Oposição sudanesa suspende negociações com junta militar
Cartum, 21 abr (EFE).- A oposição sudanesa anunciou neste domingo que suspendeu as negociações com a junta militar que dirige o país desde que derrubou o presidente Omar al Bashir no último dia 11 e afirmou que entrará em um confronto direto com os militares por seus contatos com figuras próximas ao ex-chefe de Estado.
O porta-voz da Associação de Profissionais Sudaneses, que reúne sindicatos opositores e que liderou o movimento de protesto contra Bashir, disse em uma entrevista coletiva em Cartum que os grupos e partidos da oposição decidiram suspender as negociações e "entrar em um confronto com a junta militar e continuar com os protestos".
Mohamad al Amin disse que a coalizão de grupos e partidos opositores Forças da Liberdade e da Mudança "vai anunciar nos próximos dias os nomes de um Conselho Presidencial e um governo civil transitório", sem esperar a resposta dos militares, que estão estudando as propostas das forças políticas sobre a etapa transitória.
A decisão se deu depois que o Conselho Militar Transitório informou ontem à noite à oposição que está estudando suas ideias, junto a outras cem propostas que foram apresentadas por outras forças políticas, entre as quais estariam grupos e figuras vinculadas a Bashir.
Os militares "querem reproduzir o regime de Bashir, não vamos permitir", afirmou Amin.
Além disso, o porta-voz disse que as forças opositoras vão "impor com a força das ruas e a força revolucionária" sua proposta de instituições para governar o país após o poder ter sido tomado pelos militares, que afirmam que o entregarão a uma autoridade civil em um prazo máximo de dois anos.
Por sua vez, o porta-voz da junta militar, Shamsaldin al Kabashi, disse hoje que as propostas de todas as forças estão sendo estudadas, que "há muitos pontos comuns entre as partes" e que a expectativa é "superar os pontos de desacordo".
Além disso, afirmou que nenhuma força política será excluída do atual processo de diálogo porque isso "era uma caraterística do regime anterior".
A oposição e a junta militar deram início às conversas na semana passada e os generais convidaram posteriormente todas as forças políticas do país para se somarem a elas, embora tenham dito que o partido do governo anterior não tinha sido convidado. EFE
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