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Chuvas, tornado e tremores: por que o RS sofre com tantos fenômenos?

Pessoa anda de guarda-chuva por rua inundada no centro histórico de Porto Alegre (RS) - Anselmo Cunha/AFP
Pessoa anda de guarda-chuva por rua inundada no centro histórico de Porto Alegre (RS) Imagem: Anselmo Cunha/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

16/05/2024 04h00

O Rio Grande do Sul já soma mais de 140 mortes após fortes chuvas que atingiram praticamente todo o estado, deixando várias cidades alagadas.

O problema é que junto com as precipitações também foram registrados outros fenômenos, como tornados, uma onda de frio e até tremores em algumas regiões.

Existe correlação entre esses fenômenos?

Não dá para afirmar com certeza que todos têm relação, mas as fortes chuvas e a formação de tornado, sim. O "culpado" disso foi o bloqueio atmosférico (quando um obstáculo bloqueia o fluxo normal do vento) na região do estado do Rio Grande do Sul, que ocorreu entre 22 de abril e só enfraqueceu nesta terça-feira (14), segundo a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo.

Fortes chuvas

De acordo com a meteorologista, o comum é que as frentes frias passem pelo Sul do Brasil e cheguem até o Sudeste. Não foi o que aconteceu dessa vez num primeiro momento.

"As frentes frias chegaram ao Rio Grande do Sul e ficaram paradas lá, sem avançar para outros estados. As ondas de calor no Sudeste, por exemplo, também foram causadas por um bloqueio desses", explica

Durante o bloqueio no Rio Grande do Sul, várias frentes frias e várias áreas de nuvens carregadas foram passando pelo estado, causando grande volume de chuvas. Isso começou a acabar na segunda-feira (13), fazendo com que São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul tivessem uma queda de temperatura.

Tornado

No sábado (11), foi registrado um tornado na zona rural do município de Gentil. O bloqueio atmosférico em si não causa o fenômeno diretamente, mas cria condições. No caso, houve redirecionamento do fluxo de ar úmido e quente para uma região, o que causou uma zona de instabilidade atmosférica. Como resultado, formou-se um redemoinho.

Segundo a Metsul, o tornado era de baixa intensidade, entre F0 e F1, capaz de causar danos não catastróficos. Foi algo localizado e sem maiores consequências.

Tremores

Na madrugada de segunda (13), foram registrados quatro tremores na Serra Gaúcha, especificamente nos municípios de Caxias do Sul, Pinto Bandeira e Bento Gonçalves.

Considerados fracos, com magnitude entre 2,3 e 2,4 na escala Richter, os tremores assustaram a população, mas não chegaram a causar estragos. Nos últimos anos, a região da Serra Gaúcha registrou 27 sismos, segundo a Rede Sismográfica Brasileira.

Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da USP e da RSB (Rede Sismográfica Brasileira), disse que não dá para ter certeza de que os tremores foram causados pela chuva. "Em geral, seriam necessários alguns meses depois das chuvas para tremores desse tipo ocorrerem, mas não se pode descartar essa possibilidade", afirmou em comunicado da RSB.

Pegorim, da Climatempo, cita a quantidade de chuva para embasar a hipótese de que pode ter sido o alto volume de água. "Em Fontoura Xavier (RS), na Serra Gaúcha, houve um acúmulo de 940 mm de chuva. Isso significa metade da média normal de chuva para um ano inteiro. Então, os tremores provavelmente foram causados pelo volume excepcional de água em pouco tempo, causando movimentação em falhas geológicas", disse.

Onda de frio

A onda de frio após as fortes chuvas tem origem polar, forte o suficiente para vencer a alta pressão de massa quente. Ela começou nesta segunda-feira (13), causando queda de temperatura no estado, e deve se estender até a madrugada de quinta-feira (16). No interior do Rio Grande do Sul, as temperaturas chegam perto de 1ºC, enquanto em Porto Alegre a mínima pode ficar na casa dos 8ºC.

Este fenômeno não tem relação direta com o bloqueio atmosférico que afetou o Rio Grande do Sul. Inclusive, é algo comum que ocorra em maio.

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