Jornais franceses destacam o drama de famílias ucranianas separadas pela guerra
Alheios às notícias do front, eles revelam suas dificuldades para se adaptarem a um novo país, a saudade de casa, a relação controversa com a guerra. Os jornais franceses desta quinta-feira (18) voltam a jogar luz sob a condição humana dos ucranianos à margem do conflito.
"Eu quero voltar para casa um dia". A manchete do Le Parisien reproduz o testemunho de uma jovem ucraniana de 33 anos. A foto de Alisa e seus três filhos cobre a capa do diário francês. Eles são apenas mais uma família entre os mais de 100 mil ucranianos refugiados na França, dos quais 80% são mulheres e crianças.
Se por um lado Alisa se sente segura com seus filhos em território francês, por outro, existe a angústia pelo seu marido e seu pai, que ainda vivem sob a ameaça das bombas russas.
A 2 mil ou 3 mil quilômetros de casa, estes migrantes passam os dias com olhos fixos em seus telefones, à espera de notícias daqueles que ficaram em solo ucraniano, sem previsão de quando retornarão a seus lares.
Dos ucranianos acolhidos na França, estima-se que apenas 10% estariam trabalhando. A falta de domínio do idioma ou simplesmente não ter com quem deixar os filhos costumam ser grandes impeditivos para a entrada no mercado de trabalho. Somente algumas centenas frequentam os cursos de francês oferecidos pelo Estado.
Drama na fronteira
Já o Le Monde descreve o drama dos mais de 6 mil ucranianos de 18 a 60 anos presos na fronteira com a Romênia ao tentarem sair do país e não se engajarem nos combates.
Muitos tentam deixar a Ucrânia para se juntar às suas famílias, instaladas provisoriamente em outros países, principalmente da Europa. Os desertores podem ser condenados a pagarem uma multa de 8,5 mil hryvnias, o que corresponde a € 226 ou R$ 1.190.
Alguns tentam subornar os guardas de fronteira. Mas um desses guardas que aceitou suborno foi condenado a três anos de prisão.
Apesar de todo esse impasse, no final de maio, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu indiferente a uma petição de 25 mil assinaturas que solicitava a anulação da interdição de saída do território para esses homens.
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