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Argentina vive dia de greve de transportes e protestos contra ajuste fiscal do governo Milei

30/10/2024 10h32

Professores universitários e servidores do Estado aderiram à greve de 24 horas no setor de transportes. Os organizadores preveem cerca de 500 bloqueios de ruas e avenidas nas manifestações por reivindicações salariais. O governo alega que os sindicalistas protestam "porque não querem perder os seus privilégios".

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

A greve iniciada à meia-noite desta quarta-feira (30) paralisa o transporte de carga rodoviário, aviões, barcos, linhas de metrô, ônibus interurbanos e trens. Nem mesmo os táxis circulam. Só há ônibus urbanos e carros por aplicativos. Porém, em algumas cidades do interior do país, também são esperadas paralisações de ônibus.

As companhias aéreas brasileiras cancelaram os voos que chegam ou que partem da Argentina. A Aerolíneas Argentinas informou que pelo menos 27 mil passageiros foram afetados.

"É uma grande jornada nacional de protesto. Muito mais do que uma greve de transportes. A luta não é apenas por questões setoriais, mas pela Educação, pela Saúde, pelas aposentadorias e por tudo o que este governo está destruindo", alerta o sindicalista do setor aeronáutico Juan Pablo Brey.

A falta de transporte de carga e a interrupção das atividades portuárias paralisam embarques e desembarques de mercadorias.

"A greve nos transportes é contundente, mesmo que os ônibus funcionem", garantiu o secretário-geral dos ferroviários, Omar Maturano, que já prevê que a próxima medida de força será por 36 horas ou uma greve geral.

Na Argentina, o transporte ferroviário é mais usado do que os ônibus, cruzando até mesmo áreas nobres de Buenos Aires.

O protesto sindical é contra o ajuste fiscal do governo do presidente Javier Milei. Uniram-se à paralisação os professores universitários e servidores do Estado. Movimentos sociais também programaram manifestações em todo o país.

"O governo Milei vai completar 11 meses. Já ficou claro quem ganhou e quem perdeu nesse período. As grandes empresas que operam no pregão da Bolsa quintuplicaram os seus lucros, enquanto os salários, as aposentadorias e os rendimentos da classe média e dos setores populares desmoronaram", compara o líder da Associação de Trabalhadores do Estado, Rodolfo Aguiar.

Ônibus param em Buenos Aires na quinta-feira

Na quinta-feira (31), por 24 horas, haverá uma greve de ônibus na aérea metropolitana de Buenos Aires, completando dois dias de caos nos transportes. No caso dos motoristas de ônibus, a reivindicação é unicamente salarial. A categoria defende um reajuste de 20% retroativo a agosto. A reivindicação envolve o governo, que subsidia 70% do funcionamento dos ônibus.

O governo, por sua vez, diz que a greve desta quarta-feira é meramente política e procura jogar os sindicalistas contra aqueles que querem trabalhar.

"Os sindicalistas não te deixam trabalhar. Devido à medida de força dos sindicalistas para manterem os seus privilégios, nesta quarta não haverá serviço de transporte. Se te obrigarem a parar, liga para o número 134", ouve-se pelos autofalantes das estações de trem.

"Os sindicalistas que fazem greve são defensores dos seus privilégios em detrimento da grande maioria. Só prejudicam os que querem trabalhar", acusou o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni.

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