Jovens se mobilizam contra aquecimento global
Nova York, 20 Set 2019 (AFP) - Centenas de milhares de estudantes participaram nesta sexta-feira (20) de um dia de manifestações em todo o planeta, na maior mobilização da História para conscientizar os adultos sobre a importância de agir contra as mudanças climáticas.
Ao menos quatro milhões de estudantes de grandes cidades como Sydney, Manila, Mumbai, Seul, Bruxelas, Rio, São Francisco, Los Angeles e Nova York responderam à convocação da jovem ativista sueca Greta Thunberg a não comparecerem às aulas nesta greve escolar simbólica.
No Brasil, milhares de pessoas, especialmente estudantes e professores, protestaram em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília.
Ao menos 2 mil pessoas participaram do protesto em São Paulo, que criticou o presidente Jair Bolsonaro, no centro da polêmica pelo alarmante aumento dos incêndios na Amazônia.
Os manifestantes exibiram um grande boneco do presidente com um nariz de Pinóquio e cartazes que diziam: "Queima o Bozo (Bolsonaro), não a mata".
- Ponto de inflexão -Thunberg ficou encantada de que seu movimento "Fridays for Future", que lançou sozinha no ano passado ante o parlamento sueco para exigir ações dos governantes para reduzir o aquecimento do planeta, tenha convocado milhões de pessoas.
"As cifras são incríveis, quando você vê as imagens, é difícil de acreditar", disse a ativista nesta sexta à AFP em Nova York, antes de uma passeata que reuniu 250 mil pessoas.
"Espero que seja um ponto de inflexão para a sociedade, que mostre quantas pessoas estão envolvidas, quantas pessoas estão pressionando os líderes, especialmente antes da cúpula climática da ONU", acrescentou.
As mobilizações desta sexta preparam o caminho para uma semana de eventos destinados a lutar contra o aquecimento global em Nova York, onde as Nações Unidas acolhe neste fim de semana a primeira cúpula de jovens pelo clima da organização e na segunda-feira uma cúpula sobre o clima com uma centena de líderes mundiais.
"O clima afeta nosso futuro", disse Sarah Whitney, de 17 anos, na manifestação que começou no sul de Manhattan, em Foley Square, e que terminará em Battery Park. Os líderes devem entender que "o tempo está acabando e é preciso mudar agora, porque em breve não haverá mais volta atrás e não teremos um futuro", disse a estudante nova-iorquina, que chegou ao protesto com várias amigas.
Artemisa Barbosa Ribeiro, uma líder indígena brasileira de 19 anos que participa do protesto em Nova York, lamentou que o governo de Jair Bolsonaro, cético das mudanças climáticas e que eliminou várias proteções ambientais, "esteja matando a floresta".
"Os jovens protestando aqui hoje estão ajudando o planeta, e especialmente a nós, os indígenas, que estamos na primeira linha de luta", disse à AFP a jovem, da etnia xakriabá, de Minas Gerais, com o rosto pintado e um cocar de penas coloridas.
Os estudantes de Vanuatu, nas Ilhas Salomão, foram os primeiros a sair às ruas.
Em Tóquio, quase 3.000 pessoas protestaram de maneira pacífica. "O que nós queremos? Justiça climática! Quando queremos? Agora!", gritaram os participantes.
Na Indonésia, milhares de pessoas aderiram à convocação. O país é palco de incêndios florestais, que provocaram uma grande nuvem de fumaça tóxica nos últimos dias.
Na África do Sul, 500 pessoas protestaram em Johannesburgo.
- "Estamos em apuros" -Na Europa, 15.000 pessoas compareceram a uma manifestação em Bruxelas, enquanto na Alemanha, onde os ecologistas têm um forte peso eleitoral, ativistas bloquearam o trânsito no centro de Frankfurt. Em Berlim, o principal evento começou no emblemático Portão de Brandeburgo.
Houve milhares no Reino Unido, e em Paris se manifestaram pouco menos de 10.000 pessoas. Jeannette, de 12 anos, estava acompanhada do pai, Fabrice. "É meu aniversário e pedi para vir. A situação me deixa triste. Estamos em apuros e estamos fazendo tudo errado", disse.
As manifestações também foram importantes em Nova Délhi, Mumbai e Manila. "Muita gente aqui já sente os efeitos do aquecimento do planeta", indicaram os manifestantes, citando como exemplo os tufões.
Várias empresas encorajaram os jovens a participar dos protestos e disseram que farão sua parte. O máximo responsável da Amazon, Jeff Bezos, se comprometeu a atingir a neutralidade de carbono até 2040, e chamou outras pessoas a fazerem o mesmo.
A chanceler alemã, Angela Merkel, prometeu ao menos 100 bilhões de euros para 2030 visando enfrentar as emissões nos setores energético e industrial, promover os automóveis elétricos e incentivar o uso do trem no lugar do avião.
Na próxima segunda-feira (23), o secretário-geral da ONU, António Guterres, preside uma reunião de emergência, na qual pretende solicitar aos líderes mundiais que fortaleçam e ampliem os compromissos adotados em 2015 no Acordo de Paris.
De acordo com as últimas estimativas publicadas pela ONU, para se ter alguma chance de conter o aquecimento global em 1,5ºC acima da temperatura média do século XIX, o mundo teria de zerar as emissões de carbono até 2050.
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