Disputa entre primos será voto a voto no Recife
Diferentemente de São Paulo, onde a maioria dos quadros e partidos de esquerda declarou apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) e passou a falar em "grande frente progressista", em Recife, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou para Marília enquanto Ciro Gomes (PDT), subiu no palanque de Campos.
A disputa será voto a voto. Pesquisa Ibope divulgada no sábado aponta que Campos e Marília estão empatados em 50% - a margem de erro é de três pontos porcentuais e o levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número PE-02002/2020. Em relação ao levantamento anterior do instituto, de quarta-feira passada, Campos recuou um ponto porcentual e Marília subiu também um, ainda se for considerado somente os votos válidos.
Na campanha, a petista afirmou que seu concorrente, se eleito, seria um "fantoche" da mãe, Renata Campos - viúva do ex-governador Eduardo Campos e aliada do atual prefeito, Geraldo Julio (PSB), e do hoje governador do Paulo Câmara (PSB). Marília chegou, mês passado, a chamar o primo de "frouxo" e sugeriu que ele estava se escondendo atrás da vice, Isabella de Roldão (PDT), para criticar as propostas petistas.
Já Campos tem adotado um forte tom antipetista e chegou a dizer, durante um debate, que o PT não pode reclamar de corrupção porque não é possível contar nos dedos a quantidade de pessoas da sigla que foram presas sob acusações de desvios. Sua propaganda citou nomes de petistas como José Dirceu, Gleisi Hoffman e Aloizio Mercadante, afirmando que eles "querem voltar".
Embora Campos tenha, em 2018, apoiado Fernando Haddad ainda no primeiro turno da disputa presidencial e participado de agendas com Lula antes de sua prisão, a estratégia agora é atrair os eleitores antipetistas, já que 200 mil eleitores votaram em Mendonça Filho (DEM) e 112 mil optaram pela Delegada Patrícia (Podemos) - os dois se recusaram a declarar apoio no segundo turno.
"Acho que o PSB de Pernambuco usa os mesmos métodos do PT nacional, que eu ajudei a derrubar. Então não seria coerente para mim referendar um projeto do PSB que é o poder pelo poder, que vai até 2038", afirmou Mendonça, que prega o voto nulo no segundo turno.
"A disputa no Recife separou definitivamente PT e PSB e aproximou fortemente PSB do PDT", afirmou o senador petista por Pernambuco, Humberto Costa. Ele se queixa do tom antipetista que marcou a campanha de Campos e fala na possibilidade de o PT até desembarcar do governo de Paulo Câmara (PSB), que o PT ajudou a eleger em 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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