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Procurador venezuelano acusa ex-ministro de 'conspirar' com oposição e EUA

29/04/2024 18h10

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou na segunda-feira (29) um ex-ministro do Petróleo preso por corrupção de "conspirar" com a oposição e os Estados Unidos para derrubar o presidente Nicolás Maduro.

O ex-ministro Tareck El Aissami foi preso em 9 de abril, por vínculos com um esquema que levou a um prejuízo de aproximadamente US$ 17 bilhões (R$ 86,9 bilhões) da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), pelo qual foram detidas outras 65 pessoas.

Saab o chamou de "chefe de máfia corrupta" e revelou uma "conspiração política lamentável", com a qual relacionou o líder opositor exilado Leopoldo López.

"Não era somente corrupção moral, mental, de espírito e alma desta gente, mas também a corrupção política, ideológica que os levou sem nenhum tipo de vergonha a se aliar com os piores inimigos da pátria", acrescentou. 

O procurador também divulgou áudios de conversas entre o braço direito de El Aissami, o empresário detido Samark López, e dirigentes opositores no exílio como López, Julio Borges e Carlos Vecchio, assim como Carlos Ocariz, ex-prefeito de um dos cinco municípios que compõem Caracas.

Os áudios são de 2020. "Configurou-se uma máfia muito corrupta, que aproveitou a confiança e o poder que concedidos não apenas para fraudar o país, para roubar, mas que também articulou um plano com a direita extremista e o governo dos Estados Unidos", reagiu Maduro na televisão estatal.

Segundo Saab, "El Aissami, Samark e todo o conglomerado corrupto que o acompanhava" mantinha contatos com funcionários dos Estados Unidos, como o embaixador James Story, que esteve à frente do escritório para Assuntos da Venezuela em Bogotá.

López negou as acusações de "conspiração", embora tenha reconhecido que conversou com o braço direito de El Aissami. "Eu me comuniquei com muitas pessoas do regime", contou, durante um fórum virtual. "Muitas pessoas que estão alinhadas na estrutura de poder da ditadura e que também estão, estiveram e continuam a estar interessadas em provocar mudanças na Venezuela".

Ocariz também reconheceu os contatos, mas alegou que foram motivados por uma proposta para liberar recursos congelados por sanções para investi-los em planos sociais devido à pandemia de coronavírus. 

O promotor disse que não descarta novas prisões.

A investigação desse esquema de corrupção na PDVSA começou há um ano. El Aissami renunciou e desapareceu da vida pública até ser preso, em 9 de abril.

Desde 2017, o Ministério Público soma mais de 30 investigações de corrupção na estatal, pela qual também foram acusados outros três ex-ministros do Petróleo: Nelson Martínez, que morreu quando estava detido; Eulogio Del Pino, detido; e Rafael Ramírez, que fugiu para a Itália.

ba/jt/erc/mel/rpr/am/lb/fp

© Agence France-Presse

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