'Sangorians', os milicianos que combatem os talibãs no Afeganistão
Lashkar Gah, Afeganistão, 18 Jun 2021 (AFP) - Os membros dessa milícia são chamados de "sangorians" e lutam no Afeganistão, como soldados do governo, contra os talibãs, com quem dividem a vestimenta e também a brutalidade.
A Sangorian da região de Helmand - o nome vem de uma popular série de televisão turca que narra as façanhas de um exército secreto - foi criada em 2015 por Abdul Jabar Qahraman, um político e comandante do Exército morto três anos depois pelo Talibã em uma explosão.
A imprensa local informa que os sangorians foram treinados pelos serviços de Inteligência afegãos e por forças estrangeiras, que estão acelerando sua retirada do país antes de 11 de setembro.
De acordo com a Jamestown Foundation, um think tank americano conservador, a milícia tinha como objetivo se infiltrar nas fileiras dos talibãs para interromper suas ações.
"Lutamos dia e noite", assegura à AFP Ahmand Jan, um sangorian de turbante e barba comprida, em Lashkar Gah, capital da província de Helmand.
"Não descansamos, às vezes por horas. Essa é a nossa vida", acrescenta, apontando para as posições do Talibã, todas próximas, que o homem examina constantemente de seu posto de observação.
O Afeganistão tem uma longa história de milícias lutando a favor e contra as autoridades, às vezes mudando de campo de acordo com as circunstâncias, mas nunca entrando para o Exército nacional.
- Deserções -As tropas afegãs lutam há meses para conter as ofensivas do Talibã, que aproveitam a retirada das tropas americanas para ganhar terreno.
Os sangorians se somam a esses esforços. A mídia afirma que o Talibã os detesta, porque alguns desses milicianos desertaram de suas fileiras e também porque eles usam os mesmos métodos brutais.
Os confrontos entre os sangorians e os talibãs são especialmente "violentos e impiedosos", segundo a Jamestown Foundation.
"Consequentemente, o Talibã exerce extrema violência contra os sangorians. Eles torturam brutalmente aqueles que fazem prisioneiros, ou os matam", dizem os pesquisadores, que estimam que a milícia tenha entre 500 e 1.000 combatentes.
Alguns dos sangorians perderam companheiros e familiares no passado, tornando sua luta pessoal.
"Perdi meu filho, meu irmão e três primos", enumera Ezatulá Mama, comandante que lidera 25 homens.
Há cinco anos, o Talibã entrou em Lashkar Gah e em seu bairro: "Começamos a resistir, tive que lutar contra o Talibã", lembra ele.
Assim como os outros sangorians, esse combatente jurou defender a cidade contra os insurgentes, que ele considera estrangeiros.
Ataullah Afghan, membro do conselho provincial de Helmand, confirma o papel que os sangorians desempenham na proteção da região.
"Pedimos ao governo que encoraje as pessoas a se juntarem aos sangorians para defender a província", insiste.
str-emh-jds/fox/me/mis/mr/tt
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