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E as Anavitória que lançaram disco com Rita Lee e Lenine na virada do ano?

Dupla Anavitória lança o disco "Cor" - Divulgação
Dupla Anavitória lança o disco 'Cor' Imagem: Divulgação
do UOL

Colunista do UOL

04/01/2021 12h12

Sem tempo?

  • Na virada de 2020 para 2021, a dupla Anavitória lançou o disco 'Cor'
  • O álbum foi co-produzido por Ana Caetano e Tó Brandileone
  • São 14 faixas, duas delas com participações especialíssimas
  • Rita Lee e Lenine participam das músicas escolhidas para abrir e para fechar o disco

Em pouco mais de cinco horas de viagem, na rodovia entre Petrolina (Pernambuco) e Juazeiro do Norte (Ceará), a cabeça de Ana Caetano borbulhava em ideias. "Cor", a palavra, "pulou", como ela diz, na frente dos outros pensamentos. Anotou no bloco de notas do celular. Era dia 14 de dezembro de 2019.

Faz um tempo já. Era outro Brasil, outro mundo, outro tudo. E mudou, mudou tanto, com esse 2020. Mas "Cor" ficou e virou disco. O terceiro de músicas inéditas de Ana Caetano e Vitória Falcão, as Anavitória.

Levou esse estranho 2020 para que "Cor" ficasse pronto, co-produzido por Ana e pelo geniozinho Tó Brandileone (músico que você deve/deveria conhecer do grupo 5 a Seco). Sucessor dos álbuns "Anavitória" (2016), o lançado na surpresa "O Tempo É Agora" (2018), as releituras de Nando Reis em "N" (2019), "Cor" é o que o universo da música pop, de singles e EPs, deverá chamar de início de uma nova era da dupla.

É bom lembrar que os dois discos de inéditas anteriores do duo foram indicados ao Grammy Latino.

É maturidade, de fato, o que você ouve ali. Vitória Falcão, no canto, é cada vez mais assombrosa. Ana Caetano, por sua vez, é o contraponto na voz, porque há beleza justamente neste yin-yang, e arrebatadora na caneta. Com exceção do interlúdio "(dia 34)", as músicas são escritas por ela.

Ao todo, são 14 faixas em "Cor", álbum produzido e gravado em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro. Lançado pela F/SIMAS e distribuído pela Ingrooves (da Universal Music), o álbum suspira a significados e easter eggs.

A palavra "Cor" é formada por três letras, este é o terceiro álbum delas, é mesmo número de pessoas que fazem parte de Anavitória (Ana, Vitória e o empresário Felipe Simas). Como explicou Ana em um texto publicado no lançamento do álbum, "três é considerado a união entre corpo, espírito e mente".

Ela dá ênfase, neste texto, na palavra "completude". "Cor" é um pouco disso, sim, do que é o som das Anavitória até aqui. Talvez seja proposital, talvez seja involuntário afinal vivemos em um ano de distanciamento social, possivelmente ambos, "Cor" é um disco realmente de solidões e solidutes. De amores distantes. De saudades. De memórias.

Enquanto "O Tempo É Agora" parecia refletir, sentimentalmente, a vida na estrada, em movimento, "Cor" transpira um acolhimento agridoce de uma vida em clausura.

Lançado de surpresa, na virada de 2020 para 2021, "Cor" traz as participações da incrível Rita Lee (em um texto "Amarelo, azul e branco"), na abertura do álbum, e Lenine, no encerramento (em "Lisboa").

Ouça "Cor", o terceiro disco da dupla Anavitória. E, depois, um texto assinado por Ana Caetano sobre o lançamento do álbum.

"31 de dezembro de 2020

Tô de barriga pra cima, deitada no chão da minha cozinha, escutando o COR pela última vez antes de ser lançado.

Hoje é o último dia do ano e na transição pro vinte e um, todas essas 14 faixas, que ouço agora sozinha, serão tocadas simultaneamente em vários fones de ouvido e caixas de som de celulares e computadores e vão embalar o primeiro momento do ano de muita gente. Acho isso forte. Gosto de acreditar no poder que encerramentos e inícios carregam. Gostamos todos, Felipe, Vitória e eu. Por isso escolhemos esse dia pra parir.

Nos últimos dois anos, passei boa parte do meu tempo na estrada ouvindo as novas composições numas gravações bobas que tinha feito e tentava imaginar como seriam essas músicas quando arranjadas.

Junto da Vitória, nutria uma tara por um próximo trabalho, onde encontraríamos o som que estávamos buscando. A busca era e é diária, ainda mais com duas mulheres inquietas que mudam tanto de ideia.

No dia 14/12/19 - e sei disso, porque fiz questão de anotar no bloco de notas pra virar verdade - na rodovia entre Petrolina e Juazeiro do Norte, a palavra "Cor" pulou na minha cabeça como um possível nome pra um possível novo disco. Dividi com Vi, ela amou de primeira e, juntas, fomos entender o porquê desse nome fazer tanto sentido na nossa boca e nos nossos ouvidos. É aí que entra a nossa procura, sem sucesso, por significados desse título. De cara, caímos na numerologia. Cor tem 3 letras, esse é o nosso 3º álbum autoral, Anavitória são 3 pessoas. Na espiritualidade, o numero 3 é considerado como a união entre o corpo, o espírito e a mente. Completude. No conceito, todos esses anos nos cobrimos de preto e branco e num momento de rupturas dentro da nossa história, nada mais justo que colorir, a partir daqui, nosso caminho. Nesse dia, passamos a viagem inteira bolando argumentos pra vender esse peixe pro Felipe. Ligamos pra contar da nova ideia e Fe pediu um tempo pra se acostumar. Nem precisou. Dali em diante, começamos a chamar o Cor de Cor com a maior intimidade e naturalidade do planeta. O porquê? Algo que não sei entre numerologia, espiritualidade, conceito e a mais pura e genuína intuição."

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