Chanceler destaca papel da Nigéria na aproximação Brasil-África
Maior economia africana, com um Produto Interno Bruto (PIB) próximo a US$ 400 bilhões, a Nigéria "tem papel central no processo de engajamento do Brasil com a África" disse nessa terça-feira (10) o chanceler Ernesto Araújo, ao se encontrar com o ministro de Negócios Estrangeiros, Geoffrey Onyeama, em Abuja, capital nigeriana.
Além de Geoffrey Onyeama, Araújo reuniu-se com o vice-presidente da Nigéria, Yemi Osinbajo, e com o presidente da Comissão da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), Jean-Claude Kassi Brou.
A Nigéria foi o terceiro país do roteiro do chanceler brasileiro por países da África Ocidental. Antes, ele esteve em Cabo Verde e Senegal. O próximo destino é Angola. O ministro retorna ao Brasil em 13 de dezembro.
Com os líderes de nações africanas, o diplomata brasileiro destacou que o Brasil busca implementar acordos nas áreas de segurança, defesa, comércio e investimentos.
Com autoridades da Nigéria, Araújo destacou que três pilares fundamentais devem nortear a cooperação Brasil-Nigéria: economia (comércio e investimentos), defesa e segurança, e a valorização das relações humanas.
Green Imperative
No campo econômico, o ministro das Relações Exteriores citou o potencial da cooperação agrícola, com o desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio que assegurem maior produtividade sem colocar em risco o meio ambiente. Ele ressaltou o programa bilateral de desenvolvimento agrícola denominado Green Imperative.
O Green Imperative é uma iniciativa do governo nigeriano, em parceria com o Brasil, que tem por objetivo expandir o setor agroindustrial da Nigéria de maneira sustentável, por meio do desenvolvimento de um plano de negócios integrado que abranja não só o treinamento de mão de obra, mas também a introdução de racionalidade financeira e o aumento da produtividade por meio da mecanização do campo.
Com duração prevista de 10 anos e um orçamento de US$ 1 bilhão, o Green Imperative foi estruturado pela Fundação Getulio Vargas. O projeto contará também com o apoio financeiro do Deutsche Bank e garantias do Banco Islâmico.
Combate ao terrorismo
Sobre defesa e segurança, Araújo lembrou os desafios que os dois países têm para combater o terrorismo e os ilícitos transnacionais no Atlântico Sul.
Lembrou ainda a realização do 1º Seminário sobre Indústrias de Defesa, que se realizou ontem na embaixada do Brasil em Abuja, com a presença das principais empresas brasileiras no setor.
No campo da cultura e das relações humanas, o chanceler brasileiro mencionou a criação do espaço Guimarães Rosa na embaixada brasileira na Nigéria. Enfatizou a necessidade de mais ligações de transportes entre os dois países, como meio de gerar "mais negócios e mais ideias".
Reforma da ONU
Os ministros Araújo e Onyeama também concordaram no empenho que o Brasil e a Nigéria devem ter para promover uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e do sistema de organismos internacionais, em seus mais variados aspectos (econômico, político, ambiental, etc.), de modo a permitir respostas às questões prementes do mundo contemporâneo.
Ernesto Araújo concluiu que os dois países têm no horizonte uma agenda vasta e desafiadora. O chanceler expressou o desejo de que haja mais caminhos para a reunião da Parceria Estratégica Brasil-Nigéria, entre os vice-presidentes dos dois países, marcada para março próximo em Abuja.
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