Polícia abre inquérito para apurar lesão corporal de Datena contra Marçal
A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito nesta segunda-feira (16) para investigar se José Luiz Datena (PSDB) cometeu os crimes de lesão corporal e injúria contra Pablo Marçal (PRTB) durante o debate da TV Cultura no domingo (15).
O que aconteceu
Marçal prestou depoimento à polícia nesta segunda (16). Na mesma ocasião, o candidato do PRTB ofereceu representação criminal contra Datena.
Advogado de Pablo Marçal disse que acredita no trabalho da polícia e da Justiça. Tassio Renam afirma ainda que deseja que o inquérito "resulte, pelo menos, no crime de lesão corporal de natureza greve e crime de injúria".
Tassio disse que o inquérito foi aberto após a representação ter sido realizada no 15º DP (Itaim Bibi). "Fizemos o boletim de ocorrência ontem a noite e depois o exame de corpo de delito. Hoje, fomos até a delegacia pleitear a representação", disse Tassio. O caso foi registrado no 78º Distrito Policial (Jardins).
Advogado afirma que tomará medidas eleitorais contra Datena. Segundo ele, a equipe irá entrar com uma ação na Justiça Eleitoral para que o apresentador seja impedido de participar dos próximos debates e pela cassação da candidatura do tucano.
"Imagens são analisadas", afirma Polícia Civil em nota. Ainda segundo o órgão, a autoridade policial requisitou exame de corpo de delito a Marçal.
A assessoria de imprensa de Datena afirmou que o tucano está "tranquilo" em relação ao boletim de ocorrência registrado após a agressão e as investigações policiais. A assessoria disse também que o candidato do PSDB está à disposição das autoridades.
Datena disse também que vai entrar com ações criminal e eleitoral contra Marçal. Ele adotará as medida após ter sido chamado de "estuprador" — ele alega que é vítima de ofensas e acusações falsas. O apresentar disse que não se arrepende de ter agredido Marçal com uma cadeira no debate na TV Cultura.
O que diz o boletim de ocorrência
Advogado relatou que Datena xingou o influenciador de "canalha" e "filha da p...". No boletim de ocorrência, o advogado diz que o tucano "agrediu [Marçal] fisicamente com uma cadeira/banqueta atingindo a região da cabeça e também torácica e costelas do candidato Pablo Marçal".
Tassio disse no boletim de ocorrência que "Datena teve uma reação explosiva". Segundo a assessoria de imprensa do candidato, Marçal deve comparecer à delegacia para representar contra o apresentador nesta segunda-feira (16).
Candidato havia cancelado a agenda de atividades para esta segunda-feira (16), mas depois anunciou uma caminhada na Santa Ifigênia. "Em decorrência do lamentável episódio no debate da TV Cultura, a agenda de hoje está cancelada", informou a assessoria de imprensa por meio de nota.
Como ocorreu o momento da agressão
Datena se aproximou do púlpito de Marçal e bateu nele com uma cadeira. Marçal se defendeu com os braços. Seguranças entraram no palco e a TV Cultura chamou o intervalo, exibindo imagens de programas antigos da emissora.
Imediatamente antes da cadeirada, Marçal disse que Datena "não era homem" para bater nele e o chamou de "arregão". O ex-coach estava fazendo referência ao debate da TV Gazeta/My News, em 1º de setembro, quando Datena deixou seu lugar no palco e foi em direção a Marçal. A mediadora do debate, Denise Campos de Toledo, chegou a chamar os seguranças, mas Datena retornou ao local onde estava posicionado, sendo advertido.
Após dar a cadeirada em Marçal, Datena pegou uma segunda cadeira, mas não jogou. Foi contido por seguranças e por Ricardo Nunes (MDB) — dono da segunda cadeira. Enquanto isso, Marçal estava em pé, com seguranças a sua frente. Imagens gravadas de dentro do estúdio indicam que Datena e Marçal continuaram batendo boca depois da agressão.
A agressão ocorreu no quarto bloco, mas a tensão entre Datena e Marçal começou antes, no segundo bloco, quando Marçal afirmou que Datena assediou uma mulher. Datena foi sorteado para fazer uma pergunta para Marçal, mas disse que preferiu se reservar "o direito de não perguntar nada para o Pablo Marçal, porque até agora ele subverteu toda perspectiva desses debates".
No seu tempo de resposta, Marçal chamou o apresentador de "Dá pena", acusou o apresentador de um caso de assédio sexual e disse que ele deveria pedir perdão às mulheres. "Eu quero saber se você tocou na vagina dela como é que foi essa questão de assédio sexual."
Datena se disse inocente, falou que caso foi arquivado e acrescentou que esse foi um tema que gerou "grande problema" para a família dele. "Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas."
Já no quarto bloco, Marçal voltou a provocar Datena ao perguntar quando o tucano iria deixar a disputa eleitoral. O apresentador usou seu tempo de resposta para voltar a se defender da acusação de assédio.
Datena disse que não havia provas do assédio e que o assunto "chegou a provocar a morte da minha sogra por calúnia e difamação, depois de três AVCs". Em seguida, lembrou que Marçal foi condenado pela Justiça. "Todos nós estamos falando aqui de uma condenação... Você foi condenado como bandidinho, ladrãozinho de dados de internet", disse. "Você foi condenado." Quando a palavra voltou para Marçal, o ex-coach disse que Datena "não era homem" para enfrentá-lo. A isso se seguiu a cadeirada. A cadeira usada por Datena para agredir Marçal era a da candidata Marina Helena (Novo), disse ela em entrevista.
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