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Como é tecnologia a laser rejeitada por Musk que já equipa carros no Brasil

Sistema Lidar utiliza lasers para criar mapa 3D do ambiente em torno de veículos com condução semiautônoma - Reprodução
Sistema Lidar utiliza lasers para criar mapa 3D do ambiente em torno de veículos com condução semiautônoma Imagem: Reprodução
do UOL

Eduardo Passos

Colaboração para o UOL

23/04/2025 08h00

Quando o assunto é carro autônomo, muitos têm a Tesla como o exemplo que vem à cabeça.

De fato, a empresa de Elon Musk foi a grande pioneira na automação veicular em massa, mas, hoje em dia, está longe de ser a montadora mais avançada no assunto.

Um sistema denominado Lidar, que começa a chegar a automóveis vendidos no Brasil como Volvo EX90 e, em breve, Leapmotor C10, foi rejeitada no passado por Elon Musk, o chefão da Tesla - que, por economia de custos, decidiu não utilizá-la nos carros da fabricante californiana de carros elétricos.

Lidar é a abreviação da expressão em inglês que significa "detecção e medição por luz".

A tecnologia, conhecida como "radar a laser", é facilmente reconhecida em veículos que trazem uma saliência no teto, logo acima do para-brisa, que traz o sistema embutido. Em linhas gerais, o funcionamento do Lidar segue a mesma lógica do radar convencional, baseado em ondas de rádio, para criar um mapa do entorno do automóvel - permitindo que ele desvie de obstáculos e rode em modo semiautônomo.

O aparelho dispara centenas de milhares de flashes de luz laser infravermelha por segundo, que são refletidos de volta ao aparelho e ajudam a gerar um mapa 3D do ambiente.

Com o uso do Lidar, veículos das marcas citadas, mais montadoras do porte de Mercedes-Benz e BMW, já contam com automação de nível 3 - enquanto os carros da Tesla ainda são classificados no nível 2+, inferior - segundo classificação da SAE (Sociedade dos Engenheiros Automotivos).

Pode dirigir sem as mãos?

Para garantir maior confiabilidade, as informações do mapa 3D são cruzadas com dados captados por câmeras e radares instalados no veículo.

Vale destacar que, para um carro ser homologado para rodar em vias publicas com a tecnologia de nível 3, é preciso que as leis de trânsito locais permitam esse patamar de automação.

Nesse estágio de "piloto automático", o motorista pode, nos locais onde a tecnologia já é permitida, utilizar o celular ou ler um livro enquanto o carro navega - hoje em dia, somente em algumas localidades nos EUA, na China e na Alemanha há carros do tipo à venda.

Todos eles utilizam o Lidar, contrariando declarações de Elon Musk no passado.

Há alguns anos, o CEO da Tesla já disse que o uso do Lidar seria caro e desnecessário.

"Na minha opinião, o Lidar é uma muleta. Talvez eu esteja errado e irei parecer um bobo no futuro. Mas tenho certeza de que não estou", disse em uma reunião de acionistas em 2018.

Para entregar um sistema de condução semiautônoma sem o mecanismo, a Tesla vem optando por um arranjo de redes neurais: nesse esquema, praticamente todos os movimentos que os donos de carros da marca fazem ao volante são usados para treinar uma inteligência artificial que faz a correlação entre imagens das câmeras e movimento do condutor para tentar aprender a "enxergar" como humanos, explica a marca.

O problema, apontam diferentes órgãos de estudo, está no que os olhos não veem. Isso porque os feixes de luz invisível têm precisão muito maior e funcionam mesmo à noite, ao contrário das câmeras. Não à toa, uma pesquisa da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, concluiu que, sem o Lidar, é improvável que tenhamos carros 100% autônomos com uma taxa aceitável de erros.

O youtuber norte-americano e ex-engenheiro da Nasa Mark Rober exemplificou essas sutilezas ao chocar um Tesla sob piloto automático contra uma paisagem falsa, ao passo que um carro de referência, com Lidar, parou perfeitamente ante o obstáculo fictício.

Atualmente, estima-se que a instalação do equipamento aumente o custo de produção de um carro em até US$ 2 mil e a tendência é de os custos baixarem, à medida que o Lidar for ganhando escala e popularidade.

Por questão de legislação de trânsito, carros com Lidar à venda no Brasil ainda não oferecem a citada automação de nível 3 - mas, no caso do EX90, pelo menos, o recurso poderá ser ativado remotamente, quando seu uso for autorizado aqui.

No fim das contas, até Elon Musk parece ter mudado de ideia: um relatório financeiro da Luminar (uma das maiores fabricantes de Lidar do mundo) revelou que, em 2024, mais de 10% do seu faturamento veio da Tesla.

Segundo análise da consultoria CDO Trends, os equipamentos vêm sendo utilizados para treinar a inteligência artificial do Robotaxi, o carro 100% autônomo que é a próxima aposta da montadora norte-americana, mas ainda não é produzido em série.

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