Transição deve gerar inflação e exigir juro restritivo nos próximos anos, diz membro do BCE
Dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Alemanha, Joachim Nagel projetou que a transição da economia verde na Europa deve ampliar pressões inflacionárias e, portanto, exigirá postura restritiva da política monetária nos próximos anos.
"Investimentos na transição climática geram demanda adicional e levam a pressão inflacionária. Assim, isso requer uma instância mais restritiva da política monetária, o que pode levar ao aumento do nível geral dos juros nos próximos anos", afirmou, em discurso preparado para evento.
No entanto, o dirigente ponderou que outros fatores também influenciam o comportamento dos preços e podem aliviar a pressão inflacionária. Nagel citou como exemplo a digitalização e o uso da inteligência artificial (IA), que "estão desacelerando o aumento de preços por meio do crescimento da produtividade, o que tende a baixar taxas de juros". "Logo, o efeito das pressões inflacionárias sobre a economia não é completamente claro no momento", apontou.
Nagel comentou ainda que é difícil dizer qual será o nível de equilíbrio dos juros do BCE no futuro, mas ressaltou que os investimentos para economia verde são necessários e não prejudicam a meta de alcançar a estabilidade de preços, com a inflação em 2%.
Para ele, a economia europeia tem espaço para realizar os investimentos verdes necessários, calculados em 5 trilhões de euros, até 2045. Entre os benefícios, Nagel destacou que a transição climática deve trazer diversas oportunidades para bancos locais, particularmente por meio de instrumentos como empréstimos bancários, securitizações e financiamento de capital de risco.
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