A polêmica na deportação de imigrantes brasileiros ilegais dos Estados Unidos é apenas a ponta do iceberg dos problemas que o governo federal terá para lidar com Donald Trump pelos próximos anos, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (27).
Brasileiros deportados dos EUA, que desembarcaram no aeroporto de Confins (MG) no sábado (25), afirmaram que foram agredidos por agentes norte-americanos durante o voo. A Colômbia também protagonizou um conflito público com os EUA. Os países latino-americanos convocaram uma reunião urgente em meio à crise migratória com Trump.
Nesta reunião com o chanceler Mauro Vieira, Lula precisa esboçar uma estratégia que vá além dessa discussão sobre as deportações. É evidente que elas são relevantes e o Brasil precisa se ocupar delas, assegurando que brasileiros não sejam maltratados.
Houve um acerto firmado durante a gestão de Michel Temer. A primeira coisa a se fazer é jogá-lo na vitrine. Isso das algemas desrespeita esse tratado? Por que a algema e a sua utilização indiscriminada? Todo mundo oferece risco em um voo com mais de 80 pessoas? O argumento não é razoável.
O governo precisa tratar disso, mas não só disso. A questão migratória foi a estratégia que Trump usou para dizer a que veio. Na velocidade da luz, ele fez o que disse que faria nessa área de fechamento da fronteira dos EUA. Isso é só uma simbologia. Ele está acenando sobretudo para seu eleitor mais fiel. O que está por vir é muito mais grave. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias ressaltou que a resposta mais adequada do governo brasileiro a Trump seria deixar claro que o Brasil tem condições de resistir às ameaças e às possíveis sanções, fortalecendo seus laços com parceiros comerciais importantes como a China e a Europa.
Dentro da sua teoria de que é preciso 'fazer a América grande de novo', Trump vai impor sanções tarifárias e azucrinar países como o Brasil no ano em que preside o Brics. Ele cria problemas para negociar na sequência. Foi o que fez com a Colômbia.
É uma crise artificializada, transformada pelo Trump em algo pirotécnico para mostrar à América Latina e a países como o Brasil, sobretudo, que ele pode causar problemas. O Brasil precisa construir uma estratégia que vá além do problema migratório, sem negligenciar o tratamento aos deportados, que deve ser civilizado.
Essa é só parte do problema. O resto dele está em arrumar um plano que mostre ao Trump e aos Estados Unidos que o Brasil pode construir alternativas comerciais a esse relacionamento com os EUA. Por meio do Mercosul, é possível construir pontes, como a que está fazendo com a Comunidade Europeia, e intensificar seus negócios com a China.
Trata-se de informar ao Trump que, se ele quiser problemas, o Brasil pode transformá-los em alternativas de solução e oportunidades. Josias de Souza, colunista do UOL
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