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Ucrânia: americanos, europeus, russos e ucranianos se reúnem em Londres para discutir conflito

23/04/2025 05h29

Americanos, ucranianos e europeus se reúnem nesta quarta-feira (23) em Londres para uma nova rodada de negociações com o objetivo de tentar encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia, onde os ataques aéreos russos foram retomados após uma breve trégua de Páscoa.

Nove pessoas morreram em um ataque de drone russo contra um ônibus em Marganets, no sudeste da Ucrânia, anunciou nesta quarta-feira o governador da região de Dnipropetrovsk. Durante a noite, incêndios foram registrados em várias regiões ucranianas em decorrência de ataques russos.

As discussões em Londres dão sequência às realizadas na semana passada em Paris.

"As conversas continuam em ritmo acelerado", declarou o ministro britânico das Relações Exteriores, David Lammy, na rede X (antigo Twitter), na noite de terça-feira (22), após uma ligação "produtiva" com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. "Este é um momento crucial para a Ucrânia, para o Reino Unido e para a segurança euro-atlântica", acrescentou Lammy.

Rubio não estará presente na reunião. Sua ida nunca foi oficialmente confirmada, mas como ele havia dito na semana passada em Paris que iria a Londres se julgasse necessário, sua ausência indica que desistiu da viagem por falta de progresso nas negociações.

Kiev será representada pelo chefe da administração presidencial, Andriï Iermak, pelo chefe da diplomacia, Andriï Sybiga, e pelo ministro da Defesa, Roustem Oumerov, segundo a imprensa ucraniana.

Do lado americano, o enviado especial para a Ucrânia, general Keith Kellogg, participará das discussões. A França estará representada por Emmanuel Bonne, conselheiro diplomático do presidente Emmanuel Macron.

Um acordo "nesta semana"

Na terça-feira, o Kremlin alertou contra qualquer precipitação nas discussões que buscam um cessar-fogo após mais de três anos de invasão russa.

O presidente americano, Donald Trump, que deseja acabar rapidamente com uma guerra que qualifica de "terrível e insensata", declarou no domingo que espera um acordo "nesta semana" entre Moscou e Kiev, sem revelar os detalhes dessa proposta hipotética.

Enquanto isso, o enviado americano Steve Witkoff planeja uma viagem a Moscou ainda esta semana, informaram a Casa Branca e o Kremlin, sem especificar a data.

Segundo o Financial Times, o presidente russo, Vladimir Putin, propôs a Witkoff, no início de abril, interromper a invasão e congelar a linha de frente atual caso os Estados Unidos atendam às exigências principais de Moscou ? como o reconhecimento da soberania da Rússia sobre a península da Crimeia, anexada em 2014, e a garantia de que a Ucrânia não aderirá à OTAN.

"Várias informações falsas estão sendo divulgadas neste momento", reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias Ria Novosti.

Kiev e seus aliados europeus exigem o retorno completo da Ucrânia às suas fronteiras anteriores a 2014 ? uma posição que o ministro americano da Defesa, Pete Hegseth, classificou em fevereiro como "irrealista".

Atualmente, Washington conduz negociações separadas com Kiev e Moscou. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou na terça-feira que seu país só está disposto a dialogar diretamente com a Rússia após a entrada em vigor de um cessar-fogo. Vladimir Putin havia mencionado, no dia anterior, a possível retomada dessas conversas.

Zelensky também afirmou que "gostaria" de se encontrar com Donald Trump no sábado, no Vaticano, onde ambos estarão presentes para o funeral do papa Francisco.

"Operação de marketing"

Na semana passada, os chefes da diplomacia da Ucrânia, Estados Unidos, França, Reino Unido e um alto conselheiro alemão reuniram-se em Paris ? um encontro inédito nesse formato ? para tentar avançar juntos, em meio ao impasse nas negociações por um cessar-fogo, lideradas por Washington, e à tentativa dos europeus de fortalecer sua posição.

Marco Rubio disse ter apresentado o plano de Washington para encerrar a guerra, mas o encontro não resultou em nenhum avanço importante.

A administração Trump não divulgou publicamente detalhes desse plano, mas segundo a mídia americana, que cita fontes anônimas, ele incluiria uma espécie de reconhecimento do controle russo sobre a Crimeia, anexada em 2014.

Ao final das conversas em Paris, o chefe da diplomacia americana ameaçou retirar os EUA das negociações caso se conclua que a paz "não é possível".

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas declarou na terça-feira que os Estados Unidos ainda não utilizaram "todas as ferramentas" à sua disposição para pressionar a Rússia.

A trégua de Páscoa, decretada por Moscou, mas que não resultou na cessação das hostilidades na Ucrânia, foi uma "operação de marketing" destinada a "evitar que o presidente Trump perdesse a paciência", avaliou na terça-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot.

(com AFP)

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