Bolsa fecha em alta e dólar cai com nota do Brasil e preço do petróleo
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta quarta-feira (02) em alta de 0,77%, com o Ibovespa indo a 133.516 pontos. O mercado repercutiu a nova nota de classificação de risco da Moody's para o Brasil, em meio ao conflito no Oriente Médio — e à nova alta do petróleo.
O dólar terminou o dia em baixa de 0,36%, indo a R$ 5,444. O dólar turismo finalizou o dia a R$ 5,64.
O que aconteceu?
O mercado recebeu com surpresa a nova nota de risco do Brasil, embora a Bolsa tenha reagindo bem. Tanto que, em alguns momentos do pregão, dos 86 papéis do Ibovespa, apenas duas ou três ações não registravam alta.
Dentre as ações mais negociadas hoje, se destacaram Ambev (ABEV3), Bradesco (BBDC4) e Petrobras (PETR3 e PETR4), com as preferenciais PETR4. Ambev, que tem peso de 2,57% no Ibovespa, subiu 1,32%, para R$ 13,78. Bradesco teve alta de 3,65%, indo a R$ 15,21. PETR4 chegou a R$ 37,44, aumentando 1,27%. Todos os dados são preliminares.
Agora, o Brasil está a apenas um degrau do grau de investimento, uma vez que a agência de classificação Moody's melhorou a nota de "Ba2" para "Ba1". A perspectiva positiva foi mantida, o que deixa a porta aberta para a possibilidade de novo upgrade a médio prazo. "O mercado demonstra entusiasmo com a elevação da classificação de risco uma vez que 'rating' reflete o quão seguro é investir em determinado país ou empresa", diz Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital.
A decisão ajuda, mas não muda a percepção de risco fiscal. Foi o que disse Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos. "Estamos numa situação de déficit fiscal num nível que foi observado na recessão econômica do governo Dilma Rousseff. Então, essa nota acaba destoando", afirmou ela.
Mas, na comparação internacional, essa melhora é bem razoável, segundo Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "O Brasil está bem quando a gente compra com outros pares. A verdade é que o mundo todo passa por dificuldades fiscais. A dívida pública mundial já passou de US$ 300 trilhões", afirmou ele.
Desde a pandemia, os países elevaram fortemente os gastos públicos. Isso resultou em déficits muito acima das médias históricas. Os maiores são os dos Estados Unidos e da China.
E existe um impacto positivo no câmbio. "O grau de investimento de um país é um parâmetro de bom pagador de suas obrigações e reflete bons fundamentos econômicos, o que implica, teoricamente, na apreciação da moeda local e queda das taxas de juros", diz Ricardo Martins, economista chefe da Planner Investimentos e presidente executivo da Apimec Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil). "Embora tenha sido inesperada, surpreendente e controversa pelas preocupações de mercado, a melhora da nota traz uma responsabilidade maior ao governo", acrescenta ele.
O mercado, no entanto, tem um pé atrás com agências de risco. "A Faria Lima tem sido cautelosa quanto às agências de classificação de risco desde a crise dos 'subprime' em 2008, quando elas falharam em prever a falência do Lehman Brothers e outras grandes empresas", diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio.
Petróleo
Israel disse nesta quarta que está planejando uma resposta ao ataque do Irã de "surpresa" e com "precisão". Em meio à escalada do conflito, os preços do petróleo continuaram subindo.
Na parte da manhã, o preço do barril chegou a ter mais de 3% de alta. Mas o mercado foi se acalmando. O petróleo WTI fechou em alta de 0,39%, a US$ 70,10 o barril, enquanto o Brent finalizou em alta de 0,46%, a US$ 73,90 o barril.
A alta impulsionou novamente a busca por ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). PETR3 terminou a quarta em alta de 0,97%, indo a R$ 40,71, enquanto PETR4, como já foi citado, chegou a R$ 37,44, aumentando 1,27%, conforme dados preliminares.
As tensões no Oriente Médio estão gerando apreensão global e levaram muitas bolsas internacionais a cair. "Mas aqui o preço do petróleo beneficia ações do setor, como as da Petrobras", diz Júlio Mora, presidente da Choice Investimentos. "Além disso, o 'upgrade' da Moody's aliviou a pressão sobre o dólar e a bolsa brasileira, que se descolou das quedas internacionais", completa ele.
Produção industrial
A produção industrial do Brasil voltou a crescer em agosto e ficou em linha com o esperado. No oitavo mês do ano, a indústria apresentou alta de 0,1% da produção em relação a julho, quando recuou 1,4%, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É uma boa notícia. "Apesar do crescimento relativamente baixo, indicadores antecedentes mostram uma sólida recuperação do setor na reta final do ano", diz André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online:
Nos EUA
O relatório ADP de criação de vagas de setembro mostrou que o emprego privado aumentou em 143 mil. Isso supera a expectativa de geração de 120 mil postos de trabalho. O crescimento salarial continuou a desacelerar, com ganhos diminuindo 4,7% ano a ano, para quem permaneceu no mesmo emprego. O dado colabora para um corte menor da taxa americana.
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