica [Ellen], a gente vai para um outro lugar de afetividade que precisa ser construída. A partir do momento que a gente fala de amor, de ternura, amplia de uma forma gigante a questão dos sentimentos e das emoções".
Esse mundo insiste em trazer uma outra carga energética que a gente achou que já tinha vencido, que é essa avalanche da extrema direita pensando o mundo, reconstruindo o mundo a partir do seu preconceito, a partir de uma existência que procura sufocar a existência do outro. Nós caminhamos para um lugar da nossa brasilidade. Nessa novela, a Claudia [Souto] traz uma coisa que eu acho mágica, que é a brasilidade. É importante que a gente tenha os pretos, os amarelos, os vermelhos, todos dentro desse grande balaio, fortalecendo uma bandeira que para mim é importante, que é a bandeira de origem do mundo, a origem da humanidade. Ailton Graça
Ele acredita que trazer o ônibus e o samba para a trama são acertos da autora Clauda Souto que retratam essa brasilidade. "Essa novela passa com essa leveza, coloca todo mundo dentro desse ônibus e passeia, nós estamos todos dentro desse ônibus, passeando pela classe abastada, pela classe abastada falida, estamos chegando no subúrbio, estamos chegando num lugar onde se discute educação. Uma mãe solo que conseguiu formar o teu filho preto dentro de uma faculdade, ele tem uma posição acadêmica e ainda nutre o seu desejo por uma coisa que é maravilhosa, que é o samba, que é uma das assinaturas do Brasil em qualquer lugar que se vá. Então tem várias camadas aí que são importantes e tudo isso de uma forma que eu mais me encanto, ela não precisa ser panfletária, ela é. E é isso que eu acho a maior riqueza dessa novela".
Eu agradeço muito pela maneira leve como estão sendo conduzidas essas questões todas, sem a necessidade de panfletar sobre essas questões. A militância já tá lá. As questões já estão sendo debatidas ali dentro e numa construção social que depois de um período cinzento que a gente passou, um período cinzento que a gente passou, de pandemia, pandemônio, a gente volta a ter uma novela solar que fala da nossa brasilidade, que fala das nossas dores e amores de uma maneira muito gigante. Ailton Graça
Lellê, que vive a herdeira Silvinha na trama, complementou as falas de Ailton, mostrando a importância de viver uma jovem preta rica. "Vou pegar aqui o gancho também de rico, milionário. Gente, é um prazer muito grande... Eu faço a Silvinha, que também é uma preta, milionária, herdeira. Isso é um momento muito importante, de uma geração que, sim, sabe o que quer, sabe onde pode chegar, mas ao mesmo tempo sabe que é uma pessoa preta, sabe que existe uma história e eu fico muito feliz de estar representando a Silvinha".
A atriz conta que precisou buscar referências de milionários, já que essa não é sua realidade. "Quando eu peguei o papel da Silvinha, falei assim: 'gente, calma aí como é que eu vou fazer isso?' Porque eu não sou herdeira, né? Não conheço ninguém que é herdeiro. E aí eu procurei referências próximas de pessoas que são bem-sucedidas que têm uma carreira, enfim, uma vida onde conseguiu conquistar".
Eu fiz um trabalho muito detalhado de ancestralidade, de história, de reis e rainhas Eu precisei ir mais a fundo pra representar a Silvinha. E aí quando eu chego no set, eu vejo o meu cenário e a minha casa tem várias estátuas africanas, eu falei: 'bom, eu estou no caminho certo'. Lellê
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