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Agibank traça estratégia para abandonar imagem de 'financeira'

Aline Bronzati

São Paulo

15/05/2021 08h53

Com metade dos R$ 400 milhões do aporte da Vinci Partners em mãos, o banco gaúcho Agibank quer acelerar o crescimento e abandonar de vez o chapéu de financeira. A meta é ser maior no crédito, com um modelo diferente daqueles de juros e calotes elevados, e atingir a marca de 35 milhões de clientes em seis anos. O público-alvo são clientes com pouco ou nenhum nível de bancarização, de acordo com o diretor financeiro da instituição, Thiago Souza.

Alguns sinais já foram vistos no primeiro trimestre, quando foi concluído o negócio com a Vinci, gestora de Gilberto Sayão. A carteira de crédito do Agibank cresceu 47,6% em um ano, para R$ 2,6 bilhões. Com 2,9 milhões de clientes, emprestou mais de R$ 1 bilhão nos três primeiros meses de 2021.

O lucro líquido, por sua vez, teve um avanço de 58,9% de janeiro a março frente a um ano antes, para R$ 22,6 milhões. Esse ritmo de expansão, contudo, tende a desacelerar nos próximos trimestres. Segundo Souza, o Agibank terá de sacrificar seus resultados para crescer, a exemplo do que se vê na arena de bancos digitais e fintechs.

"O banco se preparou no primeiro trimestre, fazendo seu dever de casa. Agora, o foco é acelerar o crescimento do número de contas. Toda vez que você cresce, machuca resultados", diz o diretor, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. Em 2020, o lucro líquido foi de R$ 104,7 milhões.

O foco principal é a ampliação da presença física. Com 750 lojas, como chama as suas agências, a meta é alcançar 2 mil unidades em cinco anos. Serão mil pontos ao fim de 2021. Souza diz que é uma agência diferente das tradicionais. "Não tem porta giratória, segurança armado. É um modelo menor, com custo baixo e break-even (ponto de equilíbrio) rápido", afirma.

O formato simplificado tem o objetivo de dar apoio ao cliente para que, depois, ele consiga se virar sozinho. Além disso, a ampliação da rede também mira atender os correntistas que vieram com a vitória do leilão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para responder por pagamentos de beneficiários entre 2020 e 2024. Nesse sentido, o alvo são as regiões Norte, Nordeste, principalmente Maranhão, além de São Paulo, e Rio Grande do Sul.

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Uma prévia do apetite regional é a nova sede do Agibank, em Campinas, São Paulo. O banco nasceu como uma financeira, em 1999, no Rio Grande do Sul. Agora, quer deixar esse chapéu no passado e crescer como um banco de relacionamento, com pegada digital e também presença física. É o chamado omnichannel, que combina diferentes canais, ao gosto do freguês.

O Agibank mira um público desbancarizado que precisa de orientação para se adaptar à era digital. A maioria de seus correntistas tem mais de 50 anos e renda mensal acima de R$ 5 mil.

Dos cerca de 3 milhões de clientes, metade são ativos, ou seja, geram alguma receita para o banco. Para manter essa proporção e aumentá-la, o Agibank estabeleceu quatro linhas de atuação: crédito, seguros, investimentos e um marketplace. A meta não é parar nesses, mas os planos são mantidos em sigilo.

O cheque da Vinci também deve dar um impulso em fusões e aquisições. O Agibank monitora ativos das áreas de tecnologia, conteúdo e investimentos. Metade dos recursos do aporte já foram investidos, e os outros R$ 200 milhões virão ao longo deste ano, dando fôlego para o banco crescer e comprar. "O Agibank caminha para um modelo de plataforma, que, no fim do dia, requer audiência e tecnologia", resume Souza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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