Governo colombiano responsabiliza ELN por atentado terrorista em Bogotá
(Atualiza com declarações do alto comissário de Paz).
Bogotá, 18 jan (EFE).- O governo da Colômbia atribuiu nesta sexta-feira à guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) a autoria do atentado terrorista contra a Escola de Cadetes da Polícia em Bogotá que ontem matou pelo menos 21 pessoas, incluindo o autor do ataque, e deixou 68 feridas.
"De uma só vez, um ato terrorista cometido pelo ELN custou essas vidas", disse em entrevista coletiva o ministro da Defesa colombiano, Guillermo Botero, ao referir-se às 20 vítimas mortais, sobre as quais disse que eram todos cadetes da polícia, "com idades entre 17 e talvez 22 anos".
O atentado foi cometido na manhã de ontem com um carro-bomba carregado com 80 quilos do explosivo pentolite que foram detonados dentro da Escola de Cadetes da Polícia General Francisco de Paula Santander, no sul de Bogotá.
O ministro confirmou que o autor material do atentado foi José Aldemar Rojas Rodríguez, de 56 anos, que era conhecido como "Mocho" ou "Kiko" porque entre 2008 e 2010 perdeu sua mão direita ao manipular explosivos.
"Trata-se de um explosivista da guerrilha que perdeu sua mão direita e que desde 1994 atuou como miliciano do ELN em Puerto Nuevo, no departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela", acrescentou.
Botero afirmou que Rojas Rodríguez "fez parte da frente Domingo Laín Sáenz", uma das mais poderosas do ELN, que opera na região de Arauca, onde comentou vários atentados contra a infraestrutura petrolífera.
"O autor material deste ato terrorista é membro do Exército de Libertação Nacional (ELN)", confirmou, por sua parte, o procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, que também falou na entrevista coletiva realizada na Casa de Nariño, sede da presidência colombiana.
Martínez, que junto com o ministro Botero deu detalhes da maneira como aconteceu o atentado e das investigações que estão sendo realizadas, assegurou que as autoridades têm documentos que comprovam a filiação do terrorista ao ELN.
O governo e o ELN iniciaram em fevereiro de 2017 diálogos de paz que atualmente estão suspensos e cuja continuidade fica ainda mais em dúvida depois deste atentado, segundo analistas.
A esse respeito, o alto comissário de Paz, Miguel Ceballos, reiterou a postura do presidente colombiano, Iván Duque, de que não haverá negociações de paz com esse grupo enquanto persistir na sua atividade criminosa, entregar todas as pessoas que mantém sequestradas e deixar de seguir cometendo esse crime.
"Também disse que não haverá nenhum espaço de diálogo se continuar com os atos criminosos, e hoje estamos lamentando este ato criminoso (...) Frente ao terrorismo o presidente Duque e seu governo não vamos ceder e não vamos negociar", ressaltou.
Segundo o funcionário, "é importante neste momento que o país entenda que o ELN não fez uma só manifestação da sua vontade de paz" e acrescentou: "O governo sabe e entende que o ELN não tem vontade de paz".
Ceballos afirmou ainda que nesta mesma manhã se reunirá com Duque "para conversar sobre os detalhes que apresentarão ao país" e, depois desse encontro, o presidente "fará um anúncio sobre a decisão do governo nacional em relação a esse grupo armado organizado".
O alto comissário disse também que durante os 17 meses em que o governo anterior manteve diálogos com o ELN, primeiro em Quito e depois em Havana, essa guerrilha cometeu "mais de 400 atos contra a lei, atos de terrorismo, de violação de direitos dos colombianos" e assassinou "mais de cem pessoas".
Além disso, ressaltou que, desde que Duque assumiu a presidência, no último dia 7 de agosto, "o ELN sequestrou nove pessoas" que se somam às que já tinha mantinha reféns e executou 33 explosões no oleoduto Caño Limón-Coveñas, das quais cinco foram cometidas em 2019. EFE
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