Moscou acusa Washington de fomentar 'revolução' na Moldávia
Moscou, 20 Out 2020 (AFP) - A Inteligência russa acusou os Estados Unidos, nesta terça-feira (20), de quererem fomentar uma revolução por ocasião da eleição presidencial de 1º de novembro na Moldávia, seguindo o modelo de Belarus e do Quirguistão, países que vivem abalados por movimentos de protesto.
"Os Estados Unidos continuam a interferir sem restrições nos assuntos internos dos países amigos de Moscou (...), hoje vemos que os americanos orquestram um cenário revolucionário para a Moldávia em novembro", denunciou em um comunicado o diretor da Inteligência estrangeira russa (SVR), Serguei Naryshkin.
A eleição presidencial na Moldávia tem como principais candidatos o presidente em exercício, Igor Dodon, considerado pró-russo, e o ex-primeiro-ministro Maia Sandu, mais pró-europeu.
Esses dois campos se alternaram no poder nos últimos anos, e grandes protestos pós-eleitorais aconteceram no país no passado.
Naryshkin acusa o Departamento de Estado dos EUA de incentivar a oposição a Dodon para organizar "ações de protesto em massa" após a eleição, enquanto a embaixada americana seria culpada de pedir às forças de segurança que não intervenham em caso de manifestações.
Em seu comunicado à imprensa, a Inteligência russa observa que os Estados Unidos já tentaram "influenciar grosseiramente a situação pós-eleitoral em Belarus e no Quirguistão" este ano.
O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, enfrenta um movimento de protesto sem precedentes desde as eleições de 9 de agosto, em meio a acusações de fraude e à violenta repressão da oposição.
De acordo com Minsk e Moscou, o Ocidente está por trás do movimento de contestação.
Manifestações pontuadas por violência acabaram por forçar a renúncia do presidente pró-russo do Quirguistão, Sooronbai Jeenbekov, após eleições legislativas desacreditadas pela compra de votos.
Este último não acusou as forças estrangeiras de estarem por trás de sua queda e deu lugar a um político nacionalista, Sadyr Japarov.
Este antigo espaço soviético viveu uma série de revoltas em grande escala, revoluções, ou movimentos de protesto após eleições consideradas fraudulentas e favorecendo regimes autoritários, ou corruptos: Geórgia (2003), Ucrânia (2004-2005 e 2014), Quirguistão (2005, 2010, 2020), Moldávia (2009), Armênia (2008, 2018) e Belarus (2020).
Moscou apelidou esses levantes de "revoluções coloridas" e, sistematicamente, vê neles a mão do Ocidente, que tentaria desestabilizar o que a Rússia considera sua área de influência.
alf/tbm/ial/mr/tt
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