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Motorista de Porsche 'não tem condição de ir a presídio normal', diz defesa

Fernando Sastre de Andrade Filho conduzia o Porsche que colidiu contra o carro da vítima em São Paulo - Reprodução/TV Globo
Fernando Sastre de Andrade Filho conduzia o Porsche que colidiu contra o carro da vítima em São Paulo Imagem: Reprodução/TV Globo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/05/2024 00h32Atualizada em 05/05/2024 08h55

O advogado Jonas Marzagão, que representa Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, afirmou ao UOL que o cliente — que é considerado foragido — "não tem condições de ir para um presídio normal". O empresário é o motorista do Porsche que se envolveu em uma colisão e matou um homem e deixou outro gravemente ferido em São Paulo.

O que aconteceu

Defesa pedirá que Fernando seja encaminhado para a Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo. O motorista do carro de luxo é considerado foragido da Justiça após a Polícia Civil ter ido até a casa dele na tarde de sábado (4) para cumprir o mandado de prisão e não o encontrar no local.

Presídio de Tremembé é conhecido como "presídio dos famosos" por abrigar envolvidos em casos de grande repercussão nacional. Entre eles, o ex-jogador Robson de Souza, o Robinho, condenado por estupro; Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha Isabella; Cristian Cravinhos, preso pelo assassinato do casal Richthofen; Lindemberg Alves, assassino de Eloá Pimentel; e Gil Rugai, preso por matar o pai e a madrasta. A Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado também é chamada de "P2 de Tremembé".

Advogado cita "repercussão midiática" em torno do crime e segurança como argumentos para solicitação. Segundo Marzagão, ele irá até o fórum na segunda-feira (6) para fazer a solicitação e conversar com o juiz ou setor responsável pelo possível processo de encaminhamento de Fernando ao P2 de Tremembé.

Fernando se prontificou a cumprir a determinação judicial da prisão, alega o defensor. No entanto, o advogado destacou à reportagem que, após a decisão, pediu para o cliente "esperar" e, então, a Polícia Civil já decidiu procurá-lo no sábado. Marzagão falou ao UOL que não foi procurado pelas autoridades para agendar uma possível conversa sobre a entrega do condutor.

"Eu acho que o perfil dele [Fernando] é Tremembé", afirma o advogado. De acordo com o defensor, a conversa com o Poder Judiciário também é uma forma de fazer com que o empresário se entregue à polícia sem que a situação seja "muito midiática". Ele ainda informou que a defesa vai recorrer da decisão judicial para a prisão do motorista.

Então, ele [Fernando] está disposto [a se entregar], está tranquilo. (...) Então, assim, eu só quero a garantia da integridade física dele. Eu vou primeiro no fórum conversar, só para ter um lugar seguro por que eu acho que não tem condições de [o Fernando] ir para um presídio normal.
Advogado Jonas Marzagão, defensor de Fernando, ao UOL

Empresário é considerado foragido

Com o mandado em mãos, uma equipe do 30º Distrito Policial (Tatuapé) foi ao endereço do empresário na Vila Regente Feijó, na zona leste de São Paulo, para cumprir a decisão da Justiça na tarde de sábado (4). Como ele não foi encontrado, o condutor do carro de luxo passou a ser considerado foragido.

As diligências prosseguem visando a localização e captura de Fernando. A informação é da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo ao UOL.

Mandado de prisão foi expedido na tarde de sábado (4). "O juiz de Direito da 1ª Vara do Júri do Foro Central Criminal, doutor Roberto Zanichelli, Cintra, na forma da lei, manda qualquer autoridade policial e seus agentes, a quem este for apresentado, que prenda e recolha a qualquer unidade de estabelecimento prisional deste estado (...) Fernando de Andrade Sastre Filho", diz trecho do documento obtido pelo UOL.

Prisão preventiva foi decretada na noite de sexta-feira (3) por desembargador. João Augusto Garcia, da 5ª Câmara de Direito Criminal, viu risco de reiteração de condutas. "A ligação com atos semelhantes, mesmo instado por pessoas a não dirigir, por seu estado (indicado ainda pelo frentista, que viu o réu sair cambaleando), fazem crer na possibilidade de reiteração em descumprimento de normas", disse na decisão.

Defesa informou na sexta-feira (3) que vai recorrer, mas que cumprirá a decisão judicial. Os representantes legais do empresário divulgaram uma nota afirmando que as medidas anteriormente impostas — como suspensão da CNH e proibição de contato com testemunhas — eram suficientes e que a prisão preventiva é "desproporcional".

Condutor de Porsche é réu

Fernando é réu sob a acusação de homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado e lesão corporal gravíssima. A denúncia foi feita pela promotora Monique Ratton, do Ministério Público de São Paulo. O motorista de aplicativo Ornaldo Viana, 54, morreu após a colisão e Marcos Vinicius Rocha, 22, amigo do motorista do Porsche, ficou gravemente ferido.

A Justiça já havia negado três pedidos de prisão contra o empresário, mas o Ministério Público recorreu. Na decisão desta sexta-feira (3), o desembargador citou relatos de testemunhas de que o motorista do Porsche estava alcoolizado e "não conseguia nem sequer parar em pé".

A decisão também menciona o fato de que ele transitava em velocidade acima de 156 km/h no momento da colisão — a velocidade permitida na via onde houve a batida é de 50 km/h. Além disso, Andrade Filho tinha em seu histórico multas por excesso de velocidade e até um racha na avenida Paulista.

Mudança de depoimento de uma das testemunhas também pesou contra o empresário. Na denúncia, para justificar o pedido de prisão, o Ministério Público havia relatado que o empresário pressionou a namorada a negar que ele estivesse embriagado quando guiava o Porsche. Outras testemunhas, porém, apontaram que ele ingeriu álcool em dois estabelecimentos antes de dirigir.

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