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Mãe de três e grávida da quarta filha, médica dá 7 dicas para um bom parto

Dra Ana Bárbara Jannuzzi e Clarice, quando tinha 3 anos; e Romana, quando tinha 5 meses - Arquivo pessoal
Dra Ana Bárbara Jannuzzi e Clarice, quando tinha 3 anos; e Romana, quando tinha 5 meses Imagem: Arquivo pessoal
do UOL

Por Bárbara Therrie

De Universa

08/11/2024 05h30

Não, ela não está tentando ter um menino. Grávida de seis meses de uma menina e mãe de outras três, a médica Ana Bárbara Jannuzzi, de 30 anos, diz que todas as gravidezes foram planejadas com o marido, o professor Alexandre Giannico Borges, 50, e que o sexo do bebê não é uma preocupação do casal.

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Cresci num ambiente cultural que repetia muitas vezes que ser mãe era acabar com a vida da mulher, que filhos eram um peso e sempre tive medo disso acontecer comigo. Depois que a minha primeira filha nasceu, percebi o tamanho do amor, da dimensão da entrega a outro ser humano e de tudo o que vem junto. A maternidade tem sido talvez a experiência mais maravilhosa da minha vida.Ana Bárbara Jannuzzi

Pós-graduada em pediatria e sono na infância e adolescência, Jannuzzi oferece cursos sobre gestação e sono do bebê, tem uma editora com livros voltados para mães e produz conteúdos sobre esse universo para os seguidores no Instagram.

Ela conta como cuida de três crianças pequenas (em breve de quatro) e dá sete dicas sobre parto após ter parido três vezes de forma natural.

Você tem três filhas, Clarice, 6, Romana, 3, Rebecca, 1, e está grávida de seis meses de uma menina. O que mudou de mãe de primeira viagem até estar grávida pela quarta vez?

Ser mãe de primeira viagem é um pouco assustador. Engravidei da minha primeira filha aos 23 anos. Eu tinha medo da minha vida acabar e de nunca mais conseguir encontrar um rumo ou me reencontrar no processo. Agora, grávida da quarta filha e com 30 anos, já sei que essas angústias são normais, mas não têm razão de ser. A gente encontra - e constrói - uma nova versão nossa no processo, e isso é maravilhoso.

Acho que a maternidade se torna mais leve porque sabemos que as coisas não são tão fatalistas. Se a criança ficar resfriada, tudo bem, logo vai passar. Se sairmos da rotina hoje, amanhã a gente volta. Se hoje só tiver arroz com ovo pra comer na correria, está tudo certo.

Dra Ana Bárbara Jannuzzi e Rebecca, quando ela tinha 6 meses - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Dra Ana Bárbara Jannuzzi e Rebecca, quando ela tinha 6 meses
Imagem: Arquivo pessoal

Como dar conta de cuidar de três crianças pequenas?

A minha filha mais velha vai para a creche, a do meio está no processo de adaptação e a caçula fica em casa em tempo integral. Hoje em dia tenho a ajuda da Bianca, que é a babá das meninas. Ela é fundamental na rotina já que eu faço home-office, participo de reuniões e atualmente estou fazendo mestrado na Universidade de Coimbra, em Portugal.

O que eu costumo fazer para dar conta das demandas é:

- Acordar mais cedo e fazer meus exercícios: preciso disso, faz parte da minha rotina de cuidados de saúde mental. Quando as crianças estão acordadas, meu treino que duraria 30 minutos, demora três horas, porque eu malho na sala enquanto vou fazendo outras coisas, como preparar o café da manhã, amamentar, lavar louça, apartar pequenas discussões das meninas.

Com filhos tudo demora mais, seja fazer um atividade física ou terminar um projeto. O importante é fazer o que é preciso, ainda que de forma fracionada, apesar das interrupções.

- Ter sempre comida congelada: fazemos as porções em maior quantidade para congelar e sobrar. Com isso, gastamos menos tempo cozinhando durante a semana.

- As rotinas com as meninas são feitas ao mesmo tempo: dou o café da manhã, banho, troco de roupa, dou o almoço, brinco. Faço tudo junto e não uma coisa com cada em sequência. Isso otimiza tempo.

- Meninas não veem TV e nenhum eletrônico ao longo da semana: temos apenas o nosso filme em família aos domingos. Isso permitiu que elas aprendessem a brincar sozinhas e entre elas. Eu evito atrapalhar esses momentos para que elas mantenham a concentração nas brincadeiras.

Você afirma que a dica que salva a sua maternidade é fazer tudo o que for possível, como as tarefas domésticas, quando o bebê está acordado. Geralmente as mães fazem essas coisas quando a criança está dormindo. Qual sua lógica?

Filhas da dra. Ana Bárbara Jannuzzi - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Filhas da dra. Ana Bárbara Jannuzzi
Imagem: Arquivo pessoal


Essa foi uma coisa que aprendi cedo na maternidade quando ainda não tinha ajuda com a minha primeira filha e precisava estudar para a prova de residência. Tudo que era relacionado à casa, como arrumar a cozinha, eu fazia enquanto ela estava acordada.

Se a Clarice quisesse mais colo, eu a colocava no sling. Se não, a deixava no carrinho ou no tapete ao meu lado, distraindo com brinquedos. Quando ela dormia, eu parava tudo que estava fazendo em relação à casa, largava a vassoura, e ia cuidar da outra parte da minha vida, na época os estudos. Eu aproveitava as sonecas dela no colo (que eram produtivas) para estudar e fazer o que precisava. A casa não era a mais organizada do mundo, mas paciência, era uma questão de hierarquizar prioridades.

Você teve três partos normais sem analgesia. Isso te dá mais segurança para o quarto parto ou você ainda sente medo?

Meus três partos foram maravilhosos. A Clarice nasceu com quatro horas de trabalho de parto ativo; a Romana nasceu com 1h30; e a Rebecca nasceu com 26 minutos. Os dois primeiros doeram mais, o terceiro foi mais tranquilo. Eu senti medo da dor em todos os nascimentos, mas não lembro de ter sofrido. Dor não é igual a sofrimento.

Na quarta gestação tenho medo de não aguentar e de doer muito, mas sinceramente meu maior medo é a bebê nascer no meio da rua, já que o último parto foi tão rápido. Disse para o meu marido que não vou sair de casa no último trimestre nem para comprar pão. Não estou fazendo nada de diferente para o quarto parto, a não ser malhar todos os dias para diminuir a dor nas costas.

7 dicas para ter um bom parto

  1. Ter algo para distrair a dor: Segurar e apertar algo, como um pente, ajuda no momento das contrações. Isso faz seu cérebro focar na dor que está sentindo na mão e não na contração. É uma forma de "enganar" o cérebro. No meu terceiro parto apertava as bolinhas do meu terço;
  2. Não foque em quanto tempo está faltando, mas foque que é uma contração a menos: A contração parece uma onda. Ela vai aumentando de dor, chega a um nível máximo e depois diminui. Isso acontece quando estamos no mar e subimos e descemos de acordo com a onda. Focar que falta uma contração a menos é fundamental para conseguir aguentar o pico da dor;
  3. Se movimente livremente: Se movimentar pode significar ficar parada na cama, agachada no chão ou qualquer outra posição que o seu corpo esteja te pedindo -- aqui o importante é ouvir o seu corpo. Ele, mais do que ninguém, sabe onde está o bebê e o que precisa fazer para ajudá-lo a nascer; No meu primeiro parto, por exemplo, eu não queria sair do vaso sanitário, era mais confortável ficar sentada lá do que em qualquer outro lugar (risos). No segundo parto, queria ficar escondida no meu closet;
  4. Ter uma equipe de confiança: Pode ser uma equipe particular ou o hospital que você já conhece e confia. Quanto mais estamos tranquilas, mais a ocitocina (hormônio das contrações) pode agir;
  5. Ter um acompanhante que sabe o que está acontecendo: A mulher precisa estar segura para parir, o que inclui saber que tem alguém ao lado dela que está tomando os cuidados necessários;
  6. Evite luzes e barulhos altos: Para parir é necessário desligar o "botão" da adrenalina;
  7. Evite intervenções desnecessárias: Estude sobre gestação e parto. Chegar cedo demais no hospital, por exemplo, pode aumentar o risco de intervenções desnecessária.

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