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Como o fim de um terminal rodoviário deu início à 'cracolândia' em SP

Centro em São Paulo em 1962 - Diário da Noite/Divulgação
Centro em São Paulo em 1962 Imagem: Diário da Noite/Divulgação
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Do UOL, em São Paulo

18/01/2025 05h30Atualizada em 18/01/2025 10h43

Recentemente, a prefeitura de São Paulo construiu um muro para cercar um aglomerado de usuários de drogas, mas negou que tenha feito um confinamento. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que a obra apenas substituiu tapumes que estavam lá há mais de um ano. Um dos problemas mais difíceis de solucionar no Brasil, a 'cracolândia' é um dos principais pontos de cenas abertas de uso de droga na capital paulista, e surgiu após a inauguração de uma rodoviária, há mais de 40 anos.

Como surgiu a cracolândia

O problema começou na década de 1980, durante o governo do Paulo Maluf. A inauguração do Rodoviária do Tietê causou a desativação do Terminal da Luz, e consequentemente um esvaziamento da região central da cidade. Comércios viram queda de faturamento e os hotéis abaixaram seus preços para não ficarem vazios.

Preço menor e pouco movimento atraíram o crime. O cenário se tornou favorável ao tráfico e a prostituição, espantando ainda mais a classe média que costumava frequentar a região.

Região da cracolândia, em São Paulo - AFP - AFP
Região da cracolândia, em São Paulo
Imagem: AFP

Primeira apreensão de crack na cidade aconteceu em 1990. Um rapaz em São Matheus foi preso com 220 gramas da droga. Por ser barata, rapidamente ela se popularizou na região central, que já recebia usuários de entorpecentes. Até então, a cola de sapateiro era a mais utilizada.

A forma como o crack afeta o corpo pode ser um dos motivos pela aglomeração das pessoas. Seu efeito é rápido, mas também passa rápido. O que faz com que os usuários queiram sempre estar perto dos traficantes.

Cracolândia em 1996 - Julia Vilela/FolhaPress - Julia Vilela/FolhaPress
Cracolândia em 1996
Imagem: Julia Vilela/FolhaPress

O termo 'cracolândia' foi usado pela primeira vez em 1995. Foi uma reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" que descreveu a região da Santa Ifigênia desta maneira. "As ruas do bairro da Santa Ifigênia conhecidas como Cracolândia continuam sendo percorridas pelos policiais. Os antigos casarões vêm sendo usados por traficantes para preparar pedras de crack", dizia um trecho da reportagem sobre a prisão de traficantes após a inauguração da Delegacia de Repressão ao Crack em São Paulo.

O baixo movimento de pessoas desvalorizou a região e atraiu quem não tem para onde ir. A prefeitura, com o passar dos anos, tentou outras ações para atrair a classe média para o centro, como a inauguração do Museu da Língua Portuguesa e da Sala São Paulo, mas foi sem sucesso.

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